Moeda de níquel 1871 a 1889 – Moedas de Troco – Moeda miúda.
Período do Império D. Pedro II.
A moeda de níquel é uma moeda fiduciária que vale, não pela importância intrínseca da matéria com que é feita, mas pela fé que merece o estado emissor. Periódico O Tempo (RJ) agosto de 1892. O primeiro país a emitir moedas em níquel foi o Estados Unidos, em 1853.
São tidas como moedas de troco, pois atendem o disposto no artigo 9 do Decreto 4820/1871 será dada e recebida até a quantia de 1$000 (mil réis).
Eram intituladas como de “Nickel”, em sua época de circulação, na atualidade são tidas como de cuproníquel, presumo em face de sua composição metálica.
Moedas de 50 rs (Réis) ($50) - cunhagem – 1886 a 1888.
Moedas de 100 rs (Réis) ($100) - cunhagem – 1871 a 1889.
Moedas de 200 rs (Réis) ($200) - cunhagem - 1871 a 1889.
Em 1902 começa o resgate das moedas cunhadas no Império.
No Annaes da Câmara Brasileira RJ, sessão 30/06/1870 no tópico Artigos aditivos, diz no item 4: Fica o governo autorizado a fabricar uma moeda de 50 a 100rs, de 25 partes de cobre e 75 partes de níquel, a última na razão de 15g e a primeira de 8g.
Anteriormente em 1862 foi lembrado o fabrico de moedas em níquel, porem foi deixado de lado pela falta de experiência quanto ao material. O pioneiro na emissão de moedas em níquel, foi os Estados Unidos, em 1853.
No Almanak Adm. Merc. Ind. Do RJ de 1870 se tem o registro de que a Casa da Moeda não teria condições de atender a falta de moeda que imperava no país, portanto buscaram a solução de cunhagem na Bélgica e o fabrico de discos nos Estados Unidos.
O DECRETO Nº 1.817, DE 3 DE SETEMBRO DE 1870 Manda fabricar moedas de troco de um metal composto de níquel e cobre em seu artigo primeiro determina que são de um metal composto de 25 partes de níquel e 75 de cobre. E o parágrafo primeiro intitula que as peças de moeda deste metal serão de 200 Réis, com peso de 15 gramas, 100 Réis, com 10 gramas e de 50 Réis, com 7 gramas. Obedecendo ao Decreto 4820 de 18.11.1870 que descreve as características a serem empregadas ao cunho da moeda, o artigo 8 diz: estas moedas mostrarão no anverso os algarismos representativos de seus valores tendo por baixo a palavra réis e por inscrição as palavras decreto n. 1817 de 3 de setembro de 1870 e no reverso a coroa Império tendo por cima o dístico Imperio do Brazil e por baixo a era do cunho determinando o contorno liso. No artigo 6 deste decreto se reporta a composição e pesos mencionados anteriormente e a composição dos módulos em milímetros, ficando a de 200 Réis com 32mm, a de 100 Réis com 27mm e a de 50 Réis com 22mm.
As moedas cunhadas de 1871 a 1885 apresentam-se sob estas características observando que as letras são em maiúscula tendo a inscrição no anverso separada por uma estrela e no reverso a data de cunho fica entre duas estrelas, borda e fundo liso.
As moedas produzidas a partir de 1886 até 1900 têm no seu anverso o fundo linhado, são cunhadas pela Casa de Moeda do Rio de Janeiro. A partir de 1889 muda as características em face do novo regime estabelecido pela República.
A lei 1837 de 27.09.1870 autoriza a o fabrico das moedas de níquel, e tendo-se constatado que a Casa da Moeda do Brasil, não atenderia a demanda, celebrou-se um contrato em 17.02.1871 com o diretor da casa de moedas em Bruxelas – Bélgica, para o fabrico de 100.000kg em moedas da liga em níquel. O Contrato foi refeito e assinado novamente em setembro do mesmo ano.
Verificado o depósito da Casa de moeda do Brasil a existência de 2.000:000$000, limitaram a cunhagem de moedas de 200 Réis (15g) e 100 Réis (10g), não se registra o momento desta limitação, pois já em março/1872, haviam recebido 9.245 kg que produziram a quantia de 103:011$100 (simplificando 103 milhões de réis ou 103 contos), em 126.277 peças de 200 Réis e 597.557 peças de 100 Réis, ora se contabilizarmos o valor pela quantidade de moedas teremos uma sobra de 18:000$000, que poderiam ser convertidas em 360.000 moedas de 50 Réis, uma vez que o registro de contagem das peças foi sobre as de 200 e 100 Réis. A relação peso vezes peças não foi considerada em virtude da tolerância no peso na peça, mesmo assim há uma sobra em relação a quantidade recebida.
Assim no quadro a seguir tento colocar algumas informações que coletei ( arquivo digital da Biblioteca Nacional), mas com a insegurança de sua correção, tento remeter a interpretação do obtido que muitas vezes se repete em datas subseqüentes, sugerindo a imprecisão da data do fato. Quanto as quantidades de moedas, não sendo as obtidas em catálogos, fica estabelecida a proporção de 60% para moedas de 100 Réis e 40% para as moedas de 200 Réis, seguindo a premissa de moedas de menores valores serem cunhadas em maior quantidade.
Há um desconforto em não se ter uma informação mais precisa, pois, os catálogos existentes, se lançam em catálogos mais antigos, repetindo lacuna e se focando a precificação das moedas. Que mesmo em consulta ao GOV.BR, direcionada aos meios competes e ao objetivo de se ter maiores informes sobre a década de 1870, retornaram indicando o livro de Caffarelli (ótimo livro, que uso como referencia), por não possuírem tais dados, penso que a Casa da Moeda destruiu todos os seus registros antigos, mas me lancei em uma pesquisa nos periódicos da época, onde encontrei muitos registros de produção de moedas fornecido naquela época pela Casa da Moeda, mas por serem em noticiosos não seguem uma sistemática com pormenores, por exemplo, não indicam a era ou a quantidade de peças por valores, na maioria dos casos. Há exemplo, verifica-se no contido no Almanack Administrativo, Mercantil e Industrial do RJ 1844/1885, que o “Thesouro” disponibilizava relatórios do meio circulante. Digo apenas que é lastimável para reconstrução de memórias, o não se ter os documentos disponíveis para interpretação dos fatos. Neste meu enfoque o que vou conseguindo esparsamente, tendo montar algo que traduza a produção de moedas, quantidade, características, documentação pertinente, fatos agregados, mas com o sentimento de imprecisão.
Seguindo, identifica-se neste período dos anos de 1870 a 1890, a escassez de moedas para troco, a emissão de bilhetes e vales, a falsificação de moedas de cobre, o termino da guerra do Paraguai em 1870, com reflexo na emissão de moedas como anota a sessão do Parlamento de março de março de 1877 que registra a emissão de 40:000$000, para pagamento da dívida com a Guerra do Paraguai.
O Catálogo de Hermann Porcher (1642-1935) não menciona as era de 1872, 1873, 1879, 1881, 1885. O Catálogo de Arnaldo Russo de 1987, mão menciona as era de cunho de 1873 para as moedas de 100 rs, e as era de 1872, 1873, 1879, 1881, 1883 e 1885, para as moedas 200 rs cunhadas no período do Império.
O Livro de Caffareli,(2002)não menciona a era de 1873 para as moedas de 100rs, e as era de 1879, 1881 e 1885, para as moedas de 200rs. O catálogo Vieira de 1993, não precifica as moedas de 100rs e 200rs, do ano de 1873, e as de 200rs, do ano de 1879,1881,1883.
O período da circulação em réis em níquel ou cuproníquel ocorre de 1871 a 1942. O cuproNíquel tem sido utilizado ao longo dos anos até 2001, com alternância de moedas em outros metais.
Emissão em valores produção de
valores quantificação
ano |
Emissão –Balanço do Império |
Produção CMB em valor- tabela obtida em um periódico. |
Moedas de 100rs (60/40%) hipótese |
Moedas de 200rs (60/40%) hipótese |
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1871 |
564:607$700 |
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1872 |
434:048$000 |
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1873 |
226:824$000 |
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Deduzido 1.131:472,600 (Bélgica, cunho com a era 1871)) sobra 94:007$100, provável fabrico Casa da Moeda, pois a indícios de fabrico no valor de 13:000$000, bem como indícios de moedas cunhas em 1871, inclusive de 50rs. |
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1874 |
55:622$000 |
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333.732 |
111.244 |
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1875 |
37:000$000 |
128:380$000 – anotação de periódico |
222.000 |
74.000 |
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1876 |
90:240$000 |
(ND) |
541.440 |
180.480 |
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1877 |
110:000$000 |
(ND) |
660.000 |
220.000 |
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1878 Almanck Adm |
373:000$000 |
(ND) |
2.238.000 |
746.000 |
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1879 |
105:000$000 |
(ND) |
630.000 |
210.000 |
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1880 |
107:000$000 |
(ND) |
642.000 |
214.000 |
|
1881 |
122:000$000 |
(ND) |
732.000 |
244.000 |
|
1882 |
174:200$000 |
(ND) |
1.045.200 |
348.000 |
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1883 |
155:000$000 |
(ND) |
930.000 |
310.000 |
|
1884 |
156:000$000 |
(ND) |
936.000 |
312.000 |
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1885 |
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1886 |
385:000$000 |
(ND) |
2,310.000 |
770.000 |
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1887 |
376:000$000 |
(ND) |
2.255.000 |
752.000 |
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1888 |
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1889 |
249:000$000 |
De 1871 ate 1889 – 3.677:762$300 |
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Podemos observar que no ano de 1889 foram cunhadas moedas com cunho de 1889, na quantidade de 862.000 peças para 100rs e 511.462 para peças de 200rs, em um montante de 188:492$600, restando portanto 61:492$000 de cunho anterior |
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Catalogo Caffarelli |
Catalogo Cafarrelli |
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1890 |
157:000$000 |
254:850$000 |
1.597.500 |
475.000 |
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1891 |
584:000$000 |
522:100$000 |
2.488.000 |
1.366.500 |
|
1892 |
783:000$000 |
958:000$000 |
3.606.000 |
2.987.000 |
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Os Catálogos (Panetta, Vieira, Amigo) não contabilizam moedas para o ano de 1890, 1891, 1892, provavelmente pela moeda possuir a era do cunho com data de 1889, porém consta no Livro de Caffareli que Foram cunhadas com a data de 1889: 862.000 no ano de 1889; 1.597.500 no ano de 1890; 2.488.000 no ano de 1891; 3.606.000 no ano de 1892 em moedas de 100rs e, com o valor de 200rs, foram cunhadas com a data de 1889: 511.463 no ano de 1889; 475.500 no ano de 1890; 1.366.500 no ano de 1891; 2.987.000 no ano de 1892 com o cunho de 1889. Que condiz com os valores apresentado na tabela da Casa da Moeda. Exceto as do ano de 1889 que penso ser do Império. |
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1893 |
55:956$000 |
876:000$000 |
3.589.000 |
2.585.500 |
|
1894 |
501:000$000 |
500:400$000 |
1.881.000 |
1.561.500 |
|
1895 |
567:900$000 |
557:400$000 |
2.308.000 |
1.633.000 |
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1896 |
1.035:200$000 |
909:000$000 |
3.390.000 |
2.850.000 |
|
1897 |
371:900$000 |
768:000$000 |
2.875.000 |
2.405.000 |
|
1898 |
1.261:997$600 |
1.153:500$000 |
3.685.000 |
3.925.000 |
|
1899 |
840:000$000 |
843:000$000 |
2.990.000 |
2.723.500 |
|
1900 |
341:000$000 |
30.119:900$000 |
539.000 |
330.000 |
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A informação da Casa da Moeda para o ano de 1900 não condiz com a quantidade de moedas constante em catálogo. Provavelmente um agrupamento até o ano de 1913. |
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1901 |
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Sem registro (SR) |
75.000.000 |
60.000.000 |
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1902 |
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(SR) |
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1903 |
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(SR) |
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1904 |
|
(SR) |
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1905 |
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(SR) |
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RESGATE DAS MOEDAS EM NÍQUEL ANTIGO, cunho níquel do Império. Balanço do Império.
Ano |
Valor do regate |
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1902 |
34:627$000 |
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1904 |
58:400$000 |
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1905 |
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1906 |
154:057$000 |
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1907 |
43:410$000 |
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1908 |
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1909 |
59:334$000 |
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1912 |
100$000 |
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1913 |
5:933$000 |
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Para o ano de 1913 há nota que não circulava mais moedas do Império. |
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1925 registra que foram eliminadas as moedas do Império |
202:814$350 |
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