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terça-feira, 26 de junho de 2012

DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS: Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS:

Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

 

 

 

 

 

 

 

Daniela Görgen dos Reis

Natália Souza Silva

  Rogerio Carlos Petrini de Almeida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porto Alegre

2012


Daniela Görgen dos Reis

Natália Souza Silva

  Rogerio Carlos Petrini de Almeida

 

 

 

 

DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE ACERVOS:

Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

 

 

 

 

 

Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial para avaliação na disciplina BIB03211 – Conservação e Preservação de Bens Culturais – Profª Jeniffer Cuty

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porto Alegre

2012


SUMÁRIO

 

1

INTRODUÇÃO..........................................................................................

4

2

PRESERVAR OU CONSERVAR?.....................................................

7

3

O HISTÓRICO DO MUSEU..................................................................

8

4

POLÍTICAS E ROTINAS DE CONSERVAÇÃO DO MUSEU........

9

5

DIAGNÓSTICO DO MACRO AMBIENTE: O MUSECOM e o seu entorno............................................

12

5.1

Prédio do museu da comunicação...................................

12

5.2

O edifício e o seu entorno......................................................

14

6

DIAGNÓSTICO DO MÉDIO AMBIENTE: Espaço Expositivo e Reserva Técnica...................................................................................

16

6.1

Diagnóstico de Segurança................................................................

16

6.1.1

Riscos de Incêndio...............................................................................

16

5.1.2

Vigilância.................................................................................................

17

6.2

Diagnóstico sobre limpeza do ambiente interno..........................

117

6.3

Diagnóstico de climatização...........................................................

17

6.4

Diagnóstico de iluminação ................................................................

18

6.5

Diagnóstico da Sala de Exposição de longa duração..................

19

6.6

Diagnóstico da Reserva Técnica do Setor de Fotografia............

21

7

DIAGNÓSTICO DO MICRO AMBIENTE: a Reserva Técnica de Fotografia.................................................................................................

26

7.1

Mobiliários e invólucros que abrigam o acervo fotográfico.......

26

8

PROPOSTAS DE AÇÕES DE CONSERVAÇÃO ...........................

29

 

REFERÊNCIAS......................................................................................

31

 

FONTES PRIMÁRIAS...........................................................

32


1 INTRODUÇÃO

 

O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, também conhecido por MUSECOM, é uma instituição cultural voltada à conservação, à pesquisa e à divulgação da história da Comunicação Social no Rio Grande do Sul. Localizado na Rua dos Andradas, 959, em um prédio de três andares, foi construído em 1922 e tombado em 1977 pelo Patrimônio Histórico da cidade de Porto Alegre. O funcionamento do Museu se dá de terças a sextas, das 9h às 18h e sábados as 9h às 12h30, sendo segundas-feiras destinadas a expediente interno (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012). O MUSECOM, como é conhecido, possui um acervo bastante diversificado voltado à área da comunicação gaúcha e dividido em:

Imprensa: uma das maiores hemerotecas do país, com cerca de três mil títulos, composta por periódicos datados desde o século XIX até a atualidade, com diversas obras raras que representam importantes períodos da nossa história. Fica no segundo andar.

Publicidade e Propaganda: preserva e reconstitui a memória da publicidade e propaganda no Rio Grande do Sul, além de abrigar materiais nacionais e de outros países. São impressos e folhetos de propaganda política e religiosa, cartazes, catálogos, bilhetes de loteria, calendários e brindes. Também fica no segundo andar do Museu.

Televisão e Vídeo: guarda a memória do material de produção, transmissão e recepção da televisão no Estado. Neste acervo encontram-se roteiros de programas televisivos, filmes em vídeo e documentários, além de equipamentos e programas da TV Piratini Canal 5 – inaugurada em 1959, sob o controle dos Diários Associados (retirada do ar ao meio-dia de 18 de julho de 1980). Outro destaque é um dos primeiros aparelhos de televisão de válvula que chegou a Porto Alegre na década de 1960. Encontra-se no terceiro andar do prédio.

Cinema: este acervo é composto principalmente por filmes de cunho documental. São em torno de 10 mil títulos, em peças únicas, com documentários, cinejornais, curtas-metragens e telejornais, realizados entre as décadas de 1940 e 1980. O material, de valor inestimável para a memória fílmica do Rio Grande do Sul, apresenta registros da vida cotidiana, aspectos sociais, eventos políticos, entre outros temas. Diversos são os suportes dessas mídias: películas 9,5mm, 8mm, super 8mm, 35mm e 16mm. Entre os filmes de ficção, o primeiro longa-metragem sonoro gaúcho, produzido e filmado por Salomão Scliar em 1951, “Vento Norte”. O setor conta também com livros, revistas especializadas, recortes de jornais, folhetos publicitários, cartazes, folders, todos relacionados ao cinema e disponíveis ao público. Está bastante deteriorado e localiza-se no terceiro andar do Museu.

Rádio e Fonografia: o espaço abriga discos musicais de vinil na rotação 78, 45 e 33, roteiros originais de programas radiofônicos, dos anos de 1940 a 1960, além de gravações com registros de eventos, depoimentos e entrevistas relacionadas à atividade política e cultural brasileira. Este acervo é composto, ainda, por gravações de jingles e spots do rádio brasileiro, equipamentos que reconstituem a trajetória do rádio e da fonografia no país e pela coleção do músico gaúcho e pesquisador fonográfico Hardy Vedana. Também está localizado no terceiro andar da edificação.

Fotografia: este acervo é constituído por arquivos da administração pública, como os da assessoria de imprensa do Palácio Piratini, além de trabalhos de colecionadores particulares através de doações de fotografias e equipamentos. As imagens, dispostas em diversos suportes, referem-se ao período de 1880 até 2004, versando sobre Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul, além de coleções de fotógrafos gaúchos, de grande importância para história cultural do Estado. Com a Reserva Técnica localizada no terceiro andar, o atendimento ao público é realizado no segundo pavimento, onde também são realizadas as digitalizações do acervo.

A partir do estudo da conservação e preservação de bens culturais, o presente trabalho tem por objetivo realizar um breve diagnóstico no ambiente do MUSECOM. Para tanto, serão levados em consideração o estudo dos ambientes, macro, médio e micro priorizando as áreas de exposição e salvaguarda de acervos. Na Reserva Técnica do Setor de Fotografia será aprofundada a análise das questões de micro ambiente.

 As visitas ao Museu da Comunicação ocorreram em três partes. A primeira, em 03 de abril de 2012, ocorreu sem o acompanhamento de um profissional responsável por parte do Museu. Foi realizada uma visita pela área de exposições, fotografando esses ambientes. A segunda visita aconteceu no dia 12 de abril, com a supervisão e o acompanhamento da coordenadora do Setor de Fotografia, Denise Stumvoll, que apresentou o acervo e a Reserva Técnica do Setor de Fotografia. Nesta visita foi dada a oportunidade de registrar visualmente vários detalhes a serem analisados ao longo do trabalho, sob o aspecto da conservação dos bens culturais, nos ambientes do Museu da Comunicação. A terceira visita realizou-se no dia 22 de maio e configurou-se numa conversa com Ana Celina Figueira da Silva, museóloga que temporariamente é responsável pela Reserva Técnica que abriga o Acervo Tridimensional de toda instituição. É importante salientar que MUSECOM não dispõe de museólogo, a profissional foi cedida por um determinado período à instituição por modo de um acordo com a Secretaria Estadual de Educação. Também é importante ressaltar que a iniciativa do acordo partiu da própria Ana Celina, recentemente formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 


2 PRESERVAR OU CONSERVAR?

 

É conveniente deixar claro o significado de preservação e conservação no enfoque da biblioteconomia, arquivologia e museologia, no intuito de se ter uma clara visão dos pontos que serão abordados e comparados ao longo do trabalho.

Para Sérgio Conde A. Silva preservação “é o ‘guarda-chuva’, sob o qual se abrigam a conservação, a restauração e a conservação preventiva” (SILVA, 1998, p. 9).  A preservação se preocupa com a manutenção ou a restauração do acesso a artefatos, documentos e registros através do estudo, tratamento e prevenção de danos e da deterioração. É, segundo o autor, a ação destinada a salvaguardar as condições físicas e a proporcionar longevidade do suporte que contém a informação.

Ainda segundo Silva (2005, p.180) a preservação anteriormente foi pensada apenas através de práticas interventivas visando recuperar o estado físico do suporte de informação, atualmente acompanhamos uma virada conceitual e técnica sobre a preservação dos acervos. Passamos a compreender como ‘conservação’ e ‘restauração’ procedimentos que intervêm na estrutura dos suportes, sendo que a conservação objetiva assegurar o maior tempo de vida possível aos objetos. Já a restauração intervém sobre os materiais visando recompor o formato original do objeto, a restauração tem sido uma decisão bastante discutida e questionada como prioridade de preservação dentro das instituições. Até mesmo relegada como uma decisão a ser tomada em último caso, quando identificada como procedimento prioritário.

O rumo aceito e praticado atualmente como procedimento de preservação tem sido a ‘conservação preventiva’, “uma intervenção indireta, preventiva, que considera a totalidade do acervo e dos agentes humanos (técnicos e usuários), sendo, pois, um tratamento realizado no e em função do conjunto do acervo” (SILVA, 2005, p.180). A conservação preventiva preocupa-se com todos os objetos que compõem um acervo priorizando formas adequadas de acondicionamento desde o invólucro, passando pelo acompanhamento climático do ambiente de guarda e exposição, até o trato com o acervo por técnicos e pesquisadores. Para tanto, recomenda-se às instituições adotar rotinas de conservação preventiva objetivando condições que evitem a degradação dos suportes, assim evitando os procedimentos interventivos.

 

3 O HISTÓRICO DO MUSEU

 

Instituição da Secretaria de Estado da Cultura, o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa foi criado através de decreto em 10 de setembro de 1974 com a finalidade de guardar, preservar e difundir a memória dos meios de comunicação no Rio Grande do Sul. O órgão está instalado em prédio histórico, construído em 1922 para sediar o jornal republicano “A Federação”, fundado em 01 de janeiro de 1884. Gonçalves, Souza e Froner (2008), comentam que as maiorias das instituições que abrigam acervos situam-se em edifícios que originalmente cumpriam outras funções e que se tornaram instrumentos ideológicos de afirmação cultural.

Sua fundação foi resultado de intensa campanha organizada pela Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI), sob a liderança dos jornalistas Alberto André e Sérgio Dillenburg. A escolha do nome Hipólito José da Costa é uma homenagem ao patrono da imprensa brasileira, que entre 1º de junho de 1808 a 1822 editou uma das primeiras publicações periódicas do país, o Correio Braziliense, então impresso em Londres. De periodicidade mensal, esse jornal circulou clandestino no território brasileiro sob censura da monarquia portuguesa, e divulgava os ideários liberais do movimento em favor da independência brasileira (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012).

Com um importante papel na preservação da memória da comunicação social no Estado, o museu disponibiliza ao público um rico acervo, que engloba periódicos, fotografias, vídeos, filmes, discos, material de propaganda, além de objetos e equipamentos ligados aos veículos de comunicação. Durante décadas a instituição tem viabilizado importantes trabalhos na área da pesquisa historiográfica e diversos trabalhos acadêmicos.

 


4 POLÍTICAS E ROTINAS DE CONSERVAÇÃO DO MUSEU

 

É muito importante observar a estrutura organizacional e administrativa da instituição museológica, pois é de onde partem muitos pontos que poderão favorecer, ou não, à conservação e preservação dos bens culturais nela salvaguardados. Internamente, o Museu é composto por um cargo diretivo que muda a cada gestão de governo do Estado do Rio Grande do Sul. É estruturado em setores que, como visto anteriormente, são bem definidos, cada qual com um responsável com conhecimento técnico. Entretanto, faltam pessoas especializadas para orientar as visitas às áreas de exposição, por exemplo.

O MUSECOM está abrigado pelo Governo do Estado. Neste aspecto, deve-se fazer uma consideração, o Museu sofre a influência dos governos eleitos a cada quatro anos, recebendo maior ou menor atenção das políticas públicas que podem lhe beneficiar e que são de fundamental importância para o seu funcionamento.

Outra questão observada no âmbito das políticas da instituição diz respeito às parcerias com empresas públicas e privadas que financiam tanto projetos de montagem de novas exposições como de conservação de determinados acervos. Os parceiros do Museu não são constantes (embora os nomes apareçam em murais e no site) e a parceria é promovida quando há algum incentivo cultural. Registra-se apenas que a participação dos parceiros deveria ser mais eficaz, pois, dessa forma poderiam ser obtidas melhores condições para conservar e preservar os acervos.

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Mural indicando parceria cultural com o MUSECOM

Foto de Rogério Almeida

 

As exposições são geralmente financiadas por editais de fomento à cultura e dependem da dedicação dos funcionários, que contam com um número reduzido e frente às outras atividades torna-se difícil participar regularmente (STUMVOLL, 2012). A dependência dos editais e a falta de verbas provindas da administração pública realça a questão da falta de recursos para manutenção das exposições. Observando a exposição de longa duração percebemos painéis eletrônicos desativados, bem como, observamos que a sala de exposição temporária está sem receber exposição neste momento, aguarda de verbas provindas de algum edital.

No entanto, foram-nos explicitados os planos de uma nova mostra que contemplará a preocupação com a conservação de parte do acervo cinematográfico. Com financiamento público um maquinário importante para a história da produção do cinema gaúcho será restaurado e colocado em exposição. Atualmente estão alocadas no subsolo, um espaço de condições inadequadas, onde se constatou extrema umidade causando oxidação no maquinário. Em dias de chuvas excessivas o ambiente alaga em decorrência da água da chuva que escoa pelas calçadas da Rua Caldas Jr. ao lado das paredes do subsolo, onde nem o ralo, nem a vedação das janelas suportam o volume de água.

 

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A elaboração desse projeto de exposição que capta recursos priorizando a conservação de um acervo que começa a se deteriorar é louvável, pois, une estratégias de divulgação e conservação dos bens culturais. Ainda assim, percebemos que no Museu de comunicação José Hipólito da Costa a principal atividade hoje desenvolvida pelos seus funcionários é o atendimento ao público pesquisador, esta é a maior demanda da instituição corroborando para que seja também dispensada maior atenção a esta atividade que as atividades de documentação e conservação dos acervos. Salientamos que a instituição é bastante grande e carecem além os recursos financeiros, recursos humanos para que o trabalho nos diferentes setores seja intensificado e aprimorado.

A seguir apresentaremos um diagnóstico específico das condições de conservação dos ambientes observados no Museu de Comunicação. A respeito dos problemas detectados e das ações necessárias para melhor conservar os diferentes tipos de acervos do MUSECOM é importante mencionarmos a existência de laudos técnicos, elaborados pelos responsáveis por cada setor e apresentados à direção (SILVA, 2012).

 

 

 

 

5 DIAGNÓSTICO DO MACRO AMBIENTE: O MUSECOM e o seu entorno.

 

A observação do Macro Ambiente do Museu irá centrar-se na análise das condições de conservação dos acervos oferecidas pelas características climáticas, de temperatura e umidade relativa, radiação solar, qualidade do ar, vegetação e paisagismo próximos e as construções na volta do edifício (CRUZ SOUZA; ROSARO e FRONER, 2008, p.15). Todas estas questões externas ao Museu irão interferir e adequar às estratégias de conservação.

 

5.1 Prédio do museu da comunicação

O jornal “A Federação”, periódico do Partido Republicano Rio-grandense, surgiu em primeiro de janeiro de 1884 e sua primeira sede estava localizada a Rua dos Andradas, número 291. Este jornal teve diversos endereços quando, em 1922, ocupou um espaço construído especialmente para sediar o periódico. A edificação foi inaugurada em sessão solene, no dia 6 de setembro deste ano, durante os festejos do Centenário da Independência, no Governo de Borges de Medeiros. Contudo, por imposição do Estado Novo, instituído pelo Presidente Getúlio Vargas, em 17 de novembro de 1937, o jornal encerrou as suas atividades (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012).

Em 1938, o jornal do Estado ficou sediado nesse prédio. Em 1942, o jornal do Estado transforma-se no atual Diário Oficial, sendo mais tarde incorporado à Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), que ocupou o local até sua transferência definitiva para a sede atual, localizada na Rua Coronel Aparício Borges, em Porto Alegre (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012).

O responsável pela construção do prédio foi do engenheiro civil Teófilo Borges de Barros, gaúcho graduado na Escola de Engenharia de Porto Alegre, em 1909, além de realizar outras edificações na capital, além da reforma da Biblioteca Pública do Estado. A edificação apresenta o estilo eclético, próprio da arquitetura positivista, no qual se misturam várias tendências artísticas. Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, tendo sido reconstruído e ampliado pelos fundos na Rua Caldas Junior (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012).

Ao alto da construção se destaca a escultura alegórica, representando a imprensa, de autoria do veneziano Luiz Sanguin. Em 1995 a obra foi restaurada pelo escultor João Carlos Ferreira, da equipe da Brigada Militar, acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), pois estava danificada há mais de 40 anos, perdendo a mão e a respectiva tocha. Atualmente, o prédio é patrimônio histórico do Estado, fazendo parte da trajetória política e cultural da cidade, abrigando o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, desde setembro de 1974 (MUSEUDACOMUNICACAO, 2012). “A implantação de museu neste tipo de edifício implica, supostamente, numa economia de recursos” é o que diz Gonçalves, Souza e Froner (2008), referindo-se que o uso e a ocupação são requisitos para a preservação do edifício.

Recentemente, no ano de 2010, foi concluída uma revitalização da parte externa, com pinturas em toda a extensão da fachada, benefício promovido pelo projeto Monumenta.  O segundo andar recebeu uma reforma em 2009, com verba angariada através da venda do livro Memória Visual de Porto Alegre. Aqui há de se refletir que houve algumas ações no ambiente macro, reforma e pintura da fachada com recursos do projeto Monumenta. Já no micro ambiente, a manutenção foi realizada graças à angariação de fundos através da Associação de Amigos (STUMVOLL, 2012).

 

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5.2 O edifício e o seu entorno

Para Gonçalves, Souza e Froner (2008), as relações de uso de um edifício são definidas por diversos parâmetros correlacionados: o entorno com suas características geográficas e climáticas a estrutura e condições da estrutura material e o tipo de acervo que tem a sua relação de uso, o que envolve uma amplitude multidisciplinar, no planejamento das atividades e funções que o edifício irá cumprir. Ainda em relação ao macro ambiente, observando–se o entorno do Museu, por este estar localizado na parte central da cidade – esquina da Rua dos Andradas, com a Rua Caldas Junior, a alguns metros da arborizada Praça da Alfândega – é circundado por restaurantes, centros de compras e lojas, uma área de grande movimentação de pedestres e de veículos automotores. Observa-se, desta maneira, que o macro ambiente não é de todo propício, devido à emissão de poluentes pelos veículos e poluição sonora. Além disso, está cercado de variados restaurantes, o que constitui um atrativo maior para animais nocivos a seu acervo. A pouca circulação de vento é outro fator preocupante devido a sua localização central que, somada à incidência de luz solar direta e infiltrações, prejudica o controle ambiental.

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                                 Área central de Porto Alegre

Foto de Rogério Almeida

 

Segundo Gonçalves, Souza e Froner (2008), a posição do edifício com a sua orientação solar e sua localização com proximidade a praça arborizada e ao lago Guaíba, e segundo deve ser levado em consideração para avaliação climática, a incidência de radiação solar em função da latitude, a proporção entre massa de água e terra, os ventos, a altitude, a topografia e a superfície do solo a vegetação, além de fatores de influência global, como o aquecimento do planeta. Nisso se observou além do exposto a localização do edifício a sua fundação e construção a baixo do nível da rua contribuindo para o aparecimento umidade em decorrência de infiltração de águas pluviais.

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Foto Google- Círculo vermelho Museu – Amarelo, posição solar.


6 DIAGNÓSTICO DO MÉDIO AMBIENTE: Espaço Expositivo e Reserva Técnica.

 

Como Médio Ambiente compreende-se os ambientes internos ao edifício do museu que abrigam os bens salvaguardados pela instituição. Como no MUSECOM a área considerada de Reserva Técnica (RT) está subdividida conforme a divisão dos setores baseado nas diferentes tipologias dos acervos, neste estudo optou-se por analisar apenas uma delas, a RT do setor fotográfico. Será analisada também a área de exposição de longa duração onde encontramos alguns objetos do acervo expostos. Outro espaço expositivo, de curta duração, atualmente está fechado.

Serão esboçadas a seguir alguns aspectos gerais – de segurança, limpeza, climatização e iluminação – como questões importantes a serem observadas neste tópico no contexto do MUSECOM. Na sequência serão analisadas, em separado, a Sala de Exposição de longa duração e a RT Fotografia.

 

6.1 Diagnóstico de Segurança

As condições de segurança do local onde estão acondicionados os diferentes tipos de acervos são uma espécie de termômetro medidor de possibilidades de preservação e conservação do Museu. Estes aspectos de segurança e riscos serão relatados nos tópicos a seguir.

 

                        6.1.1 Riscos de Incêndio

O fogo é o principal inimigo de qualquer acervo, para a prevenção, deve-se revestir de todas as seguranças possíveis para combater o risco de incêndio, pois a ação do fogo é avassaladora e irreversível. Segundo Cobra (2003), o fogo é um dos mais temidos agentes destruidores, por isso recomenda-se acondicionar materiais inflamáveis em lugares adequados, seguir recomendações dos serviços de bombeiros e evitar instalações elétricas inadequadas.

No MUSECOM poucos são os extintores de incêndio existentes. Alguns são de pó e outros de água e são posicionados juntos ou próximos ao acervo, sem qualquer indicação sobre o seu uso adequado. Um dos fatos observados é de o acervo ser composto por papel, disposto em estantes muito próximas, com pouca circulação de ar; as janelas estão constantemente sob a incidência do sol, os vidros não têm bloqueadores e não apresentam cortinas. Como consequência, o sol incide sobre o ambiente aquecendo-o. O papel ressequido em lugar de baixa umidade é um risco próprio a sua preservação se mantido em um ambiente inadequado. Não é oneroso manter extintores em lugares visíveis, com suas respectivas instruções de uso, esta medida pode evitar incêndios e manter o acervo a salvo. É aconselhável a instalação de alarme identificador de foco de incêndio.

 

6.1.2 Vigilância

Na instituição encontramos dois vigilantes, funcionários terceirizados que circulam pela área de acervo e pelos andares do prédio, inclusive atuando como orientadores do público visitante. Já foram realizados registros de roubo de um projetor que ficava na área de exposição de longa duração, e que não foi substituído por falta de verba. A segurança é frágil e faltam câmeras de vigilância, com gravação. O acervo está em constante risco.

 

6.2 Diagnóstico sobre limpeza do ambiente interno

A limpeza do ambiente interno é realizada também por empresa terceirizada, que recebe instruções, supervisão e acompanhamento de um responsável, quando em área de acervo. Gonçalves, Souza e Froner (2008, p.10) advertem, a respeito da equipe terceirizada para limpeza dos espaços que abrigam acervos, considerando que estas equipes costumam ser rotativas comprometendo a constituição de rotinas de conservação preventiva. Os terceirizados que efetuam a limpeza cotidiana, não estão autorizados a limpar o acervo. Não há um manual específico para esta atividade. O ambiente visitado de um modo geral estava limpo, apesar de observarmos um pouco de poeira e asas de insetos na área expositiva, inclusive dentro dos expositores.

 

6.3 Diagnóstico de climatização

O ambiente interno não está beneficiado com mecanismos de climatização e circulação de ar. A boa altura do pé direito dos ambientes amenizam o clima. Janelas abertas promovem a circulação de ar, apesar de permitir também o acesso de agentes poluidores e insetos nocivos.

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6.4 Diagnóstico de iluminação

clip_image018A iluminação dos ambientes é diversificada, há espaço sem iluminação artificial, somente luz natural, com boa visibilidade até o início do entardecer. Em outros espaços, como a área administrativa, as áreas de acesso e a própria exposição de longa duração, observa-se iluminação com lâmpadas fluorescentes e sobre objetos algumas lâmpadas dicróica, direcionadas. As janelas não possuem proteção com filtros ou insulfilme, e as cortinas, por sua vez, estão recolhidas. Não há um responsável técnico pela iluminação, muito embora no mural de entrada conste ainda um nome, da pessoa contratada para a montagem da exposição apenas.

 

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6.5 Diagnóstico da Sala de Exposição de longa duração

O museu é dividido em duas áreas expositivas. A exposição de longa duração História da Comunicação abrange uma área de 400m², exibindo parte do seu acervo tridimensional. As exposições temporárias são promovidas em um espaço de 200m². Trata-se de exposições do próprio acervo ou em parceria com outras instituições.

O espaço destinado à exposição de longa duração, localizado no 2º andar está dividido em três ambientes:

O primeiro ambiente que se tem acesso começa por um mural de uma linha de tempo, em seguida se presencia objetos acondicionados me cubos de vidros, evitando-se o toque, porém em todos se podem observar a existência de asas de insetos, sugerindo a presença de cupim, a falta de tratamento preventivo pode ser constatada. A parte superior do cubo de vidro está com um acúmulo de pó, verifica-se o mesmo sobre um móvel exposto, constata-se a falta de uma manutenção frequente de higienização das peças em exposição. Neste espaço o visualizador eletrônico de jornais está quebrado e coberto por um carpete – um suporte eletrônico importante no contexto da mostra. A iluminação e promovida por vários tipos de lâmpadas.

 
   
 


Esse ambiente é dividido por um mezanino que dá continuidade a mesma exposição, possui o piso de carpete, pouco recomendado ainda mais sobre e próximo a objetos de exposição, pois; as escadas que dão acesso ao mezanino permitem que sujeiras dos sapatos dos visitantes se espalhem sobre a área de exposição. No teto pode se verificar manchas provocadas por infiltração, pois identificamos que há banheiros na parte superior e uma consequente umidade.

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O terceiro ambiente é um espaço com luz natural onde se encontra para visitação as prensas tipográficas, com certa camada de pó, proveniente das janelas abertas. Há um tapume em um canto e no centro elevadores antigos.

 

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Janelas do terceiro andar                                       Prensas tipográficas

                                              

Fotos de Rogério Almeida

 

Não há uma pessoa direcionada para atendimento e orientação do público visitante na área de exposição de longa duração. Entende-se que o despertar de interesse pelo bem exposto, seria uma contribuição para sua preservação.

6.6 Diagnóstico da Reserva Técnica do Setor de Fotografia

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A RT é concebida como um ambiente reservado para os objetos considerados institucionalmente como acervo, evitando que os bens estejam espalhados por outros espaços do museu (FRONER, 2008, p.4). As reservas técnicas dos acervos áudio visuais estão localizadas no 3º pavimento do MUESECOM, contrariando uma das recomendações de Froner (2008 p.5) que indica que uma RT não deve localizar-se nem no subsolo e nem no último pavimento, dessa forma evitando níveis extremos de umidade relativa e temperatura.

 

A RT do Setor de fotografia, a única área de armazenamento de acervo que é separa da sala de documentação e pesquisa, uma mudança recente. Constitui-se em uma sala pequena subdividida em duas partes. A primeira sala é mais ampla, uma parte é destinada ao acervo de revelações em papel fotográfico, no canto direito, no restante do espaço encontramos armários e as mesas para manuseio, higienização e digitalização do acervo. Ao fundo está a porta que dá acesso a sala menor, que abriga os negativos.

No primeiro espaço há janelas, uma delas se encontrava aberta para arejar o ambiente. Possui iluminação por lâmpada fluorescente, equipamentos eletrônicos, computador que dá acesso a um banco de dados feito em Access, que não vem recebendo alimentação sistêmica, devido às atuais atividades de pesquisa. No segundo espaço, quase um terço da primeira sala, não está climatizada, porém com ventilação forçada por ventiladores comuns. Sem luz externa.

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Ambos os ambientes não são monitorados por medidores ambientais, de temperatura e umidade, embora tenham aparelho falta pilha para seu funcionamento e o que ali se encontra na visita registrou elevado índice ao considerado ideal. Para Gonçalves, Souza e Froner (2008, p.37) a “umidade e temperatura são parâmetros que devem ser avaliados conjuntamente”, pois são determinantes das condições ideais em que estarão os acervos e podem ser monitorados por higrômetros, termo-higrômetros, termohigrografo. 

O ar condicionado está quebrado e a iluminação por luz fluorescente, não monitorada na ocasião, mas segundo FRONER (2008, p.10) as luzes na área de abrigo do acervo “devem possuir uma intensidade de 150 lux ou menos, e uma proporção de ultravioleta não superior a 75µw/lm”. As luzes mantinham-se apagadas enquanto não estava sendo usada e as fontes de luz natural protegida, condições adequadas conforme a autora (FRONER, 2008).

 

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Área com pouca probabilidade de incêndio, mas de igual forma não se observou a existência de extintor. Verificamos materiais por cima dos arquivos e mesas, acondicionados de modo impróprio, pois deixaria o acervo sensível ao contato com poeira e a poluição provinda da janela que se encontrava aberta. O Laboratório de Revelação está localizado fora da RT, como levantado em Souza, Rosaro e Froner (2008, p.9), evitando o risco de misturar o acervo com materiais inflamáveis.

Na primeira sala possui equipamentos para digitalização por scanner e é onde ocorre a higienização das fotos e negativos. Procedimento não recomendados conforme bibliografia revisada, (FRONER, 2008, p.4) o ambiente de guarda dos acervos não pode ser também de higienização do mesmo, os objetos devem estar o mais distante possível de qualquer contato ou acúmulo de sujidades. A utilização de escâner para digitalização das fotografias também não é recomendada pela alta exposição das imagens à luz, prejudicando a camada da imagem.

No segundo espaço há o acondicionamento de coleções em negativos, bem protegidos e de forma adequada. As janelas possuem cortinas contra a incidência de luz, porém no momento da visita estavam contraídas e as basculantes abertas, para circulação de ar, os ventiladores não funcionam.

Quanto à rede elétrica observamos que o ambiente tem poucos pontos de energia causando sobrecarrega pela ligação conjunta de vários aparelhos, apresentando panes que comprometem a ventilação, por exemplo. Neste sentido consideramos dois fatores que podem ocasionar tais problemas, a fiação elétrica é antiga apresentando problemas com frequência e a manutenção que deveria ser periódica é demorada quando solicitada pela ocorrência de alguma pane.

O chão é de cerâmica, com grande espaçamento de rejunte. As portas possuem chaves, mas são de madeira frágil. Em frente à área de reserva existe banheiro e uma sala laboratório de revelação, no momento desativado. A digitalização de negativos de fotos e filmes acontece de forma de forma lenta, mesmo tendo equipamentos falta o requisito humano.

 

É importante considerar para a conservação e preservação dos documentos e objeto um bom ambiente administrativo do setor. Especialmente por ser uma referência em pesquisa fotográfica de fatos entre 1947 e 2006, da administração pública gaúcha. Além disso, o prédio, tombado pelo patrimônio histórico, onde está localizado o acervo é um fator a ser considerado na conservação do acervo. A partir da localização e condições arquitetônicas já se começa a pensar nos melhores meios de proteger o patrimônio cultural, pois tudo que se encontra em seu interior e em seu entorno podem se constituir em elementos que venham a depreciar a existência do acervo.

Para Gonçalves, Souza e Froner (2008) os profissionais da área devem ter um conhecimento básico para a leitura de projetos e desenhos arquitetônicos, para ampliar a visão de circulação e espaço pertencentes ao ambiento do museu.

 

 

 

 

 

 

Primeira Sala de abrigo do acervo fotográfico e onde ocorre a higienização e digitalização do acervo

clip_image035clip_image037Foto de Rogério Almeida

 

 

 

Reserva técnica do Setor de Fotografia

Sala para armazenamento de negativos

Foto de Rogério Almeida

 

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7 DIAGNÓSTICO DO MICRO AMBIENTE: a Reserva Técnica de Fotografia

 

O acervo fotográfico consta de aproximadamente 500.000 objetos, organizados por coleções, basicamente composto por negativos e revelações em papel fotográfico. A maior parte do acervo é composta pelos negativos, acondicionados na segunda sala, mantidos em separado da sala que serve também para higienização.

 

7.1 Mobiliários e invólucros que abrigam o acervo fotográfico

Os negativos estão acondicionados em arquivos de aços, e cada unidade armazenada em um invólucro de papel. Este invólucro aos poucos está sendo substituído por papel branco e de ph neutro, pois, os antigos estão alcalinos, já amarelos pelo manuseio e da umidade. Os velhos invólucros continham a descrição datilografada na parte externa, os novos estão sendo confeccionados na instituição, no “formato de cruz”, e devidamente identificados de modo manuscrito com lápis 6B, de acordo com a bibliografia revisada.

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À esquerda, negativos ainda acondicionados com papel já alcalino e, à direita, os negativos acondicionados em novo invólucro, em papel branco e neutro.

Fotos de Rogério Almeida

 

As revelações em papel fotográfico estão acondicionadas estantes de metal, localizados no canto da sala na tentativa, insuficiente, de evitar a incidência direta de luz solar. Percebemos que esta parte não é armazenada da maneira mais adequada, a maior parte está dentro de caixas de papelão e pouquíssimas armazenadas em caixas propícias, de polionda. Não tivemos acesso ao interior dessas caixas para perceber o tipo de invólucro para evitar contato direto com o papelão. Mas, conforme Yacy-Ara Froner as caixas de papelão para configurarem-se adequadamente para armazenar as fotografias deveria estar envolta com tyvek, (FRONER, 2008, p.19) e os invólucro confeccionados em jaquetas de poliéster.

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Acondicionamento do acervo de revelações em pape fotográfico.

Fotos de Rogério Almeida

 

            Durante a última visita técnica ao MUSECOM pudemos observar a RT do Acervo Tridimensional e percebemos exemplos adequados de acondicionamento, reservando o fato de serem objetos compostos de diferentes materiais e por isso receberam invólucros próprios. Armazenados em armários deslizantes, onde os objetos estão seguros e melhor protegidos da poeira. Na parede observaram-se instrumentos de medição climática, em uma sala sem janela, ou seja, sem a inferência de luz solar. A razão para a RT do Acervo Tridimensional, obter condições mais adequadas para a conservação é porque em anos atrás foi equipada, recebendo o mobiliário e os materiais adequados ao acondicionamento. Além disso, obteve o tratamento técnico adequado. As reformas nessa RT aconteceram por conta da verba angariada através de edital de fomento, no entanto, após o seu término esteve fechada até o momento em que chegou ao Museu uma museóloga. E, então a instituição priorizou o acompanhamento desta área de salvaguarda de acervos.

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Reserva Técnica Acervo Tridimensional.

Fotos de Rogério Almeida

 

8.  PROPOSTAS DE AÇÕES DE CONSERVAÇÃO

 

Há infiltrações em tetos e paredes, e a umidade é propagadora de fungos e umidades nocivas ao acervo do Museu. Fungos, baratas, traças, cupins, brocas e roedores causam danos ao acervo e devem ser combatidos. Como estas pragas urbanas agem e como devemos combatê-las?

Os fungos causam danos que vão da coloração à deterioração da estrutura do documento. Seu aparecimento é causado pelo descontrole da temperatura, da umidade, dos problemas de higiene e renovação do ar. O controle é feito através de uma política de controle ambiental, controlando a temperatura e a umidade relativa e circulação do ar, evitando oscilações acentuadas, é recomendado o uso de aspirador de pó para a limpeza do ambiente devido à água aumentar a umidade do ar. O uso de fungicidas não é recomendado, pois, os danos causados no documento superam a eficiência do produto (CASSARES, 2000).

As baratas se escondem em fendas nas paredes, batentes de portas, ralos, esgotos, lixos, onde o sol não penetra. Com hábitos noturnos as baratas atacam o papel deixando manchas na superfície e roendo as extremidades. O melhor controle é a prevenção, fechando todas as aberturas no piso, paredes e batentes, retirando o lixo diariamente e fechando os orifícios de escoamento de água (SERIPIERRI, et al., 2005).

As traças escondem-se dentro de papéis velhos e enrolados, mapas, gavetas de documentos, jornais e caixas de papelão. Seu ataque assemelha-se ao da barata, só que em menor proporção. É preciso adotar medidas de verificação e limpeza frequentes dos documentos e o sistema de isca oferece bons resultados para esse tipo de infestação (SERIPIERRI, et al., 2005). Outra medida de prevenção ao ataque de baratas é o uso de “massinha japonesa”, encontrada no comércio informal.

 Os cupins organizam-se em colônias numerosas, vivem em túneis fechados dentro da terra e da madeira, reproduzindo-se em ninhos, causam um efeito devastador sobre o papel e sobre objetos de madeira. Deve-se observar constantemente o mobiliário caso seja de madeira não deixando caixas de papelão ou madeira direto no piso (CASSARES, 2000).

Brocas atacam o papel quando se encontram na fase larval. Atacam documentos encadernados e armazenados em grande quantidade de forma compactada em móveis ou caixas de madeira. Deve ser feita higienização sistemática para detectar a ação desses insetos e quando for detectada a presença de brocas procurar um especialista que irá diagnosticar o método a ser empregado no seu combate (CASSARES, 2000).

Os roedores também podem atacar documentos e livros principalmente quando estão em desordem ou com restos de alimentos.

O ser humano também é um agente de degradação de acervos com ações que prejudicam sua conservação, como o manuseio incorreto, tocando o documento com as mãos sujas provocando manchas e alterando o pH do papel, rabiscos, dobras, clipes, remendos com fitas adesivas e armazenamento de forma inadequada do acervo (SERIPIERRI, et al., 2005).

 

 


REFERÊNCIAS

 

COBRA, Maria Jose Távora Queiroz. Pequeno dicionário de conservação e restauração de livros e documentos. Brasília. DF: Cobra Pages, 2003. 99 p.

 

CASSARES, N. C. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do estado, 2000.

 

FRONER, Yacy-Ara (org.). Reserva Técnica. Tópicos em conservação preventiva 8. Projeto: Conservação preventiva: avaliação e diagnóstico de coleções. Programa de Cooperação Técnica: IPHAN e UFMG. Belo Horizonte: LACICOR − EBA − UFMG, 2008. 24 p.

 

GONÇALVES, Willi de Barros; SOUZA, Luiz Antônio Cruz e FRONER, Yacy-Ara (org.). Edifícios que abrigam coleções. Tópicos em conservação preventiva 6. Projeto: Conservação preventiva: avaliação e diagnóstico de coleções. Programa de Cooperação Técnica: IPHAN e UFMG. Belo Horizonte: LACICOR − EBA − UFMG, 2008. 45 p.

 

MUSEU DA COMUNICAÇÃO História. Disponível em: <http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historia/>. Acesso em: 28.05.2012.

 

SERIPIERRI, D.;  BORGES,E.R.; ALETTA, F. A. C.; CALHERANI, I. C.; ONDINA, M. I.; YAMASHITA, M. M.; CARDOSO, V. L. Manual de conservação preventiva de documentos:papel e filme. São Paulo: EDUSP. 2005, p. 25-29.

 

SILVA, Sérgio Conde de Albite. Algumas reflexões sobre preservação de acervos em arquivos e bibliotecas. Rio de Janeiro. Academia Brasileira de Letras. 1998, 36 p.

 

SILVA, Sérgio Conde de Albite. A preservação da informação. Cadernos do CEOM, ano 18, n.22. Arquivo: pesquisa, acervo e comunicação. Chapecó: Argos, 2005. p. 177 a 190.

 

SOUZA, Luiz Antônio Cruz; ROSARO, Alessandra e FRONER, Yacy-Ara (org). Roteiro de avaliação e diagnóstico de conservação preventiva. Tópicos em conservação preventiva 1. Projeto Conservação preventiva: avaliação e diagnóstico de coleções. Programa de cooperação técnica: IPHAN e UFMG. Belo Horizonte: LACICOR − EBA − UFMG, 2008. 43 p.

 

 

FONTES PRIMÁRIAS

 

SILVA, Ana Celina Figueira da. Museu Da comunicação José Hipólito da Costa. Coordenadora Serviço de Ação Educativa. Entrevista. Entrevista. 22 mai 2012.

 

STUMVOLL, Denise. Museu Da comunicação José Hipólito da Costa. Coordenadora Serviço de Fotografia. Entrevista. 12 abr 2012.