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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Questões de história

 

 

UFRGS /FABICO/ DCI

BIB03057 – Introdução aos Estudos Históricos Aplicados à Ciência da Informação

Prof. Marlise Giovanaz -  2014/2

Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]

Avaliação da disciplina

Responda as questões abaixo com base nos textos sugeridos no Moodle e nas aulas da disciplina:

1-Reflita sobre as referências de tempo e de lugar e seu papel na escrita da história:

 A história é uma narrativa escrita sobre acontecimentos, atividades que aconteceram em uma época anterior ao presente, ou seja, em um tempo passado e que se desenrolou em uma determinada localização, região ou propriamente me um lugar pontual de nosso mundo.

O tempo e o lugar proporcionam a narrativa histórica, a verossimilhança ao registro colocado no tempo e no lugar de sua ocorrência imprimindo uma condição de verdade e justificando que o fato aconteceu naquele local, naquela época, permitindo nos situarmos mentalmente sobre a narrativa histórica.

O tempo é uma medida de duração de uma situação, é essencial pra nós para que possamos medir nossa posição, do presente em que sempre estamos em relação ao período passado e na expectativa do período futuro. É essencial para o posicionamento da ocorrência do fato histórico que aconteceu dentro de um tempo cronológico, um tempo exato, ou dentro de um tempo histórico, que incorpora a duração de em evento, para contemplar o fato. O Calendário Gregoriano, apropriado pelo ocidente a partir da idade média, é parâmetros até nossos dias, mas as referenciais de tempo que antecede são diversos em diversas culturas e em diversas épocas: calendário lunar, a medição do tempo pelo dia e noite, de colheita a colheita, de geração a geração, imprimindo uma significação de que o tempo é universal, mas não é absoluto. O tempo é um referencial para a história e é sempre relativo ao que se observa o tempo é irreversível, não volta.

O lugar tão importante quanto o tempo nos conduz ao ponto geográfico, o país, a região, ao continente, ao mar, rio ou deserto onde foi produzida a narrativa história, onde ocorreu o evento. Situa o local da cultura, as nacionalidades, a ideia da tipologia do lugar que está relacionada a narrativa histórica.

A escrita histórica é consorciada ao tempo e ao lugar, pela busca da verdade de suas fontes, caso contrário, teríamos uma narrativa inconsistente tal como:  … era uma vez .... em um lugar distante .... muito além ... aconteceu...

 

2- Explique a relação entre mitos e logos e sua influência na formação do mundo contemporâneo:

Em relação ao mundo antigo o mito e o logos são duas formas de se chegar a verdade o mito na construção de significados das coisas inexplicáveis atribuindo sentido a algo existente, mas de difícil explicação, como o trovão, um barulho ensurdecedor que vinha do céu. O mito se torna real quando se transforma em culto que produz impacto as pessoas. O mito alivia a dor o sofrimento pela crença, fé do inexplicável, através da religião.

 O logos é o pensamento racionalizado que dá sentido as coisas, que corresponde a realidade e busca o significado real , aspira a verdade e não alivia o sofrimento como o mito,  não há uma relação com a fé mas com a ciência que discursa o racional.

A relação do mito e logo não se dissipa no tempo e influencia o mundo contemporâneo, pelo sentido que a sociedade tem em relação ao mito e logos inserindo-os em seu contexto histórico, través da religião, das culturas que buscam respostas pelo inexplicável. O mundo contemporâneo vivencia forte influencia de seitas e crenças recheada de mito e logos, que abrem páginas de notícias sobre acontecimentos relacionados: são guerras por espaço cultural, são hábitos comportamentais, princípios fundamentalistas que ganham visibilidade na mídia globalizada.

 

3- Comente a partir do texto de Robert Darnton as considerações feitas pelos pós-modernistas em relação ao Iluminismo:

O iluminismo nasce na França diante de uma série de crise por que passava: crise econômica, militar, demográfica, questionando o absolutismo e nas verdades que a igreja impunha.

O iluminismo um movimento para mudar as mentes e reformar as instituições teve sua origem nos salões de festa de Paris, no início do século XVIII, por letrados, por uma elite que se intitulavam philosophe (intelectuais), com fins de defender ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, estabelecidos nas idéias de natureza e leis naturais, na razão, tolerância, felicidade, individualismo, cosmopolitismo, Idéias a serem colocadas em uso para transformar o mundo ao redor. Os philosophes, iluministas, desenvolveram uma entidade coletiva, pretendiam posições de comando de cultura e iluminar de cima para baixo os ideais defendidos e livrar o mundo das supertição.

Há uma fronteira entre o iluminismo e pós–modernismo este demarcado por linha fixada pela queda do muro de Berlim em 1989, determinando uma era antes da guerra fria e outra após o fim da guerra fria, marcando o período moderno ocasionado pela Revolução Industrial, estabelecendo um era de pós-modernidade, que questiona as longas narrativas e contesta a ciência como única verdade e os ideais iluministas.

Os pós-modernista efetuam criticas ao iluminismo baseados em seis pontos comentados por Robert Darnton, em Os dentes falsos de George Washington que são:

1 - A pretensão do iluminismo à universidade e que os direitos do homem deram a legitimação à destruição de outras culturas. Crítica não alicerçada, pois, a tecnologia se apresentou como um instrumento de expansão do mundo ocidental. O iluminismo ocorreu dentro da cultura e defendia os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade e não o da destruição.

2 – O iluminismo era imperialismo cultural sob o disfarce de uma forma mais elevada de racionalidade com missão civilizadora e promotora de escravidão. Outra crítica não alicerçada, pois, fere os princípios defendidos pelo liberalismo de liberdade e de oposição a escravidão e anti-racismo e igualitarismo. A crítica evidencia a proposta do imperialismo e não a do iluminismo.

3 – O iluminismo buscava o conhecimento tão fanaticamente que solapava a ética. Pensamento que também, não se fundamenta, pois, o iluminismo não criticou a moral. A moral e os bons costumes não foram abordados, os iluministas eram conservadores e excluíram a participação das mulheres.  Ao contrário procuravam os direitos dos desprotegidos a proteção contra agressões do despotismo e perversões da justiça. Desenvolviam os padrões de direitos humanos baseado na democracia.

4 – O iluminismo tinha uma excessiva fé na razão. Ao se basear no racionalismo, ele fracassou na construção de defesas contra o irracional. Uma crítica mais plausível, pois a promessa de que a ciência e a razão seriam a solução de todos os problemas, não foi cumprida. Uma ruptura total com os conhecimentos cristão não aconteceu.

5 – O iluminismo está na origem do totalitarismo. Critica não fundamentada pois, o totalitarismo não prega a igualdade e liberdade, é um autoritarismo que esta voltado ao  aspecto de regular a vida publica e privada, portanto contrário aos princípio do iluminismo que elegia o respeito pelo indivíduo e todos os direitos do homem.

6 – O iluminismo é obsoleto e inadequado como perspectiva para lidar com problemas contemporâneos. Critica que não se sustenta visto que, o iluminismo colabora com as soluções dos problemas contemporâneos, com o emprego da ciência e da razão e de ideais contidos  pela declaração do Homem e do Cidadão, da liberdade, igualdade e fraternidade.

 

4- Discorra sobre as principais características das correntes historiográficas positivista, marxista e da nova história cultural, identificando suas características próprias e trajetórias na academia:

As características positivistas estão comentadas a partir do texto “Presença das ideias Positivistas nas “Histórias de Municípios” do Rio Grande do Sul”, de Fernando Seffner.

O positivismo é usado como desqualificação, e se referencia que todo texto que não presta ou é enfadonho é tido como positivista, que o positivismo é um enumerador de datas e fatos. Antes porém, esclarecemos que o positivismo, surgiu na França no início do século XIX, é o conjunto das concepções formulado por Augusto Compte, com base no principio da ciência natural e propõem para a vida humana valores humanos um ramo do conhecimento que se passou a chamar de  física social, cujo o objeto é o estudo dos fenômenos sociais equiparados aos fenômenos físicos.Uma das característica do positivismo é seguir as leis naturais sem efetuar maiores questionamentos ou discussão. Outra característica forte é  apresentar-se como um corpo de conhecimento cientifico neutro e livre de juízos o que faz que se tenha uma postura conservadora em relação aos fatos sociais e políticos. Outra característica é a concentração de que a força do progresso é o mecanismo de promover modificações positivas. A ação das lideranças, dos heróis, que exercem seu poder na aceleração ou entrave do progresso que para o positivismo é um destino. O progresso e a tecnologia são usados como elementos que podem classificar os cidadãos e sociedades.

O positivismo soma a característica do estabelecimento de fatos histórico, amparado em documentação (acumula documentação e evidencias) e, busca a relação constante entre estes fatos e se preocupa com o estabelecimento da cronologia, na enumeração dos fatos e na catalogação dessas fontes. Caracteriza-se inclusive por abordar a sociedade humana, de forma estática no estudo de organismo social (família e pátria) como dinâmica da evolução humana. Outro lema do positivismo é o progredir conservando, alicerçado na continuidade do progresso na soma de conhecimento deixado pelas gerações passadas o que memoriza a afirmação do positivismo de que “os vivos são cada vez mais governados pelos mortos”.

Característica da corrente marxista pelo texto contidos no capítulo 10 e 11 do livro Sobre História, de Eric Hobsbawm, anotando que o marxismo é um conjunto de ideias elaboradas por Karl Marx e Friedrisch Engels, baseada na concepção materialista e dialética da história, na dinâmica da base produtiva da sociedade e nas lutas de classes. Uma das características da do marxismo esta centrada nas forças sociais, no materialismo histórico definido como determinismo econômico. O marxismo influenciou os historiadores na análise da história colocando que elementos simples e mecanicistas como a interpretação econômica, a base econômica e a superestrutura de uma sociedade e os interesses de classe como elementos significativos para análise da história, itens do chamado marxismo vulgar, que tiveram influência na historiografia. O materialismo histórico posicionado  contra a crença de que as ideias e conceitos dirigem e dominam as sociedades, teve a função de trazer a história para mais perto das ciências sociais e neste caso foi o marxismo que permitiu a evolução da história como ciência social. A concepção materialista é base para explicação histórica, e não a história em si o que importa é o que aconteceu e a análise de uma sociedade deveria partir da observação de seu modo de produção. O marxismo influenciou na modernização da historiografia, se relacionando com outros campos teóricos influenciando historiadores fora do comunismo. A história marxista é plural e se associa a pesquisa histórica.

A história cultural, segundo o capítulo I e II do Livro História e História Cultural, de Sandra Jathay  Pesavento. Começa com a narrativa sobre Clio, a musa da História, a rainha das ciências que registra o passado e detém a autoridade sobre os fatos. A história cultural ou nova historia cultural, devido à nova forma de a historiografia trabalhar com a cultura trata de pensar cultura, como conjunto de significados partilhados e construídos pelos homens para explicar o mundo. A história cultural de um olhar sobre as experiências da cultura popular, fatos culturais, sua interpretação com abordagem antropológica e histórica. Tem uma característica multidisciplinar ligada a elementos da atividade familiar, religião, língua, artes vinculadas a geografia, antropologia, e outras ciências e a antropologia cultural é sua principal relacionada tendo a representação como seu conceito elementar. Cabe à história registrar o passado e deter a autoridade da narrativa sobre os fatos, assinalando o que deve ser lembrado, a história cultural está inserida na crise da modernidade no fim das explicações globalizadas e dá fim as explicações redutoras, incorpora a diversidade, representação de pequenos grupos, mulheres que se inserem no discurso.

             

5- A partir dos textos de Schwarcz e Sepúlveda, explique objetivamente como se deu o surgimento da História no Brasil e quais as suas características:

 

 O texto de Schwarcz manifesta o surgimento da história do Brasil com o do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que teve a incumbência de “construir uma história da nação. Recriar um passado, solidificar mitos, ordenar fatos buscando homogeneidade em personagens e eventos até então dispersos”. O Instituto foi composto por uma elite de pessoas com relações sociais, tendo como atribuição demarcar espaços e ganhar respeitabilidade nacional, a função de garantir a especificidade regional e hegemonia cultural, caracterizando-se como uma sociedade da corte voltada a produção do saber de interesse oficial. Os institutos foram divididos em três centros, Rio de Janeiro, Pernambuco, e São Paulo que acabaram se caracterizando pela influencia regionalistas. Cria-se igualmente associação cientifica dedicada a estudos históricos e geográficos, composta por associados da elite na maioria vinculados ao Estado, mais preocupados pelas determinantes sociais do que pela historiografia. O fazer a história da pátria era antes de tudo um exercício de exaltação, de lembrar para comemorar e documentar para festejar. O instituto era para alguns um local de projeção intelectual e para outros uma promoção pessoal, alguns com função figurativa. O instituto no início da república também era formado por elementos da elite, e se reuniam para discutir os acontecimentos locais dos costumes indígenas em pauta de assuntos escolhido a cada reunião. A publicação de uma revista de cunho histórico e com rigor documental, contento questões geográficas e pequenas biografias. O instituto promoveu um concurso de ”como escrever a história do Brasil” e o projeto vencedor definia que a história deveria ser escrita com base nas três raças formadoras da nação, com uma visão romântica sobre o indígena, no foco de inaptidão sobre a raça negra e na preponderância da raça branca. Escrever a história se constitui um ato de garimpagem, na escolha de documentos e de seleção de fatos diante da produção de história da colônia e temas tinha predominância sobre assuntos relacionados como: independência, conspirações, invasões, com um foco nas questões políticas, religião e patriotismo como elementos de representação e de formação da identidade nacional.

Sepulveda, em seu texto aponta a exposição internacional de 1922, juntamente com a inauguração do Museu Histórico Nacional (MHN), com primeiros passos para a criação de uma identidade nacional e referência para o povo brasileiro, com uma ideia de um conceito moderno de nação e do progresso. O MHN, na sua existência prende-se ao resgate de uma memória nacional e não trilha o viés do avanço tecnológico e industrial, tem um marco nacionalista com base no culto às tradições. O culto a saudade comentado por Gustavo Barroso, consolida a tradição nacional por meio do objeto, autenticado pela pesquisa é um fragmento do passado e funciona com símbolo representativo da história da nação. O museu forma seu acervo por transferência dos objetos de estabelecimento público, instituições militares e com doações de particulares da elite.  A guarda dos objetos ou relíquias como testemunhos e memória tem o intuído de construir o perfil nacionalista. A história escrita por Gustavo Barroso não tinha uma ordenação temporal prévia, tinha por meio a narrativa dos momentos mais significativos do fato histórico. A história construída pelo Museu Histórico Nacional estava vinculada a uma linguagem que priorizava as coleções, e há um rompimento como discurso linear e passa a ter uma abordagem temática para apresentação da história do Brasil.

 

Bibliografia:

BURKE, Peter. Uma História cultural do Tempo. [texto sem referência] São Paulo. 2002.

DARNTON, Robert. O processo do Iluminismo: Os dentes falso de George Washington, in: Os gentes Falsos de George Washington – um guia não convencional para o século XVIII.
São Paulo: Cia das Letras.2005.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História; ensaios. São Paulo: Cia das Letras, cap. 10 e 11.

PESAVENTO, Sandra Jathay. História e Historia Cultural, Belo Horizonte: Autentica, 2003, p. 7-37.

SANTOS, Myrian Sepúlveda dos, A escrita do passado em museus históricos. Rio de Janeiro: Garamond; Minc/IPHAN/DEMU, 2006

SEFFNER, Fernando. Presença das Ideias positivistas nas “histórias de Municípios” do Rio Grande do Sul. Ciências & Letras; revista da FAPPA. Porto Alegre: Ciências & Letras, n. 18, p. 143-162,1997.



[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina BIB03057 – Introdução aos Estudos Históricos Aplicados à Ciência da Informação, ministrada pela Professora Marlise Giovanaz. Porto Alegre, out. de 2014. E-mail: rogério_petrini@hotmail.com.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

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