RESENHA
Turismo e Museus
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
Vasconcellos, Camilo de Mello, doutor em História Social pela USP. Educador do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Atua há 18 anos na USP.
Palavras-chave: Museus. Turismo cultural. Coleção. Instituição pública.
No capítulo um com o título “De casa das musas a instituição pública: o longo itinerário dos museus”, o autor foca na história dos museus e na construção dos acervos, e na participação do turismo na apropriação destes espaços. O título rememoriza as nove divindades filhas do deus grego Zeus, com o seu templo de arte de poder e memória que origina a palavra museion. Surgindo ao longo dos anos outros templos como em Alexandria, um espaço com múltiplas atividades do saber, com objetos relacionados a arte. Cita Marlene Suano, dizendo que as coleções guardam significados diversos e que retrata a realidade e a história de uma parte do mundo onde foi formada. Ainda menciona que os museus se relacionam ao colecionismo de objetos raros, de obras primas ou objetos simples ou exóticos, ou pelo fato de demonstrarem supremacia sobre conquistas de territórios.
A igreja na idade média sobressai entesourando coleções, provenientes de doações, e as utiliza para seus fins políticos e de alianças para salvaguardar seu papado. Deixando claro que as coleções de objetos, com valor, promoviam um poder econômico, político e de acesso restrito, quando surgem os gabinetes de curiosidades, com múltiplos objetos, incluindo monstros fabricados, mas que permitem uma meditação e contemplação. O autor lembra que as galerias de arte dos monarcas, príncipes e papas deram origem aos museus de belas artes enquanto os gabinetes de curiosidades promoveram o surgimento de museus de história natural. Reflete sobre as coleções renascentistas em deixarem pistas para entender os museus dos dias atuais.
Em segundo tópico o autor reflete sobre “o museu como instituição pública”, trazendo como primeiro espaço público o Aschmolean Museum, de Oxford, Inglaterra, mas restrito a especialistas e universitários, até então. Passa por coleções francesa e prussiana aberta ao público na década de 1750, sendo um marco de acesso as grandes coleções a revolução francesa ocorrida em 1789, que resalta uma noção de patrimônio com salvaguarda pelos museus, trazendo a estes espaços valores políticos, estéticos, de educação e ensino. Menciona que o Museu do Louvre inaugurado em 1793, abria as portas ao público apenas 3 dias a cada 10, e que os museus tinha objetivos políticos e a serviço da classe no poder Um museu britânico impunha regulamento com horários reduzidos e entradas com custos elevados para a classe trabalhadora. O que deixa a percepção do autor de que a instituição pública naquela época se diferencia do serviço público de nossos tempos.
Traça uma sinopse dos museus americanos, a partir do meado do século XVII, que se associam a iniciativa privada para diminuição do valor de entradas e ampliar suas coleções Os museus latinos nascem sob a influência dos museus europeus e pelas elites dos nascidos na América. No Brasil os museus se forma a partir da coleção de D. João VI, trazidas em 1808, são poucos os museus até o século XIX, a maioria surge a partir do século XX, especialmente por iniciativas oficiais e questões do nacionalismo.
Os museus no século XX tem o desafio de tornar suas coleções acessíveis para qualquer visitante por questionamento de sua função social. A partir de 1960 na Europa há movimentos de democratização de cultura e forte atuação da população em geral, rompendo o isolamento dos museus. Germina novos tipos de museus como o ecomuseu que explora o patrimônio da comunidade, do ambiente natural, do território; museus escolares surgem no México em 1970, com a participação de professores, alunos pais e acervo da própria comunidade, com caráter de ensino. Iniciativas que levaram a criação do “Programa de Museus Comunitários”, modelo para a América latina. A áfrica também adota modelos comunitário para dar ênfase ao nacionalismo. O panorama histórico dos museus e visto pelo autor para enfatizar as transformações e a conquista de caráter público dos museus e espaço acessível com um público visitante massivo de turista.
O capítulo dois versa o museu e turismo uma relação possível, como uma relação harmônica entre os museus e o turismo cultural. O autor inicia apontando questões fundamentais na atividade turística, considerando o turismo um fenômeno social contemporâneo, uma atividade transcultural, globalizado. Um agente econômico definido por vezes como atividade industrial e expansionista por influenciar dezenas de outros setores agregados a sua ação e influenciar nos índices do Produto nacional Bruto. Países mais bem estruturados e com atrativos culturais e patrimoniais, recebem maior número de visitantes, e abrem postos de trabalhos, promove a conservação de monumentos, o fomento da identidade cultural do local. O turismo cultural é uma das principais motivações do movimento das pessoas e promove uma aproximação e dialogo entre os povos e neste contexto o autor cita o conceito de Museus definido pelo ICOM – Conselho Internacional de Museus para refletir em quatros pontos, a questão de pesquisa, o papel social do museu, o papel educativo e o caráter de instituição aberta ao público, que atenda as mais diversas categorias, que motiva visitação para conhecimento dos vestígios de uma sociedade e revalorização de uma identidade e conhecimento de outra cultura, impactando para o turista o desejo de conhecer ampliando o espaço além de área de lazer.
O autor menciona museus renomados e que são referencias obrigatória de visitação pelo turista e não fazê-la significa que algo faltou na viagem. Pelos museus da França circularam 65 milhões de pessoas sendo 22 milhões de turistas destacando-se o Museu do Louvre que recebeu 3,5 milhões de pessoas, em 2001. Significante para o fato destes museus possuírem uma estrutura com recursos para atendimento do público, por terem acesso a biblioteca, loja de vendas, a serviços de restaurante, que contribuem como referência cultural e lazer para turistas.
Colocando os museus americanos ao lado dos museus europeus comenta o autor sobre os museus da América latina, destacando os museus mexicanos especialmente da Capital como locais de grande visitação e importância da construção da memória da cultura indígena lembrando áreas arqueológica de visitação, tais como: Tula, Tulum e Uxmal. O México é o país que mais recebe turista na América latina.
O autor menciona os museus brasileiros como herméticos e questiona o papel dos museus na atualidade perante o surgimento de mega exposições comerciais; e como tornar estes espaços públicos mais abrangentes frequentados por um maior volume público, além do escolar. Como estabelecer uma relação entre o museu e o segmento turístico, em face de significância deste espaço que tem um crescente de visitante.
O autor discorre sobre as proposições do encontro ocorrido em Lima no ano 2000, colocando em primeiro lugar que o museu coloca-se como instrumento de identidade e integração das comunidades, que a partir desta proposta deve participar em conjunto coma as operadoras de turismo no planejamento de objetivos buscando integrar circuitos de turismo cultural aliado a preservação das referências culturais e ao respeito do patrimônio da comunidade. O estabelecimento de programas e treinamentos para formação de profissionais multidisciplinares para as atividades turísticas e patrimoniais. Colocar os planejadores de turismos ao lado do profissional de museus para avaliação do impacto do visitante e permitir adequação da exposição e atender de forma harmônica os interesses do museu e do turismo cultural, mantendo uma infraestrutura adequada.
REFERÊNCIA
VASCONCELOS, Camilo de Mello. Turismo e Museus. São Paulo: Aleph, 2006. Cap. I e II, p.13- 45.
[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina Museologia e Turismo Cultural (BIB02007), ministrada pela Professora Enoí Dagô Liedke. Porto Alegre, out. de 2014. E-mail: rogério_petrini@hotmail.com.
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