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quinta-feira, 30 de abril de 2015

A identidade cultural na pós-modernidade - resenha

RESENHA
A identidade cultural na pós-modernidade
 
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
 
Stuart Hall:  ( 1932 -2014) foi um teórico cultural e sociólogo jamaicano que viveu no Reino Unido a partir de 1951. Foi uma das figuras fundadoras da escola de pensamento que hoje é conhecido como Estudos Culturais britânicos ou a escola Birmingham dos Estudos Culturais. Exerceu p cargo de presidente da Associação Britânica de Sociologia entre 1995 e 1997.
 
No primeiro capítulo o autor reflete a questão da identidade colocando que as velhas identidades estão em declínio fazendo surgir novas identidades e promovendo a crise de identidade como parte de processo de mudança social. Propõe-se a avaliar se existe uma crise de identidade e em que direção está indo e na afirmação de que as identidades estão descentradas, deslocadas e fragmentadas. Aborda a opinião da comunidade sociológica como dividida, nesta temática, e que o conceito de identidade é complexo e pouco desenvolvido e pouco compreendido pela ciência social. As mudanças estruturais estão transformando a sociedade contemporânea, fragmentando as classes de gênero, sexualidade, etnia e nacionalidade, mudando a identidade das pessoas, provocando a descentração do indivíduo do mundo social e cultural surgindo a crise de identidade. Examina três concepções de identidade a primeira a do sujeito do iluminismo articulada na pessoa humana, totalmente centrada, unificada e dotada da razão e ação, o centro era a identidade da pessoa sob olhar masculino; a concepção do sujeito sociológico consciência de que o núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, mas formado pela relação entre pessoas valorizando o simbólico e sentidos e modificando-se continuamente; o sujeito pós-moderno está fragmentando-se em várias identidades algumas contraditórias e mal resolvidas, em transformação contínua e assumindo identidades em diferentes momentos que não são unificadas em tono de si. O autor comenta o caráter da mudança na modernidade tardia (impacto da globalização sobre a identidade cultural) que a sociedade sofre mudanças constantes, rápidas e permanente, ocasionadas por ondas de transformações sociais e que a sociedade está constantemente sendo deslocada por forças fora de si mesma, que a sociedade da modernidade se caracteriza pelas diferenças e diferentes posições do sujeito. O que está em jogo na questão das identidades? É um dos questionamentos do autor e o autor reflexiona as consequências políticas da fragmentação ou pluralização de identidades e o jogo das identidades e suas consequências, que podem aflorar identidades contraditórias ou deslocadas, da sociedade ou do indivíduo. A identidade muda, pode ser ganha, ou perdida, de acordo com a forma que o sujeito é interpelado.
Nascimento e morte do sujeito moderno, capítulo em que o autor fala das concepções mutantes do sujeito humano, nas formas das mudanças da identidade no pensamento moderno. O individualismo que surgiu na época moderna atribuiu uma nova concepção do sujeito individual e da sua identidade, o sujeito é indivisível, é singular, distinta, e única. Na construção de sua história o sujeito passa por vários estágios conceituais iniciando pela ruptura do passado surgindo o indivíduo soberano, passando para o sujeito cartesiano instituído por Decartes, como o sujeito racional. O indivíduo soberano esta presente nos processos centrais que fizeram o mundo moderno. Surge o sujeito moderno envolvido com o desenvolvimento industrial, localizado no discurso da economia, e pela biologia darwiniana, onde a razão tinha base na natureza. Um segundo evento surge das novas ciências sociais o indivíduo soberano permanece como a figura central do discurso o sujeito cartesiano, dualista, tende ao campo da psicologia e a sociologia fornece crítica ao individualismo racional. O autor reflexiona os processos desenvolvidos pelo indivíduo, a internalização do exterior e externalização do interior, através das ações do mundo social, com uma reciprocidade estável entre si. E surge o comentário do indivíduo isolado, que aparecem exilado e anônimo da sociedade moderna. Descentrando o sujeito descreve o deslocamento através de rupturas no discurso do conhecimento moderno sobre o descentramento do sujeito cartesiano que está focado no dualismo da matéria, como substância espacial, e na mente, como substância pensante. Prioriza o descentramento provocado pelas tradições do pensamento marxista, século XIX, que coloca as relações sociais e não a noção abstrata de homem no centro de seu sistema teórico deslocando a essência universal do homem em que essa essência é o atributo de cada indivíduo. O segundo descentramento ocorre com a teoria de Freud de que nossas identidades, sexualidade, desejos, são formados com base em processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, que são formadas gradualmente ao longo do tempo, portanto incompleta e está sempre sendo formada. O terceiro descentramento está na linguista estrutural em que a língua é um sistema social e não individual e que em nenhum sentido nós somos os autores das afirmações, dos significados que expressamos na língua, utilizamos a língua para produzir significados das palavras que não são fixos e o falante individual não pode fixar o significado de uma forma final, incluindo o significado de sua identidade. O quarto descentramento está no poder disciplinar, poder instituído por Michel Foucault, cujo poder se preocupa com regulação sob o controle e disciplina dos regimes administrativos e a preocupação sobre o indivíduo e o corpo. O poder disciplinar é um produto das instituições coletivas e da modernidade tardia, a globalização. O quinto descentramento é o impacto do feminismo parte dos novos movimentos sociais, dos anos 70 que apelava para as mulheres. E questionou distinções entre o dentro e o fora, o privado e público, abrindo abordagens sobre a sexualidade, família, trabalho e a divisão doméstica, politizou a subjetividade a identidade e o processo de identificação e questionou a noção de homens e mulheres fazerem parte de uma mesma identidade, questionando diferença sexual. Nos cinco descentramento o autor mapeia as mudanças conceituais que influenciaram a questão da identidade.
As culturas nacionais como comunidades e imaginadas tópico em que o autor discorre como sujeito fragmentado é colocado em termos de sua identidade cultural propriamente identidade nacional, a nacionalidade como elo que identifica como algo mais amplo dentro de uma sociedade e a ideia de um indivíduo com o pertencimento de uma nação que envolve um conjunto de significados e sentidos. As culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também de símbolos e representação é o que diz o autor no tópico “narrando a nação uma comunidade imaginada”, a cultura nacional como um modo de construir sentidos que influência e organiza nossas ações e concepções que temos de nós mesmos. Sentidos que são contados nas histórias da nação e forma memórias e imagens que constroem a identidade nacional. O autor discute como a cultura nacional atua como uma fonte de significados culturais, um foco de identificação e um sistema de representação. Abre uma seção para falar da desconstrução da cultura nacional, identidade e diferença. Volta-se para a questão de saber se as culturas nacionais e as identidades nacionais que elas constroem, são realmente unificadas, solidificadas nos princípios da posse comum do legado de memórias, desejo de viver em conjunto, vontade de perpetuação da herança que recebeu. Uma cultura nacional que busca unificar as diversidades numa identidade cultural, para representá-los como uma nação. Resalva que as nações modernas são, todas, híbridas culturais, devido as suas diversidades, étnicas, religiosas, e, costumes.
O deslocamento da identidade cultural está sendo promovido, por um complexo de forças de mudanças instituído como globalização, processos atuantes em escala global, promovendo experiências e integrando comunidades em novas combinações de espaço e tempo, que resultam na compressão de distâncias e de escalas temporais com efeito sobre as identidades culturais. É um fenômeno recente, moderno que acelera o fluxo entre nações provocando o declínio de identidades nacionais e promovendo novas e hibridas identidades. A compressão espaço-tempo e identidade comentada pelo autor recaem na aceleração de processos globais com impacto imediato sobre pessoas e lugares situados em grande distância, impacto sobre a identidade e no sistema de representação, escrita, simbolizações através de arte dos sistemas de comunicação e objetos e a relação espaço-tempo têm efeitos profundos sobre a forma como as identidades são localizadas e representadas. O autor problematiza com a questão em direção ao pós-moderno global? E tematiza que o efeito desses processos, enfraquece as formas nacionais de identidade cultural promovendo afrouxamento da identificação nacional e o reforçamento de outros laços culturais, que as identificações globais, deslocam as identidades nacionais e para alguns teóricos está provocando o colapso em todas as identidades culturais promovendo a fragmentação dos códigos culturais em escala global, chamada de pós-moderno global. Quanto mais globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas de tempos lugares, histórias e tradições.
O global, o local, e o retorno da etnia capítulo que o autor examina como a globalização em suas formas mais recentes tem efeito sobre as identidades. Diz que a homogeneização das identidades é uma forma simplista de ver as coisas e que há uma fascinação com a diferença e com mercantilização da etnia, comenta haver uma nova articulação entre o global e o local, que a globalização produzirá novas identificações globais e simultaneamente novas identificações locais.  Anota que a globalização é distribuída de forma desigual ao redor do mundo produzindo resultados diferentes, num pensar que a globalização é um fenômeno ocidental. “O resto no ocidente”, tópico em que o autor apresenta dentro das possíveis consequências da globalização as qualificações da homogeneização das identidades globais enumerando em primeiro lugar que a globalização caminha em paralelo com um reforçamento das identidades locais, embora isto esteja dentro da lógica da compressão espaço-tempo; em segundo lugar coloca que é um processo desigual e tem sua própria geometria de poder; e por último que a globalização retém alguns aspectos da dominação global ocidental, mas as identidades culturais estão, em toda parte, sendo relativizadas pelo impacto da compressão espaço-tempo. A dialética das identidades, com este título no final do capítulo argumenta que a globalização tem efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional tem um efeito plural sobre as identidades, produzindo uma variedade de possibilidades de novas posições de identificação, no entanto seu efeito geral permanece contraditório diante de algumas identidades que tentam recuperar ou manter sua unidade como no caso da tradição e de outras que se abrigam na tradução ou no aceite de que as identidades estão sujeitas a um plano histórico, da representação e da diferença e em consequência improváveis de serem puras novamente.
O fundamentalismo, diáspora e hibridismo, é o capítulo em que o autor descreve o movimento contraditório entre tradição e tradução. Refere-se que em toda a parte está surgindo identidades culturais que não são fixas, mas que retiram seus recursos de diferentes tradições culturais. Reside na tradução com significação de transferir, de transportar entre fronteiras, a formação de identidades que atravessam e intersectam as fronteiras naturais, composta por pessoas que foram dispersas de sua terra natal, mas que retém fortes vínculos com seu lugar e tradição carregam traços culturais, das linguagens e das histórias locais, e formam identidades hibridas, por pertencerem a dois mundos diferentes.
O tema é bastante complexo, mas nos arriscamos a reflexionar sobre a atualidade deste início do século XXI, onde se acelera a diminuição do espaço-tempo, pelo avanço das tecnologias de comunicação e disseminação das redes sociais, fenômeno da internet, que põe o cotidiano de muito a disposição de muitos, influenciando dessa forma em novas propostas de modo de vida de comportamento e promovendo ao longo do tempo uma mudança de identidade e de identificações associadas e ou com a assimilação de outras culturas, que agora se apresentam sem fronteiras e que formam um novo hibridismo cultural provocado por estas tecnologias.
 
REFERÊNCIA
HALL, Stuart; SILVA. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2009. 101 p.


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com.

domingo, 26 de abril de 2015

NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULclip_image002
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO
CURSO DE MUSEOLOGIA





Rogerio Carlos Petrini de Almeida









NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM









Porto Alegre
2015




 Rogerio Carlos Petrini de Almeida








NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM


Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial para aprovação na Disciplina BIB03242, Arquitetura e espaços em museus, ministrada pela Prof. Jeniffer Cuty, da Faculdade de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consta no blog do autor.










Porto Alegre
2015
FIGURAS
Figura 1
 Prédio e mapa localização do MUSECOM
6
Figura 2
Lateral do Museu
6









SUMÁRIO


1
INTRODUÇÃO..............................................................................
5
2
LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA....................
6
3
O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO........
7
4
A ARQUITETURA ECLÉTICA .............................................
8
5
A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO ..................................................
10
6
O ARQUITETO..........................................................................
12
7
O MUSEU....................................................................................
13
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................
14

REFERÊNCIA
15










1 INTRODUÇÃO

O presente texto focaliza a tipologia arquitetônica eclética, focada no prédio construído em 1922, onde está abrigado o Museu da Comunicação Hipólito da Costa. Prédio de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul e tombado em 1982.
A análise recai sobre as características arquitetônicas do prédio sua monumentalidade, fachada, e seu entorno, considerando seu uso e funcionalidade pela ocupação do Museu.
Não se trata de um trabalho exaustivo, mas que promove e instiga a novos conhecimentos, e pesquisa relacionada a esta tipologia arquitetônica, que teve seu apogeu nas décadas iniciais dos anos de 1900.




2 LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA.


 O prédio está localizado a Rua dos Andradas, 959, Centro Histórico de Porto Alegre, faz esquina com a rua Caldas Junior, e enfrente a sua porta está o prédio do jornal Correio do Povo, também definido como arquitetura eclética. É propriedade do Governo Estadual do Rio Grande do Sul.

Figura 1 Prédio e mapa localização do MUSECOM
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Imagem: Recorte do Site do Google.[1]

            Nas suas proximidades está localizada a praça mais conhecida como Praça da Alfândega, e com proximidade ao Lago Guaíba, que fica a três quarteirões. As ruas que o circundam são de grande movimentação de veículos leves e passados, com cargas e descargas em sua proximidade, portanto o prédio sofre a uma grande influência de agentes externos. Conforme podemos perceber pela imagem a baixo.
Figura 2 Lateral do Museu
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Foto de Rogério Almeida

3 O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO

O prédio foi construído em 1922, tendo como responsável Teófilo Borges de Barros, gaúcho, engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de Porto Alegre inaugurada em sessão solene, no dia 6 de setembro deste ano, durante os festejos do Centenário da Independência, no Governo de Borges de Medeiros. Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, tendo sido reconstruído e ampliado pelos fundos na Rua Caldas Junior[2].
O objetivo principal de sua construção era abrigar o funcionamento do jornal A Federação, constituído em 1884, extinto em 1937.
Em 1938, o jornal do Estado - misto de Diário Oficial e órgão noticioso – ficou sediado nesse prédio.
Em 1942, o jornal do Estado transforma-se no atual Diário Oficial, sendo mais tarde incorporada a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), que ocupou o local até sua transferência definitiva para a sede atual, localizada na Rua Coronel Aparício Borges, em Porto Alegre.
Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, sendo reconstruído e ampliado nos fundos, junto à Rua Caldas Júnior.
Desde 1974, abriga o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
Em 2010 o prédio passou por uma recuperação em diversos pontos, ocorreu a pintura externa e dos ornatos, transformaram o porão num espaço que pode ser utilizado para exposições, e resolveram os problemas existentes na sala em que está o acervo de cinema. Do hall retiraram uma escada em caracol, que descaracterizava o Museu. A recuperação ocorreu por conta do programa Monumenta[3].
O prédio é patrimônio histórico do Estado, fazendo parte da trajetória política e cultural, da cidade, está inscrito no livro tombo 08 – Livro Tombo Histórico, com data de inscrição de 28/07/1982 e publicação no diário oficial em 12/02/1987[4].



4 A ARQUITETURA ECLÉTICA

A arquitetura eclética surge em porto alegre, no final do Império, mas com significativas mudanças no contexto arquitetônico a partir da proclamação da República em 1889, quando as províncias ganharam alguma autonomia na escolha estilística, e aparecem projetos ecléticos a partir de 1898, com característica da arquitetura clássica, no início do século XX surge o eclético neobarroco em edificações públicas, bancos, promovido por Theodor Wiederspahm, quando Porto alegre começa a exibir obras ecléticas com referência ao classicismo, barroco e gótico, incorporando o ferro e o concreto nas construções. A art nouveau é incluída no contexto ecletista por ocorrem estilo historicista e seguem matrizes europeias de elementos decorativos (SCHAFFER, 2011).
Ecletismo classista é revelado na maior profusão dos elementos decorativos do estilo clássico, como ornamentos aplicados, estátuas, frisos, texturas, preferências de planos e volumes em contrate com o rigor geométrico do neoclassicismo. O ecletismo classicista é reconhecível pelo predomínio de elementos clássicos em sua configuração e ornamentação estatuária, com conteúdo político-ideológico e com objetivos de salientar o caráter nas edificações (SCHAEFFER, 2011).
O ecletismo neobarroco em Porto Alegre tem influencia no barro alemão, destacando-se as construções de Theodor Wiedersphan, nas primeiras décadas dos anos de 1900. O ecletismo adota o estilo neobarroco adicionando linhas curvas ao desenho das aberturas, frontões, cúpulas, com a percepção de que a arquitetura barroca tem um uso de formas curvilíneas, de profundidade dos elementos da construção e de decoração (SCHAFFER, 2011).
Ecletismo neogótico, segundo Schaffer (2011), a arquitetura gótica tem uma identidade religiosa cristão, com verticalização da edificação. E comenta que no neogótico estão em destaque nas edificações os arcos e abóbodas ogivais e nervuradas as agulhas, as torres campanárias, os lambrequins e rendilhados, as janelas geminadas por madeiras, as rosáceas e óculos, os trifólios e os vitrais. Diz que os pilares apresentam núcleo central adoçado com colunetas cilíndricas e colunas esbeltas oriundas da abóboda e que no Brasil, a arquitetura neogótica, se concentrou em capelas e igrejas.
Uma das técnicas que é empregada nas fachadas de prédios ecléticos é o “estuque”, utilizado em composição de ornamentos das fachadas. o estuque é o nome dado a argamassa de revestimento, de vedação, de preenchimento de armação, que depois de seca adquire grande dureza e resistência no tempo, podendo ser feita de uma mistura de cal, areia, água e pó de mármore. É utilizado largamente em confecção de ornamentos, frisos, relevos, adereços que ornam os prédios. O estuque garante a durabilidade do ornamento sob a influência do tempo (NOBRE, VALENTIM, 2009).


5 A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO

A edificação apresenta o estilo eclético, próprio da arquitetura positivista, no qual se misturam várias tendências artísticas.
Como era comum nas edificações da época, possui fachadas ecléticas com elementos do neoclassicismo. No alto do frontão da fachada principal destaca-se uma figura feminina empunhando archote na mão direita, alegoria que simboliza a imprensa, executada pelo escultor italiano Luiz Sanguin. Para Arheim (1988), a imagem do edifício deve orientar e espera que os edifícios mostrem como podem ser usadas, em um aspecto funcional de saber sua entrada e circulação. Que se configurem numa espécie de linguagem visual, que num olhar se identifique a espécie de prédio que temos em nossa frente. As colocações de Arheim estariam em consonância quando da concepção do prédio, mas encontramos resalvas na sua atualidade quando está ocupado por um Museu.
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A escultura alegórica no alto da construção se destaca, representando a imprensa foi restaurada, em 1995, pelo escultor João Carlos Ferreira, da equipe da Brigada Militar, acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), pois estava danificada há mais de 40 anos, perdendo a mão e a respectiva tocha[5].
O imóvel compõe-se de duas edificações interligadas, formando um conjunto heterogêneo. Em razão da diferença de níveis, existem ligações internas por passagens e escadas. A Edificação 01 situa-se na Rua dos Andradas, esquina com Rua Caldas Júnior. É uma construção eclética com quatro pavimentos, que abriga áreas de exposição, auditório, reservas técnicas divididas por temas e salas administrativas do Museu. A Edificação 02 fica na Rua Caldas Júnior. Prédio modernista com quatro pavimentos, o prédio abriga salas e espaços para exposição de máquinas antigas e o setor de arquivo de periódicos do Museu, tem um acesso pela Rua Caldas Júnior, hoje fechado, sendo o acesso principal feito pela Rua dos Andradas[6].
A fachada para a Rua da Praia é seu acesso principal, tem três entradas em portas retangulares, de madeira, com mais de 3 metros com vidraças em quadrado na parte superior, para acolher maior iluminação. Antecedem as portas três degraus recuados entre os pilares das colunas, estas colunas, em pares, se alinham pelos três andares, atribuindo uma simetria e uma imponência ao prédio. As colunas são elementos clássicos aplicados a construção. As janelas com platibandas emolduramento geométrico remetem a art-deco, e os balaustres bem resalta o clássico. Os círculos frontais a escultura alegórica no alto da construção somam-se ao conjunto contribuindo com o excesso de ornamentos que caracterizam a arquitetura eclética.  Schaffer (2011) comenta que as esculturas, no ecletismo, adquirem um papel individual ao constituírem uma mensagem adicional ao edifício.
O frontão no alto onde se posiciona a estatuária e a profundidade existente nas aberturas com linhas curvas na parte superior caracterizam um estilo neobarroco.
As paredes têm técnica de construção de tijolos com argamassa, com grande largura para a sustentação de sua estrutura. O pé direito é alto acima de 3 metros, que proporciona um conforto térmico. As janelas são feitas de esquadrias de madeiras com vidraças na forma quadrada. As portas principais são igualmente em madeira, com altura acima do padrão de 2,10 metros, com entalhes de acabamentos em madeira. O piso entre andares tem um vão largo, confeccionado em concreto e ferro, estes também são elementos que caracterizam uma arquitetura eclética.

6 O ARQUITETO

O projeto do prédio onde está instalado o MUSECOM foi executado pelo engenheiro da Secretaria de Obras Públicas Theóphilo Borges de Barros, responsável também pelas obras de ampliação da Biblioteca Pública do Estado e pelo projeto da Secretaria da Fazenda este último é uma edificação, imponente pelo perfeito equilíbrio das massas, em estilo neoclássico, possui três pavimentos e altura total de 20 metros, sendo que a agulha da cúpula mede cerca de 45 metros, o projeto, atribuído ao Engenheiro Theophilo Borges de Barros, tem área coberta de, aproximadamente, 2.400m² e compreende dois edifícios, ligados por dois suntuosos pórticos.
Theóphilo Borges de Barros (1882/1953) gaúcho formou-se em 1914 pelo curso de arquitetura da escola de engenharia de Porto Alegre, chegando a ser nomeado Diretor de obras do Estado do Rio Grande do Sul, além das obras citadas têm outras de sua autoria em Porto Alegre e Pelotas.



7 O MUSEU

Instituição da Secretaria de Estado da Cultura, O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa foi criado através de decreto em 10 de setembro de 1974 com a finalidade de guardar, preservar e difundir a memória dos meios de comunicação no Rio Grande do Sul. Tem como sua mantenedora a Secretária de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul. Ocupa os espaços do prédio construído em 1922, com objetivo de abrigar as atividades de u7m jornal, e sua impressão, e não como um ambiente específico de museu e como Gonçalves, Souza e Froner (2008), as maiorias das instituições Museus situam-se em edifícios que originalmente cumpriam outras funções e que se tornaram instrumentos ideológicos de afirmação cultural, abrigando além de sua memória arquitetônica os acervos pertinentes ao museu, porém nem sempre contendo espaços adequados a preservação e exposição dos objetos.
Em relação ao Museu da Comunicação Hipólito Jose da Costa, tem a missão de preservar a memória da comunicação social do Estado do Rio Grande do Sul, salvaguardando mais de 5.000 títulos de jornais que circularam no Estado. Um acervo tridimensional, de objetos relacionados a comunicação e a arte gráfica da imprensa, discos e fitas cinematográficas em mais de 600.000 registros fotográficos[7].


5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

               
A arquitetura eclética na Capital gaúcha teve uma pratica fortalecida nas primeiras décadas dos anos de 1900, especialmente, aplicada na construção de prédios públicos, o prédio do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, soma-se ao vários construídos nesta época, reunindo em sua concepção diversos estilos arquitetônicos, atribuindo uma imagem imponente. Seu destino primário o abrigo do funcionamento de um jornal, com todos os seus pesados equipamentos, e um grande volume de papel, para a impressão deste periódico. Com o encerramento das atividades do jornal o prédio foi tombado por sua significância histórica e do contexto da cidade, vindo a abrigar em 1974 as instalações de um museu.
O prédio não foi propriamente construído para fins de abrigar um museu, mas assume esta posição e a instituição museu que ali se encontra procura se adequar aos seus espaços, ocupando-o para salvaguardar documentos jornalísticos de imagens e tridimensionais, com fins de preservar a memória deste nicho cultural da cidade e do Estado.
Entendemos que é importante a preservação da memória arquitônica da cidade, deste estilo de construção que se notabilizou em sua época, e que embora não sendo construída para abrigar museu, a instituição museu que se apropria do espaço é um elemento forte em na conservação e preservação desta construção e desta memória.




REFERÊNCIA




ARHEIM, Rudolf. Os símbolos através da dinâmica, in: A dinâmica da forma arquitectônica. Lisboa: Presença, i Ed. PA. 169-201, 1988.

NOBRE, André Winter, VALENTIM, Jaison dos Santos. Elementos funcionais  das fachadas ecléticas pelotense 1870-1931. Estuque um olhar sobre o Banco Nacional do Comércio, UFPEL, 2009.

SCHAFFER, Barbara. Porto Alegre, Arquitetura o estilo 1880 a 1930. Dissertação de mestrado UFRGS, Faculdade de Arquitetura, programa de pesquisa e pós-graduação em arquitetura, BR-RS, 2011.

SOUZA, Luiz Antônio Cruz; ROSARO, Alessandra e FRONER, Yacy-Ara (org). Roteiro de avaliação e diagnóstico de conservação preventiva. Tópicos em conservação preventiva 1. Projeto Conservação preventiva: avaliação e diagnóstico de coleções. Programa de cooperação técnica: IPHAN e UFMG. Belo Horizonte: LACICOR − EBA−UFMG, 2008.43p.




[1] Fonte: https://www.google.com.br/#q=museu+da+comunica%C3%A7%C3%A3o
[2] Site Musecom: Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ acesso: em: 14 abr.2015.
[3] Sul21. Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/patrimonio-historico-porto-alegre-ganhara-novo-centro-cultural-em-2012/ Acesso em: 14 abr. 2015
16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[5] Site do Museu. Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ Acesso em: 14 abr. 2015.
[6] Site do Iphae. Disponível em: ttp://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item
=16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[7] Fonte: Museu da Comunicação Jose Hipólito da Costa.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Teoria Museológica: Waldisa Russio e as Correntes internacionais – resenha

RESENHA
Teoria Museológica: Waldisa Russio e as Correntes internacionais

Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]

Manuelina Maria Duarte Cândido : possui graduação em História pela Universidade Estadual do Ceará (1997), especialização em Museologia pela Universidade de São Paulo (2000), mestrado em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (2004) e doutorado em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (2012, Lisboa - Portugal). Professora Adjunta I da Universidade Federal de Goiás (UFG), do curso de Museologia[2].

Palavras chaves: Museologia. Museus. Fato museal.
             
A autora observa as duas revoluções por que passou a museologia segundo o autor Peter van Mensch, sendo a primeira no final do século XIX, considerada a era dos museus, que trouxe para este âmbito novos elementos como a organização profissional a ética e transformações nas exposições e que o século XX revolucionou o universo dos museus com a participação da América latina, com a criação de órgãos internacionais de museus, com a criação de uma nova museologia , que passa do foco das coleções para o foco das funções com o museu integral, com maior participação e inclusão da comunidade.
Comenta a influência da mesa redonda de Santiago do Chile em 1972, e com a participação de Waldisa Rússio que revisa pontos fundamentais da trajetória dos museus afirmando que podem ser deflagradores de utopias que se apoia nas ideias de Varine-Bohan de que a mensagem contida nos objetos transite para seu receptor natural o homem e que os museus devem existir para as pessoas.
Há uma crítica sobre a administração dos museus paulistas, universitários e particulares, que consideram autocráticas, personalistas e centralizadas, como ação restritiva dos museus para suas comunidades, onde o Estado se sente dono do acervo patrimonial. Rússio, também, aborda a ineficácia da formação em Museologia de uma autonomia orçamentária de autossustentação parcial de modelo jurídico mais flexível. Transita pela produção escassa de artigos e literatura sobre o campo do museu no Brasil. Russio em suas conclusões caracteriza a proposta de museu como memória de lutas e argumenta pela adequação da linguagem tridimencional dos objetos para narrar o processo – museu processo um museu de homens, com discurso questionador. Argumenta o objeto de estudo da museologia como o fato museal – uma relação profunda entre o homem, sujeito que conhece, e o objeto, testemunho da realidade, em um cenário institucionalizado, o museu.Entra nesta abordagem o novo museu, o museu conceituado por Varine de ecomuseu o museu cujo os atores são a população, o patrimônio e o território, comparado com o museu tradicional que tem seus atores no público, na coleção e no edifício. Passando por uma abordagem de Ana Evres, de que a Museologia vem sempre se baseando na definição veiculada ao homem, ao objeto e ao espaço de onde partem as relações.
Ainda a autora refere-se a colocação de Peter van Mensch que as tendências do  pensamento museológica internacional,  ocorrem  pelo estudo da finalidade e organização dos museus, pelo estudo da implementação e integração das atividades dos museus, pelo estudo dos objetos museológicos e da musealidade, associada a informação contidas nos objetos e em seu processo de emissão e pelo estudo de uma relação específica entre o homem e a realidade,tendo sua preferência por esta última colocação. Este último pensamento museológico, o fato museal , segundo a autora refletiu de forma ainda branda pela língua portuguesa em que foi divulgado, pela pouca penetração no meio mundial dos projetos e publicações brasileiras.
Colocamos-nos numa posição defensora do fato museal, como objeto da museologia, numa tradução mais visionária da relação homem/objeto e sua representação e acreditamos que na atualidade a língua deixa de ser uma barreira, e se percebe que é crescente os trabalhos literários e acadêmicos no campo da Museologia no Brasil.
 


REFERÊNCIA

CÂNDIDO, Manuelina Maria Duarte. Teoria museológica: Waldisa Rússio e as correntes internacionais. In: BRUNO, Maria Cristina Oliveira (org.). Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional. Vol.2, 1.ed., São Paulo: Pinacoteca do Estado; Secretaria de Estado de Cultura; Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, 2010. p. 145-154.


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com. Consta no blog pessoal.
[2] Fonte: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4776504Y5