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domingo, 14 de junho de 2015

MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA – MUSECOM: noções de arquitetura eclética e enfoque na acessibilidade e gestão de risco do acervo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULclip_image002
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO
CURSO DE MUSEOLOGIA
 
 
 
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA – MUSECOM:
noções de arquitetura eclética e enfoque na acessibilidade e gestão de risco do acervo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre
06/2015


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Rogerio Carlos Petrini de Almeida
 
 
 
 
 
 
 
 
MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA – MUSECOM:
noções de arquitetura eclética e enfoque na acessibilidade e gestão de risco do acervo
 
 
 
 
Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial para aprovação na Disciplina BIB03242, Arquitetura e espaços em museus, ministrada pela Prof. Eráclito Pereira, da Faculdade de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consta no blog do autor.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre
06/2015
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Figura 1 Prédio e mapa localização do MUSECOM    6
Figura 2 Lateral do Museu  6
Figura 3 Prédio eclético neobarroco  10
Figura 4 Aplicação de estuque  11
Figura 5 estuque decorativo  11
Figura 6 Entrada do Museu  12
Figura 7 Prédio do Museu  15
Figura 8 Escada de acesso- primeiro plano  16
Figura 9 Acesso pela caldas junior 16
Figura 10 Área de exposição de longa duração  17
Figura 11 Imprensa- umidade e mofo  19
Figura 12 Paredes com mofo  19
Figura 13 Papeis desorganizados  20
Figura 14 Material acondicionadodentro de elevador 21
Figura 15 Escada e extintor 21
Figura 16  Extintor bloqueado escada  21
Figura 17 Luz e janelas  22
Figura 18 Volumes de Jornais  23
 


SUMÁRIO
 
1 INTRODUÇÃO   5
2 LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA. 6
3 O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO   7
4 A ARQUITETURA ECLÉTICA   10
5 A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO   12
6 O ARQUITETO   14
7 ACESSIBILIDADES NA CIRCULAÇÃO E COMUNICAÇÃO   15
8 GESTÃO DE RISCO SOBRE O ACERVO   18
9 O MUSEU   22
10  CONSIDERAÇÕES FINAIS  23
REFERÊNCIA   24
 
 
 
 
 
 
 
 


 

1 INTRODUÇÃO

 
O presente texto observa os aspectos de acessibilidade e de riscos que podem incidir sobre o acervo. Aborda a tipologia arquitetônica eclética, focada no prédio construído em 1922, onde está abrigado o Museu da Comunicação Hipólito da Costa. Prédio de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul e tombado em 1982.
A análise toma como base os textos estudados dentro da disciplina Arquitetura e Espaços de Museus do Curso de Museologia da UFRGS. Tem um olhar que recai sobre as características arquitetônicas do prédio sua monumentalidade, fachada, e seu entorno, considerando seu uso e funcionalidade pela ocupação do Museu. Nas condições de acessibilidade de circulação, das informações e na gestão de risco do acervo.
Este texto complementa o estudo anterior[1] sobre as características da arquitetura eclética acrescentando-se alguns aspectos de acessibilidade e risco de acervo. Não se trata de um trabalho exaustivo, mas que promove e instiga a novos conhecimentos, e pesquisa relacionada a esta tipologia arquitetônica, que teve seu apogeu nas décadas iniciais dos anos de 1900 e nas questões de acessibilidade e riscos, que dentro deste Museu podem mudar de situação pelo passar do tempo, apresentando melhoras ou não, conforme atuação da Gestão do Museu.
 
 
 


2 LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA.

 
 O prédio está localizado a Rua dos Andradas, 959, Centro Histórico de Porto Alegre, faz esquina com a rua Caldas Junior, e enfrente a sua porta está o prédio do jornal Correio do Povo, também definido como arquitetura eclética. É propriedade do Governo Estadual do Rio Grande do Sul.
 
 
Figura 1 Prédio e mapa localização do MUSECOM
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Imagem: Recorte do Site do Google.[2]
 
            Nas suas proximidades está localizada a praça mais conhecida como Praça da Alfândega, e com proximidade ao Lago Guaíba, que fica a três quarteirões. As ruas que o circundam são de grande movimentação de veículos leves e passados, com cargas e descargas em sua proximidade, portanto o prédio sofre a uma grande influência de agentes externos. Conforme podemos perceber pela imagem a baixo.
Figura 2 Lateral do Museu
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Foto de Rogério Almeida
 
 Considerar-se, desde já, a acessibilidade que o entorno promove para o acesso ao Museu.
Schettino (2014, p.112) comenta que “o desafio da gestão da mobilidade em lugares de interesse histórico e cultural consiste em atender aos interesses sociais e econômicos próprios da vitalidade urbana, mantendo as condições necessárias para a preservação desses lugares.” É uma área de grande circulação de pessoas, nas calçadas do entorno do edifício, onde não há uma marcação adequada para pessoas com deficiência visual. Há rebaixamento da calçada nas esquinas, que possuem sinaleiras, nas duas ruas, mas que não possuem sinalização sonora e as faixas de seguranças estão desgastadas. Não há indicativo para deficientes visuais de que ali é um Museu (calçada deveria ter uma indicação para isto e na parede do prédio uma sinalização para sua identificação como Museu). As duas ruas que circundam o Museu não permitem o desembarque de qualquer tipo de visitante. As duas laterais do Museu deveriam conter área de estacionamento (demarcada e sinalizada), para desembarque de pessoas com deficiências, idoso, turista. Schettino (2014, p.115) comenta sobre este aspecto que “as intervenções sobre um determinado elemento do sistema de mobilidade repercutem sobre o resto dos elementos” o que aqui se enquadra pelo aumento efetivo de inclusão que representa a melhora da oferta de infraestrutura podendo gerar novos visitantes ao Museu. Também se observa que, mesmo, para não deficientes a identificação do prédio como o Museu da Comunicação, não é clara.
 


3 O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO

 
O prédio foi construído em 1922, tendo como responsável Teófilo Borges de Barros, gaúcho, engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de Porto Alegre inaugurada em sessão solene, no dia 6 de setembro deste ano, durante os festejos do Centenário da Independência, no Governo de Borges de Medeiros. Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, tendo sido reconstruído e ampliado pelos fundos na Rua Caldas Junior[3].
O objetivo principal de sua construção era abrigar o funcionamento do jornal A Federação, constituído em 1884, extinto em 1937.
Em 1938, o jornal do Estado - misto de Diário Oficial e órgão noticioso – ficou sediado nesse prédio.
Em 1942, o jornal do Estado transforma-se no atual Diário Oficial, sendo mais tarde incorporada a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), que ocupou o local até sua transferência definitiva para a sede atual, localizada na Rua Coronel Aparício Borges, em Porto Alegre.
Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, sendo reconstruído e ampliado nos fundos, junto à Rua Caldas Júnior.
Desde 1974, abriga o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
Em 2010 o prédio passou por uma recuperação em diversos pontos, ocorreu a pintura externa e dos ornatos, transformaram o porão num espaço que pode ser utilizado para exposições, e resolveram os problemas existentes na sala em que está o acervo de cinema. Do hall retiraram uma escada em caracol, que descaracterizava o Museu. A recuperação ocorreu por conta do programa Monumenta[4].
O prédio é patrimônio histórico do Estado, fazendo parte da trajetória política e cultural, da cidade, está inscrito no livro tombo 08 – Livro Tombo Histórico, com data de inscrição de 28/07/1982 e publicação no diário oficial em 12/02/1987[5].
 Importante ressaltar as colocações de Hühl (2013);
 É necessário analisar as características da obra – sua composição, articulação de espaços, materiais e sistemas construtivos, estratificação ao longo do tempo respeitando sua configuração e seus aspectos documentais – para, depois, definir um uso compatível com essas características e desenvolver o programa de acordo com elas. O que se faz nos dias de hoje, em geral, é exatamente o contrário: adaptar um edifício (ou um conjunto de edifícios) a uso preestabelecido, fazendo com que passe por transformações vultosas, desconformes com suas particularidades, gerando destruições maciças.
 
As considerações de Hühl (2013) são oportunas neste momento em face de apropriação do prédio tombado, ser destinado ao uso da instituição MUSECOM. Prédio cujas instalações iniciais tinham outras intenções, e cujos espaços passam a assumir novas funções, agora adaptadas à conservação e preservação de memória. Conservação, não apenas do prédio, mas, de um extenso e diversificado acervo, que requer diferentes ambientações e diferentes tipos de espaços e uma maior atenção aos requisitos de acessibilidade do público, que de alguma forma atuam e interferem na proposta da arquitetura inicial.
 


4 A ARQUITETURA ECLÉTICA

 
A arquitetura eclética surge em porto alegre, no final do Império, mas com significativas mudanças no contexto arquitetônico a partir da proclamação da República em 1889, quando as províncias ganharam alguma autonomia na escolha estilística, e aparecem projetos ecléticos a partir de 1898, com característica da arquitetura clássica, no início do século XX surge o eclético neobarroco em edificações públicas, bancos, promovido por Theodor Wiederspahm, quando Porto alegre começa a exibir obras ecléticas com referência ao classicismo, barroco e gótico, incorporando o ferro e o concreto nas construções. A art nouveau é incluída no contexto ecletista por ocorrem estilo historicista e seguem matrizes europeias de elementos decorativos (SCHAFFER, 2011).
Ecletismo classista é revelado na maior profusão dos elementos decorativos do estilo clássico, como ornamentos aplicados, estátuas, frisos, texturas, preferências de planos e volumes em contrate com o rigor geométrico do neoclassicismo. O ecletismo classicista é reconhecível pelo predomínio de elementos clássicos em sua configuração e ornamentação estatuária, com conteúdo político-ideológico e com objetivos de salientar o caráter nas edificações (SCHAEFFER, 2011).
O ecletismo neobarroco em Porto Alegre tem influencia no barro alemão, destacando-se as construções de Theodor Wiedersphan, nas primeiras décadas dos anos de 1900. O ecletismo adota o estilo neobarroco adicionando linhas curvas ao desenho das aberturas, frontões, cúpulas, com a percepção de que a arquitetura barroca tem um uso de formas curvilíneas, de profundidade dos elementos da construção e de decoração (SCHAFFER, 2011).
Figura 3 Prédio eclético neobarroco
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Ecletismo neogótico, segundo Schaffer (2011), a arquitetura gótica tem uma identidade religiosa cristão, com verticalização da edificação. Comenta que no neogótico estão em destaque nas edificações os arcos e abóbodas ogivais e nervuradas as agulhas, as torres campanárias, os lambrequins e rendilhados, as janelas geminadas por madeiras, as rosáceas e óculos, os trifólios e os vitrais. Diz que os pilares apresentam núcleo central adoçado com colunetas cilíndricas e colunas esbeltas oriundas da abóboda e que no Brasil, a arquitetura neogótica, se concentrou em capelas e igrejas.
Uma das técnicas que é empregada nas fachadas de prédios ecléticos é o “estuque” (figura 3), utilizado em composição de ornamentos das fachadas (figura 4). O estuque é o nome dado a argamassa de revestimento, de vedação, de preenchimento de armação, que depois de seca adquire grande dureza e resistência no tempo, podendo ser feita de uma mistura de cal, areia, água e pó de mármore. É utilizado largamente em confecção de ornamentos, frisos, relevos, adereços que ornam os prédios. O estuque garante a durabilidade do ornamento sob a influência do tempo (NOBRE, VALENTIM, 2009).
 
Figura 4 Aplicação de estuque

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Figura 5 estuque decorativo

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5 A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO

 
A edificação apresenta o estilo eclético, próprio da arquitetura positivista, no qual se misturam várias tendências artísticas.
Como era comum nas edificações da época, possui fachadas ecléticas com elementos do neoclassicismo. No alto do frontão da fachada principal destaca-se uma figura feminina empunhando archote na mão direita, alegoria que simboliza a imprensa, executada pelo escultor italiano Luiz Sanguin. Para Arheim (1988), a imagem do edifício deve orientar e espera que os edifícios mostrem como podem ser usadas, em um aspecto funcional de saber sua entrada e circulação. Que se configurem numa espécie de linguagem visual, que num olhar se identifique a espécie de prédio que temos em nossa frente. As colocações de Arheim estariam em consonância quando da concepção do prédio, mas encontramos resalvas na sua atualidade quando está ocupado por um Museu.
 
Figura 6 Entrada do Museu
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A escultura alegórica no alto da construção se destaca, representando a imprensa foi restaurada, em 1995, pelo escultor João Carlos Ferreira, da equipe da Brigada Militar, acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), pois estava danificada há mais de 40 anos, perdendo a mão e a respectiva tocha[6].
O imóvel compõe-se de duas edificações interligadas, formando um conjunto heterogêneo. Em razão da diferença de níveis, existem ligações internas por passagens e escadas. A Edificação 01 situa-se na Rua dos Andradas, esquina com Rua Caldas Júnior. É uma construção eclética com quatro pavimentos, que abriga áreas de exposição, auditório, reservas técnicas divididas por temas e salas administrativas do Museu. A Edificação 02 fica na Rua Caldas Júnior. Prédio modernista com quatro pavimentos, o prédio abriga salas e espaços para exposição de máquinas antigas e o setor de arquivo de periódicos do Museu, tem um acesso pela Rua Caldas Júnior, hoje fechado, sendo o acesso principal feito pela Rua dos Andradas[7].
A fachada para a Rua da Praia é seu acesso principal, tem três entradas em portas retangulares, de madeira, com mais de 3 metros com vidraças em quadrado na parte superior, para acolher maior iluminação. Antecedem as portas três degraus recuados entre os pilares das colunas, estas colunas, em pares, se alinham pelos três andares, atribuindo uma simetria e uma imponência ao prédio. As colunas são elementos clássicos aplicados a construção. As janelas com platibandas emolduramento geométrico remetem a art-deco, e os balaustres bem resalta o clássico. Os círculos frontais a escultura alegórica no alto da construção somam-se ao conjunto contribuindo com o excesso de ornamentos que caracterizam a arquitetura eclética.  Schaffer (2011) comenta que as esculturas, no ecletismo, adquirem um papel individual ao constituírem uma mensagem adicional ao edifício.
O frontão no alto onde se posiciona a estatuária e a profundidade existente nas aberturas com linhas curvas na parte superior caracterizam um estilo neobarroco.
As paredes têm técnica de construção de tijolos com argamassa, com grande largura para a sustentação de sua estrutura. O pé direito é alto acima de 3 metros, que proporciona um conforto térmico. As janelas são feitas de esquadrias de madeiras com vidraças na forma quadrada. As portas principais são igualmente em madeira, com altura acima do padrão de 2,10 metros, com entalhes de acabamentos em madeira. O piso entre andares tem um vão largo, confeccionado em concreto e ferro, estes também são elementos que caracterizam uma arquitetura eclética.


6 O ARQUITETO

 
O projeto do prédio onde está instalado o MUSECOM foi executado pelo engenheiro da Secretaria de Obras Públicas Theóphilo Borges de Barros, responsável também pelas obras de ampliação da Biblioteca Pública do Estado e pelo projeto da Secretaria da Fazenda este último é uma edificação, imponente pelo perfeito equilíbrio das massas, em estilo neoclássico, possui três pavimentos e altura total de 20 metros, sendo que a agulha da cúpula mede cerca de 45 metros, o projeto, atribuído ao Engenheiro Theophilo Borges de Barros, tem área coberta de, aproximadamente, 2.400m² e compreende dois edifícios, ligados por dois suntuosos pórticos.
Theóphilo Borges de Barros (1882/1953) gaúcho formou-se em 1914 pelo curso de arquitetura da escola de engenharia de Porto Alegre, chegando a ser nomeado Diretor de obras do Estado do Rio Grande do Sul, além das obras citadas têm outras de sua autoria em Porto Alegre e Pelotas.
 
 


7 ACESSIBILIDADES NA CIRCULAÇÃO E COMUNICAÇÃO

 
 Utilizamos as considerações de Cohen, Duarte e Brasileiro (2012, p. 111) sobre e existência de barreiras de acesso aos museus referindo-se a acessibilidade quando dizem:
A existência de vagas especiais nas suas proximidades, as calçadas de acesso dotadas de pisos-guia e pisos de alerta, a ausência de obstáculos ou de tipos de mobiliário que não seja detectável pelas bengalas de cegos (telefones públicos, por exemplo), a existência de sinalização para pedestres surdos ou cegos, são itens que precisam ser analisados globalmente, como um conjunto pertencente ao  entorno dos museus, às áreas livres circundantes e às suas edificações.
 
Com base nas colocações das autoras procurou-se identificar tais situações e outras que foram entendidas como pertinentes.
Atualmente o acesso ocorre por uma porta, localizadas na Rua da Praia, com portaria sob a guarda e orientação da segurança do Museu, iniciando com acesso por degraus a partir da calçada. Não há rampa de acesso ou corrimão para este primeiro acesso. Conforme pode ser observado na figura adiante.
    Figura 7 Prédio do Museu
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foto: autor
 
O acesso a demais salas ocorre por um lance de escada, e a partir do primeiro piso, para se alcançar um elevador, com desnível entre piso e elevador. Tem acionamento por botão, por escolha pessoal, e conduz ao primeiro e segundo plano do prédio. Observa-se aqui a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência motora. Inexistem marcações no piso e iconografia de comunicação adequada a pessoas com deficiência visual e motora, e mesmo para não deficientes que não sabem a que direção seguir.
 
Figura 8 Escada de acesso- primeiro plano
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foto: autor
 
 Há outras entradas pela lateral Rua Caldas Junior, porém estão fechadas. Logo no acesso principal, que acontece na formação da esquina Rua Caldas Junior e Andradas, tem um segundo acesso pela Rua Caldas Junior, sem a existência de degrau externo que poderia ser utilizado e adaptado para entrada de portadores de deficiência. Logo adiante na própria Rua Caldas Junior, há uma segunda porta que dá acesso a um elevador, que no momento está sem operação por falta de manutenção.
Figura 9 Acesso pela caldas junior
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foto: Rogerio Almeida
 
Esta entrada se adaptada e tendo o elevador em sua operacionalidade permitiria acessibilidade plena às salas de exposição e pesquisa.
 O acervo de jornais são produções escritas a partir dos anos de 1800 até a presente data, não apresentam condições de pesquisas para deficientes visuais, pela característica do documento. Não há cópias ou reproduções que facilitem o acesso a este conteúdo. A acessibilidade informacional poderia ser ampliada caso os jornais e demais documentos da hemeroteca fossem digitalizados, permitindo maior amplitude de consulta e abrindo margem de utilização para quem possua baixa condição de leitura visual.
O setor de fotografia trata de fotos antigas e reproduções digitalizadas, igualmente, está sem condições de acessibilidade para deficientes visuais. Não há descrições de fotos faladas, ou reproduções em “3D”, que permita uma melhor compreensão de seu conteúdo. 
Material de rádio e cinema poderia ser objeto de pesquisa a todos, porém o Museu não apresenta condições de sua reprodução para o acesso a este tipo de material, pois, não tem espaço específico e estrutura tecnológica de reprodução que atenda estas exigências.
 Um dos espaços importantes dentro de um museu é o da exposição e segundo as colocações de Perichi (1997) as propostas museográficas contemporânea incide sobre a proposta do objeto para os quais devem recair cuidados de preservação tendo em vista que a sua exibição acarreta riscos potenciais de deterioração. Registrando que nestes cuidados recai o controle de luz, umidade, temperatura, contaminação e proteção física do bem. O acervo na exposição de longa duração, em sua maior parte, está protegido com armação de vidros, em área sem sinalização no piso que permita um direcionamento de visitação, igualmente falta sinalização em relevo, no piso, para deslocamento de pessoas com deficiência visual. Não há uma escrita que possibilite a identificação de cada objeto, por deficientes visuais.
Figura 10 Área de exposição de longa duração
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foto: autor
Outrossim, também se observa a falta de indicações iconografias (em relevo) e a indicação de que há um espaço de exposição em um mezanino, com acesso somente por escada, sem acesso a cadeirante.
 Há um entendimento que deveria existir uma faixa no chão, em relevo, delimitando a aproximação ao objeto exposto e outra para direcionar e posicionar o deficiente, a cada objeto.
 Sobre a questão da ergonomia neste espaço de exposição de longa duração podemos nos referenciar a ergonomia da informação, que segundo Iida (1998 p.2), refere-se às comunicações existentes entre os elementos de um sistema, a transmissão de informações, o processamento e a tomada de decisões.”, colocações apropriadas, para o espaço visto apresentar um ambiente de ampla circulação, boa iluminação, que permite a leitura dos objetos com certa facilidade, lembrando que o autor se refere que os objetivos da ergonomia são a segurança e o bem estar dos trabalhadores, neste caso os usuários do museu.
É importante resaltar que não é apenas a acessibilidade de circulação e acesso que é essencial, mas também, como coloca o Instituto Português de Museus (2004) “Uma boa acessibilidade do espaço não é suficiente. É indispensável criar condições para compreender e usufruir os objetos expostos num ambiente favorável.”.


8 GESTÃO DE RISCO SOBRE O ACERVO

           

 Com um olhar mais generalizado sobre a conservação e os riscos que podem ocorrer em ações danosas ao acervo, o que se tem a impressão de que pouco ou quase nada foi realizado nos últimos anos situação se assemelha, quanto a existência de poucos extintores, alguns com validade vencida, risco eminente de incêndio, segurança frágil, existência de infiltração de água (figura 10), outros itens de risco do acervo correlatos ao médio ambiente.
Figura 11 Imprensa- umidade e mofo
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foto: autor
 
Há sinal de infiltração que se alastra sobre o acervo de jornais, e hoje paredes apresentam mofos (figura 11) com marcas bastante visíveis.
 
Figura 12 Paredes com mofo
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foto: autor
 
A situação piora com o passar do tempo, pois, não existe uma ação continua que se preocupe com a conservação geral do acervo. Pedersoli Jr e Mattos (2013, p.66), comentam a ação da água como quarto elemento dos dez agentes culturais de deterioração de acervo, dizendo que “encharcamento ou umidificação das obras, acarretam o desenvolvimento de fungos, deformação manchas, enfraquecimento, etc”.
A figura anterior, imagem recente, mostra o mofo existente nas paredes onde se encontra o acervo, podendo lhe causar influências danosas se alguma medida não for tomada. O mofo, também, é visível em paredes de área de visitação.
Uma análise de risco a partir da conceituação dos dez agentes de deterioração de acervo, colocadas por Perdesoli Jr e Mattos (2013), permitiu que enumerássemos hierarquicamente os demais componentes, com base em um cálculo rápido e estimativo da magnitude do risco, conforme observado no espaço do Museu:
- em primeiro lugar, antecedendo a ação do agente água, colocamos o agente “Dissociação” relatada por Perdesoli Jr e Mattos (2013, p. 67) como: “deficiência de organização, tonando a localização e o acesso ao bem ou as informações referentes ao mesmo dificultado ou inviável, ocasionando perda de valor para o acervo.”. A dissociação existente na instituição, além dos problemas enunciados, que ocorrem por deficiência de organização. Na escala de magnitude de risco teria prioridade catastrófica. As fotos das imagens seguintes procuram demonstrar um pouco da desorganização em relação ao material do acervo, papeis, livros fitas registros, não acondicionados adequadamente, a incidência de sol diretamente sobre as estantes, etc.
 
Figura 13 Papeis desorganizados
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foto: autor
 
 
 
Figura 14 Material acondicionadodentro de elevador
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foto: autor
 
- em terceiro plano entendemos que o agente fogo resalta, pois, o acervo é constituído em grande parte por materiais de combustão, como: papeis, madeiras, plásticos. Conforme colocação destes autores o fogo provoca combustão com perda total ou parcial do acervo.
Figura 15 Escada e extintor
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foto: autor
 
 
Figura 16  Extintor bloqueado escada
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foto: autor
 
 Ilustramos estas ocorrências pelas imagens anteriores onde os extintores estão em locais de pouco acesso ou em condições de difícil uso, para combate ao incêndio.
- o quarto agente enunciado é o “criminoso” que se refere ao roubo e vandalismo que causam a perda total ou parcial das obras. Há uma recorrência de falta de folhas ou parte destas em jornais e revistas utilizados em consultas por pesquisadores, devido a inexistência de um controle maior.
- as pragas (insetos) e poluentes (gases), rotulamos na sequência, visto terem ocorrências sobre os diversos acervos, pela falta de higienização de material em papel, pela o armazenamento de material cinematográfico que se acidificam no ambiente, pelos cupins atraídos pela madeira e papel, pela falta de limpeza que e acumula o pó, pelo ambiente externo ser de grande circulação de veículos automotores que liberam gases nocivos ao acervo.
- Luz (que causam descoloração, deformações); temperatura (índices inadequado aos diversos acervos, provocam degradação química, etc.), umidade relativa incorreta (provocam perdas em materiais).
 
Figura 17 Luz e janelas
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foto: 1autor
 
 
A figura (16) identifica as ações dos agentes de deterioração: luz, pela incidência direta de raios solares, durante várias horas por dia, temperatura e umidade, uma ocorrência provocada por janelas abertas, e pela ação solar direta que altera estas condições.
Deixamos por fim o agente de degradação “forças físicas” que sengundo os autores[8] “relaciona-se a danos na estrutura física dos materiais pela ação de forças, resultando em quebras, rompimentos, rasgos, [...]”, ações que não observamos neste momento, sobre o acervo do Museu.
O museu não possui um plano de atuação para conservação preventiva destinada a controlar ou minimizar os danos provocados pelos agentes de degradação que para Perdesoli Jr e Mattos (2013, p.59), “resultam na degradação de um número de objetos muito além da capacidade dos conservadores-restaurados de tratá-los.”.  A figura adiante pode exemplificar a grande quantidade de documentos do acervo que merece uma restauração para proporcionar uma longevidade maior.
 
                Figura 18 Volumes de Jornais
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foto: Autor
 
O presente estudo não tem por objetivo realizar o levantamento dos cálculos da magnitude dos riscos apenas realiza um exercício observativo sobre estes aspectos. Quanto ao tratamento dos riscos, colocamos os dizeres de Persoli Jr e Mattos (2013) que os controles de riscos é um processo contínuo e devem ser tratado dentro de 5 estágios: evitar, bloquear, detectar, responder e recuperar, aplicados nas diferentes situações de degradação encontradas.


9 O MUSEU

 
Instituição da Secretaria de Estado da Cultura, O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa foi criado através de decreto em 10 de setembro de 1974 com a finalidade de guardar, preservar e difundir a memória dos meios de comunicação no Rio Grande do Sul. Tem como sua mantenedora a Secretária de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul. Ocupa os espaços do prédio construído em 1922, com objetivo de abrigar as atividades de um jornal, e sua impressão, e não como um ambiente específico de museu e como Gonçalves, Souza e Froner (2008), as maiorias das instituições Museus situam-se em edifícios que originalmente cumpriam outras funções e que se tornaram instrumentos ideológicos de afirmação cultural, abrigando além de sua memória arquitetônica os acervos pertinentes ao museu, porém nem sempre contendo espaços adequados a preservação e exposição dos objetos.
O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, apropria a missão de preservar a memória da comunicação social do Estado do Rio Grande do Sul, salvaguardando mais de 3.000 títulos de jornais que circularam no Estado. Possui um acervo tridimensional, de objetos relacionados a comunicação e a arte gráfica da imprensa, discos e fitas cinematográficas e mais de 500.000 registros fotográficos[9].
 
 


 
               
A arquitetura eclética na Capital gaúcha teve uma prática fortalecida nas primeiras décadas dos anos de 1900, especialmente, aplicada na construção de prédios públicos, o prédio do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, soma-se ao vários construídos nesta época, reunindo em sua concepção diversos estilos arquitetônicos, atribuindo uma imagem imponente. Seu destino primário o abrigo do funcionamento de um jornal, com todos os seus pesados equipamentos, e um grande volume de papel, para a impressão deste periódico. Com o encerramento das atividades do jornal o prédio foi tombado por sua significância histórica e do contexto da cidade, vindo a abrigar em 1974 as instalações de um museu.
O prédio não foi propriamente construído para fins de abrigar um museu, mas assume esta posição e a instituição museu que ali se encontra procura se adequar aos seus espaços, ocupando-o para salvaguardar documentos jornalísticos de imagens e tridimensionais, com fins de preservar a memória deste nicho cultural da cidade e do Estado.
Em relação a acessibilidade tencionada de forma a atender a um público diversificado não só portadores de algum tipo de deficiência física, mas visitantes idoso ou infantil, que requere condições informacionais diferenciadas. A acessibilidade não se restringe unicamente a se ter acesso ao ambiente, mas, igualmente, a se ter um acesso adequado as informações que se encontram naquele ambiente.  O Museu deve adaptar-se as mais diversas condições, para atender seu público, procurando soluções arquitetônicas que não desvalorizem o prédio como seu patrimônio.
Um olhar atendo sobre os agentes de deterioração e causadores de risco sobre o acervo deve ser uma premissa no cotidiano das atividades do museu.
Entendemos que é importante a preservação da memória arquitônica da cidade, deste estilo de construção que se notabilizou em sua época, e que embora não sendo construída para abrigar museu, a instituição museu que se apropria do espaço é um elemento forte na conservação e preservação desta construção e desta memória. Outros fatores devem ser associados ao prédio e ao funcionamento do Museu é a questão da acessibilidade, que deve ser visionada de forma a permitir uma amplitude nos acessos de circulação e informacional. A tarefa da gestão do museu é abrangente e não deve esquecer de atuar sobre os fatores de riscos que por ocorrência interromperiam a atividade do museu de forma parcial ou plena. 
 


 
 

 
ARHEIM, Rudolf. Os símbolos através da dinâmica, in: A dinâmica da forma arquitectônica. Lisboa: Presença, i Ed. PA, 1988. p. 169-201.
 
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[1] NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM. Abr. 2015. Disponível em: http://rogeriopetrinialmeida.blogspot.com.br/2015/04/
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[2] Fonte: https://www.google.com.br/#q=museu+da+comunica%C3%A7%C3%A3o
[3] Site Musecom: Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ acesso: em: 14 abr.2015.
[4] Sul21. Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/patrimonio-historico-porto-alegre-ganhara-novo-centro-cultural-em-2012/ Acesso em: 14 abr. 2015
16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[6] Site do Museu. Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ Acesso em: 14 abr. 2015.
[7] Site do Iphae. Disponível em: ttp://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item
=16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[8] Pedersoli Jr e Mattos (2013).
[9] Fonte: Museu da Comunicação Jose Hipólito da Costa, fornecida pelos coordenadores das áreas.