ENSINO DE HISTÓRIA DE BRASILEIROS AFRO-DESCENDENTES:
LEITURA SEM TEXTO, UMA MODALIDA A SER APLICADA AOS PARTICIPANTES DO ENSINO MÉDIO
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
Resumo
No processo de
construção e reconstrução dos conceitos, projetados pela história da construção
da sociedade brasileira pontua-se neste estudo a vivência dos africanos aqui
trazidos nas condições de escravos ou não relatando neste estudo uma brevidade
de seu cotidiano e condições sociais com a finalidade de modelar o uso da
literatura acadêmica e do emprego da leitura sem texto, com incentivo a
pesquisa com aplicação para se ter esses elementos como ferramenta pedagógica
com pretensões de uma aula participativa e geradora de uma nova visão do
conteúdo e do ensino de história, atual, onde o participante possa ser engajar
como sujeito crítico e reflexivo, contemplativo da temporalidade dos fatos
recebendo informações que possam lhe promover transformações e melhorias de atitudes
sociais.
Palavras-chave:
Ensino.
Afro-descendentes. Literatura sem texto.
TEACHING
HISTORY OF AFRO-DESCENDANTS BRAZILIAN:
READING WITHOUT TEXT, A MODALIDE TO BE APPLIED TO
PARTICIPANTS IN HIGH SCHOOL
Abstract
In the process of
construction and reconstruction of concepts, projected by the history of the
construction of Brazilian society, this study points out the experience of
Africans brought here in the conditions of slaves or not reporting in this
study a brevity of their daily life and social conditions in order to model the
use of academic literature and the use of reading without text, with incentive
to research with application to have these elements as a pedagogical tool with
the pretensions of a participatory and generating class of a new vision of the
content and teaching of history, current, where the participant can be engaged
as a critical and reflective subject, contemplating the temporality of facts
receiving information that can promote transformations and improvements in
social attitudes.
Keywords: Teaching. Afro-descendants.
Literature.
1- INTRODUÇÃO
O estudo se propõe a
tematizar o emprego de literatura acadêmica e a leitura sem texto como
mecanismo de aprendizado de conhecimentos, aplicado nas aulas de história,
relacionados aos brasileiros afro-descendentes, e aos africanos trazidos ao
solo brasileiro, por portugueses, na condição de servil. Não podendo esquecer
que mesmo após o ultimato da Lei Áurea (1888), houve e ainda há ingresso no
Brasil de etnias de origem africana. Não se pode generalizar que todos são
brasileiros afro-descendentes sem antes, porém, contemplar sua origem ou
genealogia.
Recordamos que a
diáspora africana promovida pelos portugueses, especialmente nos século XVII e
XVIII (BRITO, FABRÍCIO, 3012, p.37), resultou em uma série de ações da
sociedade época, o que gerou manifestos contra o emprego da escravização
humana, os quais vieram a ser transformados em tratados e Leis a partir de 1810
e nos anos que se seguem até a extinção da escravatura que veiculava no Brasil,
no período colonial e imperial.
Percebe-se aqui o rico
território de informações a serem exploradas no uso do ensino de história dos africanos
vinculados as terras brasileiras, e seus descendentes que culminaram em
cidadãos, deste País.
O texto se ampara na
pesquisa bibliográfica de natureza exploratória, sem querer exaurir o assunto,
justificando-se o trabalho pela escassez do tema relativo ao uso de artigos
publicados e da leitura sem texto, espelhados como forma de aprendizado e
perceptivo de geração de observação e conhecimento. Utiliza-se para isto os
recursos existentes na internet, em publicações realizadas neste último decênio
as quais fomentaram este estudo.
Como objetivo geral propõe-se
o uso de publicações acadêmicas e imagem relativa ao tema explorado, para
condução de geração de conhecimento para participantes do ensino médio.
Especificamente instruir o emprego da pesquisa sobre o assunto em textos
publicados na internet e no incentivo a pesquisa dos assuntos das imagens serem
exploradas em aula.
O texto questiona: a
viabilidade do uso destes recursos como ferramenta de aprendizado e levanta-se
a hipótese que este método irá promover novos caminhos para a percepção de um olhar
mais crítico sobre um conteúdo visto.
2 O USO DA LITERATURA ACADÊMICA
A produção acadêmica ou
literatura acadêmica são as publicações de pesquisa acadêmicas, geralmente
informações abertas disseminadas através da internet ( SIMON, 2010), o que nos
visiona a possibilidade do alcance da informação e conhecimento, de forma
gratuita a qualquer público.
A gratuidade destes conteúdos rompe algumas barreiras da impossibilidade de tê-las ao alcance e sua existência nas redes de computadores permitem que de alguma forma sejam compartilhadas.
De acordo com
Costa (1997), comumente, cada escravo recebia dois conjuntos de roupa por ano e
estas eram trocadas aos domingos e lavadas uma vez por semana. A lavagem,
aliada à exposição à chuva e ao sol, logo desgastavam a roupa e a transformavam
em trapos, que, muitas vezes, falhavam na tentativa de cobrir o corpo de
maneira decente. Ainda que fosse proibido aos senhores que deixassem seus
escravos circularem pelas ruas sujos ou muito mal vestidos, resultando até em
multas para as situações mais graves, muitos senhores pareciam não estar muito
preocupados com a boa manutenção do vestuário desse tipo de escravo,
principalmente aqueles cujas fazendas estavam mais afastadas das cidades, onde
a fiscalização era mais branda. (SENA E MENDES, 2020, p.4)
Em contrapartida, os
escravos domésticos possuíam uma vestimenta mais elaborada e de melhor
qualidade estética em relação aos seus parceiros da senzala. Convivendo
diretamente com os brancos, muitas vezes, possuíam roupas quase tão belas
quanto a de seus donos, sendo os primeiros diferenciados apenas pela ausência
de sapatos (SCHWARCZ, 1996).
3
O EMPREGO DA LEITURA SEM TEXTO
A leitura sem texto não
é uma novidade na metodologia de ensino, facilmente se percebe seu emprego nos
anos iniciais onde se disponibiliza o livro de imagens como parte ou roteiro
para uma pré-alfabetização ou letramento literário e segundo Segabinazi (2017,
p.27):
[...]
alerta o leitor para o olhar mais sensível e mais aguçado, em busca de sentidos
e sensações que as ilustrações oferecem; experiências que não se traduzem
apenas na descrição das imagens, mas despertam para a construção de
significados percebidos pelos detalhes, movimentos, cores, técnicas, texturas,
estilos, expressões e etc.(SEGABINAZI, 2017, p.27).
O
que se projeta para os estudantes de séries de ensino médio é uma abordagem
mais ampla objetiva aos fatos aplicados a história dos povoadores escravos
negros e abrasileirados, não por menos rememorar esta aplicabilidade em aula destas
leituras que estão presente em nosso cotidiano como os emojis (Figura 1) e as
tiras facilmente encontradas em publicações tais como as da Tuma da Mônica
(Figura 2).
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Existe, em nosso cotidiano, inúmeras
mensagem que estão espalhadas pelas ruas e estabelecimentos comerciais, como
placas de trânsito, de prioridades em filas e caixas de estabelecimento, são
sinais desenhados que permitem seu entendimento e sua leitura sem o uso da
palavra escrita. E como se reporta
Segabinazi(2017, p.28): “Em síntese, as ilustrações são textos que convidam,
conduzem e provocam o leitor a sentir, perceber e pensar para expressar,
narrar, dizer e traduzir a imensidão que vai além do visível e notório[...]”(SEGABAZI,
2017, p.28).
Sem dúvida o relato de Paiva e Ramos
(2016) confere que:
[...]
a imagem é mais aberta do que a palavra, mais plena, mais grávida de sentidos.
A imagem não diz o que é para ser lido; ela é sugestiva, expansiva. Ao leitor cabe
traçar um percurso semântico e sintático, representacional e simbólico a partir
dos elementos visuais para compreender o que é veiculado. (PAIVA E RAMOS, 2016,
p. 215-16).
Com esse pensamento da imagem ser mais
aberta e propensa a nos jogar em um imaginário de sugestão é que aliamos a
literatura acadêmica, para tecer uma leitura sem texto com uma interpretação
racional direcionada ao objeto proposto para leitura e não distante do conteúdo
projetado, dessa forma ensinando a ver, observar, analisar e entender o que se
vê e mesmo criticar o que se vê.
Começando por indagar
quem foi o retratista que se aponta como Debret, ou Jean Baptista Debret
(1768-1848), um pintor, desenhista francês que integrou a Missão Artista Francesa,
autor de Viagem Pitoresca pelo Brasil, e elaborou o esboço da bandeira do
Brasil. Percebe-se que há uma demanda de pesquisa e descobertas de novas
informações instigadas pela colocação da leitura sem texto. Na figura apresentada acima, pode-se
verificar uma movimentação urbana próximo a um porto, em praça de comércio mais
intenso, onde se identifica em primeiro plano, trabalhadoras com vestes mais
apuradas, convivendo com brancos, diferenciando-se por não usar sapatos,
provavelmente escravos de ganho ou libertos que buscam o seu sustento. Roupa
coloridas, vestido calças, turbantes, chapéus, pode-se por oportuno fazer uma
projeção da moda ou dos hábitos de vestimenta da época, conjeturar se é um
escravo doméstico ou de senzala. Por oportuno a leitura sem texto nos permite
inclusive admirar a obra de arte e “o leitor é estimulado à curiosidade e
absorve novas informações, construindo assim novos conhecimentos” (SEGABINAZI,
2017, p.1). Ilustramos com mais uma figura, do mesmo autor, para reforçar que o
material empregado é rico e fará despertar muitas idéias e sugestão sobre o que
é lido no objeto.
Este reencontro com a
proposta de leitura sem texto se alicerça em uma diversificação de metodologia
a ser empregada no ensino de história, saindo de um monólogo em aula, de
abordagens direcionadas, para oferece ao leitor a pluralidade cultural,
fortalecer sua identidade, fazendo conhecer as características de uma cultura
em determinada época ou situação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
leitura sem texto, onde a escrita é omitida é ler imagem, ler sinais, desenhos,
croquis, a expressão facial, o sentimento, o clima, enfim associar palavras,
conceitos, ao que se esta absorvendo e associando informações e conhecimentos
sem a presença da grafia.
O uso da internet
através de celulares e computadores está cada vez mais próximo do público comum
e desta se pode usufruir coletando subsídios para alicerçar conhecimentos
através de pesquisa nas mais variadas fontes existentes neste ambiente. Recurso
que nos possibilita e facilita obtenção de informações sobre o objetivo
proposto, ou seja, a respeito do objeto a ser lido, sem a presença da palavra. Tem-se em consideração que se alia a busca de
conhecimento presente em literatura acadêmica, correlacionada a leitura sem
texto. Entende-se dessa forma que se incentiva a pesquisa e busca de
conhecimento e se promove o hábito de leitura associado ao fato histórico
cultural.
A brevidade deste texto não objetiva exaurir o assunto, revela apenas que é mais uma ferramenta que pode vir a ser aplicada em aulas despertando novos interesses, instigando a pesquisa, a visita em Museus, a decifrar uma obra de arte e ter na consciência que o cotidiano é repleto de sinais que são lidos sem a presença da grafia e que não se pratica apenas a leitura de algo escrito.
BATTAGLIN, Fabiano. Roupas dos escravos são mais gastas,
Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/463870830350748956/>. Acesso em:
05.08.2020.
BRITO,
Edilson Pereira; FABRICIO, Edison Lucas. História da África e dos africanos:
da divisão colonial aos dias atuais. Indaial: Uniasselvi, 2012.
COSTA,
Emília Viotti da. Da senzala à colônia.
4. ed. São Paulo: Editora Unesp, 1997. 570 p.
MARTINS, Ana Rita. O que ensinar em história. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1791/o-que-ensinar-em-historia> 04/11/2019
Acesso em: 05.08.2020.
PAIVA,
Ana; RAMOS, Flávia. O não-verbal no livro literário para criança In: GIROTTO,
Cyntia G. S; SOUZA, Renata Junqueira (Org.). Literatura e educação infantil: livros, imagens e práticas de leitura.
Vol. 1. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2016. (Série Literatura, Leitura, e
Educação infantil).
SCHWARCZ,
Lilia Moritz. Negras Imagens: ensaio
sobre Cultura e Escravidão no Brasil. São Paulo:Estação Ciência, 1996.
SEGABINAZI,
Daniela. Ler livros sem palavras, ler imagens e mundos. Revista Linhas. Florianópolis, v. 18, n. 37, p. 22-45, maio/ago.
2017.
SENA,
Malu Martins; MENDES; Francisca Raimunda Nogueira. A Indumentária Escrava como
Fator de Distinção Social no Período Colonial Brasileiro. 2017. Disponivel em: <http://www.coloquiomoda.com.br/coloquio2017/anais/anais/13-Coloquio-de-Moda_2017/PO/po_3/po_3_A_indumentaria_escrava_como_fator.pdf> Acesso em
05.08.2020.
SIMON,
Inre. MAC 339 - Informação, Comunicação e a Sociedade do Conhecimento.
Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac339-01/aulas/www.linux.ime.usp.br/hvila/mac339/tema8.html#:~:text=Literatura%20acad%C3%AAmica%20s%C3%A3o%20as%20publica%C3%A7%C3%B5es%20de%20pesquisa%20acad%C3%AAmica.> Acesso em:
05.08.2010.
WIKIPEDIA,
Jean Baptiste Debret. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Debret> Acesso em:
05.08.2020.
[1]Aluno do Curso de pós-graduação
em Metodologia do Ensino de História, na UNIASSELVI -Centro Universitário Leonardo
da Vinci. Polo Zona Sul de Porto Alegre – RS, regime EAD. E-mail: rogerio_petrini@hotmail.com.
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