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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Questões sobre museologia e patrimônio - resenha

RESENHA

Questões sobre museologia e patrimônio

 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
 
Hugo xavier Guarilha : Doutorando em Museologia e Patrimônio no Programa de Pós Graduação em Museologia e Patrimônio UNIRIO/MAST (PPG-PMUS). Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2002) e mestrado em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas (2005
Priscila Faulhaber Barbosa : possui graduação em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1978), mestrado em Antropologia pela Universidade de Brasília (1983) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, na área "Itinerários Intelectuais e Etnografia do Saber" (1992). Atuou como pesquisador visitante no IRD (1984), na Universidade Livre de Berlim, no Museu de Etnologia de Berlim (2003) e na Universidade da Califórnia em Los Angeles (2007-2008), quando realizou pós doutorado com bolsa do CNPq.
Teresa Cristina Moletta Scheiner Bacharel em Museologia pelo Museu Histórico Nacional (1970), com Habilitação para Museus de Ciências; Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1977/78); MESTRE (1998) e DOUTORA (2004) em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - ECO/UFRJ. Professor Associado 2, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. Coordenadora, Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio - PPG-PMUS, UNIRIO/MAST. Vice-Presidente, Conselho Internacional de Museus - ICOM (2010/2013, reeleita para 2013/2016). Editora Chefe, MUSEUM INTERNATIONAL.
 
Palavras chaves: Museologia. Patrimônio. Real
             Os autores discutem o conceito de musealização como um procedimento contínuo, complexo e crítico de captura do real e a relevância da musealização para a gestão do patrimônio da humanidade. Referenciam que “os teóricos da museologia precisavam definir ferramentas para compreender os novos modos como a sociedade passava a se apropriar de seu patrimônio e que a museologia como área de conhecimento supera o museus como instituição tradicional.” Argumentam a museologia como ciência que se fundamenta em um confronto com a realidade e como metateoria que busca o objeto de estudo da museologia não apenas dentro dos museus mas no momento em que o museu se faz necessário. É definido pelo teórico Deloche, como uma metateoria “uma filosofia do museal, encarregada de definir suas especificidades e seu campo de atuação”comentando que “os museus e experiências museológicas devem evitar o estabelecimento de verdades absolutas”.
A musealização e musealidade tema abordado pelos autores tem a citação de alguns teóricos sobre seus conceitos, quanto a musealização “é preservação de valores ideais de coisas entendidas enquanto signos”, são as práticas museográficas realizadas para a sacralização do objeto, “o ato de reconhecimento do signo que desperta o processo de memória”; a musealidade, ou museal, objeto primordial da museologia, é um processo dinâmico que reveste o objeto signo de uma qualidade especial.
Musealização e patrimonialização reflexionam a respeito desses dois conceitos a partir do termo museu “como espaço de reconstrução do mundo a partir de memória” e de signo que representa alguma coisa, o objeto, não como todos os seus aspectos mas como um tipo de ideia de representação. Com isso dizem que a musealização é um processo  contínuo de apropriação do signo no nível de representação ou do próprio signo, que é um objeto significativo para o grupo social. Musealizar implica em evidenciar o potencial simbólico do signo e sugere a preservação de significados e materialidade. Quanto a patrimonialização se diferencia da musealização por tratar-se do objeto e sua interpretação e não a seu signo, é aquilo que se consegue relacionar ao objeto em forma de valores de significados. Um patrimônio se realiza por meio de conceito e reconhecimento do objeto um sentimento de identidade de guarda de memória.
Museologia e Hermenêutica o autor diz que o reconhecimento de uma manifestação como patrimônio não depende da musealização, a manifestação surge como uma necessidade para a gestão patrimonial, da sua documentação, preservação pesquisa e comunicação. Questiona o sentido do termo museologia que poderia ser uma etapa do processo da musealização e obtém um resultado negativo quanto a musealização produzir conteúdo de conhecimento. O conhecimento no campo da museologia se produz por meio de envolvimento no tempo e na sociedade a uma apropriação dos signos para a construção ou transformação de uma realidade.
A captura do real, tema abordado pelos autores em que diz que dentro do real estão todas as realidades possíveis colocando a definição de real como tudo o que existe ou que é possível de existir, sendo ou não passível de ser reconhecido pelo ser humano – pensamento, projeções mentais, signos – define realidade como a forma como as coisas do mundo se apresentam ao sujeito. Define, também, a historicidade, como a ideia de que o ser humano está em contexto histórico e é a partir deste que se relaciona com o ambiente e com a sociedade e elabora as representações da realidade. “A ideia de apreensão do sensível direta do real, e não da realidade, nos parece decisiva para a constituição do campo teórico e prático da museologia” e argumenta que através do “processo de musealização o bem material é retirado de seu contexto histórico e passa a estimular uma reflexão crítica sobre seus significados potenciais.” A musealização conduz a uma massa de significados que nos leva a perspectiva de captura do real.
 Com a firmação de que os museus interferem na sociedade e colaboram para a transformação através das representações e significados com referência ao passado reformulando discursos, e as questões éticas afloram na museologia, com relação à veracidade das colocações das informações para o visitante, e com o compromisso com a sociedade mantendo sua função social de preservação de memórias.
 Os autores reflexionam sobre a zona de contato no campo da museologia, que dizem respeito a espaços em que as diferenças se colocam ou que grupos buscam trocas culturais em condições de reconhecimento mútuo ou igualdade e diz que a prática museológica é fundamentalmente libertadora em amplo aspecto e que a documentação se processa em nível de realidade e leva a reflexão  e conduz a identificar experiências museológicas.
Em sua conclusão final os autores comentam que a recriação a partir do centro de poder exclui os grupo periféricos e quando inclui é sem uma negociação, que a representação parte de uma concepção da realidade, mas uma vez que se realiza ela retorna a esse campo de modo a constituí-lo e transformá-lo. Representar os grupos com seus mitos fundadores é reconhecer os valores simbólicos e culturais de suas existências implicam na construção de uma realidade que privilegia o respeito mutuo. O domínio, de grupos específicos, dos meios de comunicação, por imagem cria a ilusão de um olhar único e tem a força de testemunho que induz a crença de sua fidelidade e de representação da realidade, mas por meio do conhecimento são promovidos novos discursos e a construção de um olhar próprio e apropriação do real. Os museus colaboram sobre a realidade que se nutre de representações que permitem que as comunidades criem discurso sobre si mesmo.  
Estamos em sintonia com os autores, na reflexão participativa dos grupos sociais nas construções da realidade e que a interferência dos meios de comunicações, especialmente o de imagem, podem induzir a falsas representações e pertencimento de uma realidade, mas ao mesmo tempo pode promover conhecimento e inter-relações entre grupos, que influenciaram na construção de um discurso próprio a realidade dos grupos sociais e que sem dúvida os museus colaboram com a realidade sobre as perspectiva do olhar da comunidade sobre si mesma.
 
REFERÊNCIA
 
GUARILHA, Hugo; SCHEINER, Tereza; FAULHABER, Priscila. Questões sobre Museologia e Patrimônio. Documentos de trabalho do 21º Encontro Regional do ICOFOM LAM 2012. Petrópolis, Nov/ 2012, p.143-157.
 


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, abr. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com. Consta no blog pessoal.

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