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domingo, 22 de março de 2015

O OBJETO DE ESTUDO DA MUSEOLOGIA - Resenha

RESENHA
O OBJETO DE ESTUDO DA MUSEOLOGIA
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
 
Peter van Mensch: Holandês, nasceu em 1947. Professor de teoria museológica da Reinwardt Academie da University of Leiden. Mestre em zoologia e arqueologia pela Universidade de Amsterdã. Obteve seu PhD, na Universidade de Zagreb, com base em tese Para uma metodologia de Museologia (1993).
Palavras-chave: Objeto. Museologia. Museu. 
 
O autor comenta que o conceito de objeto de estudo de museologia nasce nos anos 50 com Neustupny[2] assunto que segue em discussão nos anos 60, sendo o termo preferido por Stransky[3], como “tendência de conhecimento”, em vez de “objeto de estudo”. W. Gluzinski[4] diz que: “não há um objeto de estudo, mas vários, em conexão diferentes com diferentes esferas de trabalho no museu.” Nos anos 80 através dos simpósios do ICOFOM, admite-se só há uma museologia, porém no nível prático e de acordo com as condições culturais pode haver diferenciações em suas técnicas. Colocando a museologia em diversidade de opiniões e tipologia do estudo vinculado, a finalidade e organização dos museus, implementação de atividades visando à preservação e o uso da herança cultural, dos objetos museológicos como estudos, como relação específica entre homem e realidade.
Com relação à diversidade de opiniões o autor comenta sobre a Museologia como estudo da finalidade e organização de museus. Uma visão popular entre os profissionais de museus, da simplicidade, do conhecimento, da organização dos museus, conceitua-se com maior detalhamento, abrangendo o papel na sociedade, os métodos específicos: pesquisas, conservação, educação que finalizam com programas chamados de estudos de museus.
A museologia como “estudo da implementação e integração de um conjunto de atividades visando à preservação e uso da herança cultural e natural”, opinião que leva Razgon[5] a definir museologia, em 1988, como “ciência social que se ocupa dos processos e leis relativos à preservação da informação social, bem como à transferência de conhecimentos e emoções por meios dos objetos museológicos” evidenciando uma museologia evolutiva e relacionada às atividades sociais, que também evoluem. Opinião que influenciam diversos autores na promoção de novas definições de museologia.
O autor refere-se a opinião de “museologia como o estudo dos objetos de museu”, como “característica central e mais distintiva do trabalho do museu” sendo o objeto da compreensão museológica definido por Z Bruna como: “o problema relativo ao material, aos objetos móveis, autênticas peças da realidade, aos objetos móveis, autênticas peças da realidade objetiva, os quais tendo perdido suas funções e agora obsoletas – tem adquirido, estão adquirindo ou vão adquirir novas funções como evidência de sua trajetória”, definição de abrangência do objeto como estudo museológico.
Sobre o discurso da “museologia como o estudo da musealidade”, refere-se a evolução da definição atribuída por Stransky, sobre a musealidade que parte do princípio de ser uma propriedade do objeto enquanto documento, evoluindo para “o objeto intencional de conhecimento da museologia é a musealidade, concebida no contexto histórico e considerando a função social presente e futura, como um todo.” Na visão de I. Maroevic[6], a musealidade é vista como objeto específico de pesquisa na museologia com um interesse pela informação cultural.
A abordagem da museologia como o estudo da relação específica do homem com a realidade tem em Stransky a sua origem precursora que formula a museologia como “uma abordagem específica do homem frente à realidade cuja expressão é o fato de que ele seleciona alguns objetos originais da realidade, insere-os numa nova realidade para que sejam preservados, a despeito do caráter mutável inerente a todo objeto e da sua inevitável decadência, e faz uso deles de uma nova maneira, de acordo com suas próprias necessidades.” Ideias fundadoras que são acompanhadas ou relacionadas, por outros pensadores da área, como Gluzinski e Russio[7]. Russio fala do “fato museal” no tocante a musealidade, definindo como “profunda relação entre o homem, sujeito que conhece, e o objeto, isto é, aquela parte da realidade a qual o homem pertence e sobre a qual tem poder de ação”. O comentário do autor nesta abordagem finaliza com o discurso da multidisciplinaridade da museologia.
O autor pauta no item “discussão”, sobre a abordagem museológica centrada na instituição, uma estrutura organizacional de referência e que pela opinião de vários autores não pode ser objeto de estudo, mas que tem a obrigação de seguir os princípios bases da museologia como instituição-museu.
Em sua conclusão o autor coloca que as abordagens sob a ênfase de perspectiva e não de objeto de estudo, vistos os diferentes níveis de abstração dentro de um sistema de parâmetros inter-relacionados, deixando o museu com uma variável pela extensão em que a instituição é considerada soberana, mas sob um consenso final da compreensão dos aspectos comportamentais da relação homem/objeto refletida pela instituição-museu.
Finalizando chamaria a atenção para os dizeres de Russio sobre o “fato museal” no tocante a musealidade, uma “profunda relação entre o homem, sujeito que conhece, e o objeto, isto é, aquela parte da realidade a qual o homem pertence e sobre a qual tem poder de ação”, como objeto de estudo da museologia no campo interno e externo da instituição-museu, percebido, também, no consenso final, descrito pelo autor.
 
 
REFERÊNCIA
 
MENSCH, Peter van. Objeto de estudo da museologia. Rio de Janeiro: UNIRIO/UGF, p 1-23. 1994.


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com.
[2] Jiri Václav Neustupny (1933-Tchecoslováquia), linguista e um dos fundadores da teoria da administração do idioma.
[3] Zbynek Zbyslav Stransky (1926-Tchecoslováquia), museólogo e pedagogo
[4] Wojeiech Gluzinski, polonês, museólogo.
[5] Avram Moissevich Razgon (russo, historiador, especialista em historiografia da história da Rússia, prof. de museologia).
[6] Ivo Maroevic nasceu em 1937 em Stari Grad, Hvar – Croácia. Graduou-se em História da Arte e Inglês na Faculdade de Filosofia, em Zagreb. Professor de museologia.
[7] Waldisa Russio Camargo Guarnieri. Museóloga. Graduada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Especializou-se com mestrado e doutorado na área de museologia.

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