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sábado, 28 de março de 2015

O museu inclusivo e a museologia mundializada – Resenha

RESENHA
O museu inclusivo e a museologia mundializada
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
 
François Mairesse, nasceu em 1968em Bruxelles, professor na Universidade de Parris 3 Sorbone, Diretor do Musée royal de Mariemont (Belgica) entre 2002 e 2010. Presidente do Comite Internacional para a Museologia ICOFOM.


Palavras-Chave: Museu inclusivo. Museologia.
 
O termo museu inclusivo teve origem na língua inglesa, nos anos 90, termo utilizado para lembrar as relações, entre o museu e os usuários deficientes e, o público excluído e para promover a inclusão social de um modo geral.
O autor abre o comentário sobre “o lugar das línguas no discurso museológico” tendo como objeto a influência que a língua faz neste campo tendo como base um programa de intercâmbio e de reflexões sobre os museus e seu modo de funcionamento. A língua francesa se apresenta em primeira instância, por sua influência, neste campo, por ter forte produção literária, pelo ICOM estar sediado em Paris. No após Segunda Guerra Mundial, a língua inglesa, começa a ter interferência, no âmbito mundial, os textos começam a ser escritos em francês/inglês, no entanto a base de pensadores sobre museus é francesa e predomina a escrita neta língua sobre este assunto. Outras línguas influenciaram esta literatura são provenientes do países do Leste Europeu, ora pela presença da administração do ICOFOM estar representada por pessoas destes países e que influenciaram o pensamento sobre o museu com base nas experiências obtidas em suas regiões. O autor ainda comenta sobre as diferentes abordagens que ocorreram na distinção entre museologia teórica e museologia aplicada ocorrida sob a influência de uma região e sua língua. Os anglo-saxões estariam mais interessados nos aspectos das práticas ficando em segundo plano as questões teóricas, diferente da escola francófona. Uma segunda diferença é a abordagem que ocorre pela desigualdade em níveis de ensino universitário, pelo desenvolvimento do nível acadêmico que se deslocam para o estudo de museus (inglês, céltico e germânico)  sem excluir outras disciplinas, movimento que não é abraçado pelo Leste Europeu, França e alguns países latinos, que ficaram com uma estrutura fundamentada em critérios científicos. O autor relata as diferentes abordagens entre os anglo-saxões e os latinos e museólogos do Leste Europeu que ultrapassa a questão do critério de uma disciplina ou de um campo de pesquisa.
No item “as transformações do modelo econômico e sua influência sobre a museologia” o autor parte das influências e transformações das iniciadas por três segmentos: o bloco capitalista (Estados Unidos e Europa Ocidental); o bloco socialista (União Soviética, países do Tratado de Varsóvia); e, um bloco de países não alienados, estabelecendo cada qual uma concorrência de influência de políticas e de economia. Diz o autor que tais mutações irão produzir transformações no mundo dos museus, que as mudanças econômicas irão transparecer progressivamente, que se opera nesta época, introduz a metamorfose progressiva do visitante em consumidor, do museu em unidade econômica influenciando o devir de sua região. É vista uma evolução e desenvolvimento rápido da economia de transformação universitária, da importância que é dada a língua que produz e discute museologia refletindo que sob ao ponto de vista global o mundo anglo-saxão de pensar o museu se impõe progressivamente no mundo.
Sobre o tópico “Dicionário enciclopédico, um mundo de transformação”, nos relata que para tal projeto, não houve uma vontade de se redigir um tratado internacional de museologia lembrando que a estrutura de uma língua e a cultura a qual está vinculada levou a abordagens diferentes de uma mesma disciplina. Chama a atenção para a abordagem de Riviére, que prioriza e evoca a função pesquisa, Stransky que evoca a museologia aplicada, Ambrose et Peine, que focalizam no visitante de museus, antes do desenvolvimento de coleções, arquitetura ou gestão.  O autor diante de ambiguidades propõe o campo da museologia como “o conjunto de tentativa de teorização ou de reflexões críticas vinculadas ao campo museal”. Como campo museal, tem-se o termo museal como sinônimo e relativo a museu e museologia e define “o campo de referência no qual se desenvolvem não apenas a criação, o desenvolvimento e o funcionamento da instituição museu, mas também a reflexão sobre os fundamentos e suas questões.” Comenta a abordagem do dicionário dos conceitos chaves de museologia e seus 21 termos e nas aplicações e na aplicação de formas de um novo dicionário.
“O mundo inclusivo no mundo da enciclopédia” em seu discurso final deste texto inicia futurizando um dicionário que poderia ser pertinente a um público tanto francófono ou latino, quanto anglo-saxão. Conservando e ampliando estruturas para integrar noções que encontram um eco particular dentro de cada língua. Coloca atenção sobre o conceito de inclusão no mundo do museu, termo esquecido de ser apontado no dicionário existente. O conceito de museu inclusivo estaria de certa forma, associado ao conceito de inclusão social, que deverá ser apontado como uma função real do museu, que inclui, incentiva o turismo e participa no desenvolvimento econômico e social. O museu inclusivo apresenta-se como uma ferramenta de luta contra a exclusão social, diz o autor.
Colocamos que as transformações que ocorreram no campo da museologia, provocadas por fatores econômicos, por redefinições ou ampliações na sua função, ou em seu objeto de estudo, recaem em abordagens diferenciadas por cada língua, que traduzem sua cultura dentro deste contexto. Quanto à elaboração de um dicionário de termos especializados da área, sempre haverá a questão da língua e da cultura de cada região, no obstante ser importante uma unificação dos conceitos e terminologia, para um entendimento universal, vê-se que as premissas locais devem ser consideradas evitando desencontros culturais e afunilamento de ideias. A questão do museu inclusivo é de cunho importante, pois, abarcará uma maior parte da sociedade e se mostrará pleno ao seu público. O ser inclusivo não é esquecer suas demais funções, é um agregar.
 
 
REFERÊNCIA
 
MAIRESSE, François. O museu inclusivo e a museologia mundializada.
Documentos de trabalho do 21º Encontro Regional do ICOFOM LAM 2012.
Petrópolis, Nov/ 2012. p.35-52.


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com.

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