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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Quem são e o que são os museólogos? – resenha temática

Quem são e o que são os museólogos?
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]
 
Waldisa Russio Camargo Guarnieri (1935/1990): Nasceu em São Paulo, graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1959. Mestrado na Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1977 e doutorado em 1980. Na década de 1960, desempenhou múltiplas atividades docentes e funções administrativas junto ao serviço público estadual. No final de 1970, foi nomeada diretora técnica do Museu da Casa Brasileira, cargo no qual permaneceu até 1975. Nesse ano, passou a exercer as funções de assistente técnica para museus na Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado. Mestre pela Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, com a dissertação Museu: um aspecto das organizações culturais de país em via de desenvolvimento (1977).
 

Resumo
Waldisa Russio no tópico 3.4 do livro organizado por Bruno (2010), tematiza “quem são e o que são os museólogos”, em uma trajetória de tempo, evidenciando as importâncias desta profissão que chega ao século XXI, mais reconhecida.
Palavras chaves: Museólogo. Categoria Profissional
 
Resenha reflexiva
Guarnieri (s.d.) retroage no tempo falando de como era percebida a profissão de museólogo. Começando pela atribuição de conservador de museu e num passar de tempo para museólogo, mas de difícil interpretação quando em resposta a profissão. Afirma que o termo museólogo vem se consolidando com o passar dos anos, tendo a sua função melhor compreensão, especialmente, pelo avanço do campo da ciência museológica. Pelo espaço que ocupa a instituição museal, que alterou o conceito e a nomenclatura que designa o profissional desta área.


Na ideia remetida ao passado a autora procura a origem da profissão em decorrência da guarda dos tesouros. Esta guarda teria sido atribuída à classe sacerdotal. Quanto a curadoria de coleções seria uma atividade ou um emprego de pouco trabalho. Restou para o cargo de museólogo o vestígio elitista, a inclinação, o dom para atividade, e, na escolha de direções entre os homens de notável saber. Após a revolução francesa, os cargos de direção de museus continuam elitistas em uma mentalidade paternalista, destinados a incumbência de salvaguardar os bens com critério de raridade, originalidade, estética, documental e representativo. Em poucos casos o designo caiu sobre um cientista. Os tempos mudaram o entendimento da profissão com o crescente da Museologia atual.


Guarnieri (s.d.) comenta que a pouco mais de 20 anos não se tinha em consideração uma atividade museológica como mercado de trabalho e como profissão[2]. Que problemas ainda existem, mas que há progresso e desenvolvimentos tanto na área profissional como do campo da Museologia. Considera o museólogo um homem comum em meio à multidão, enfrentando problemas sociais como todos os outros homens, mas um profissional que tem uma formação adequada, universitária, vocacionado e reciclado constantemente, com dever de um trabalho profissional. Preferencialmente com pós-graduação em caráter interdisciplinar, em processo continuo de educação. O museólogo é um técnico quando exerce seu trabalho cotidiano, com noções de conservação, comunicação, com funções de curador, que conheça o objeto testemunho (identificação, classificação, pesquisa, documentação, etc.) que conheça o homem, a natureza da relação e o cenário no qual o homem e o objeto dialogam.
 
             No tocante a profissão de museólogo, temos a inferir que a Lei 7.287/84, dispõe em seu segundo artigo que o exercício da profissão de museólogo é privativo dos diplomados de bacharelado, mestrado e doutorado em museologia.
Sobre a ação do museólogo a autora se reporta que o dever deste profissional deve estar na ação correta, coerente e ética, sendo alicerçada sua categorização profissional quando ligado ao organismo que os defendem e o representam.
Referimos-nos a Lei 7.287/84[3], que como a autora se reporta as ações ou atribuições da profissão de Museólogo, em seu artigo terceiro, definindo em 14 itens tais atribuições dos quais chamamos a atenção sobre o segundo item, sem desprezar os demais:
 - planejar, organizar, administrar, dirigir e supervisionar os museus, as exposições de caráter educativo e cultural, os serviços educativos e atividades culturais dos museus e de instituições afins;
Item que abrange uma série de atividades que o profissional deve ter ciência em seu cotidiano profissional, e que por si só já justificaria a profissão de museólogo, diante deste complexo de atividades conjugadas no infinitivo.
Outrossim, chama-se a atenção a ação de categorização profissional, que deve estar instituída pelo Conselho Regional de Museologia COREM de cada Região  um órgão de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial e que tem por finalidade o registro, a orientação, a disciplina e a fiscalização do exercício da profissão de Museólogo, entre outras competências[4].
             A autora argumenta que o museólogo é um trabalhador social, um agente consciente de seu papel profissional, diante da sociedade. Ciente de pertencer a sociedade, de situar e viver os problemas sociais, pois é um comum no cotidiano. Que sua atuação profissional participa da recuperação da identidade cultural, que no ajudar a fazer o mundo do homem, se realiza como homem e profissional.
            Neste tópico chamamos a atenção para a conceituação de trabalhador social como cunho importante da atividade do profissional de museologia, nisto transcrevemos os dizeres de Bezzera (2012), resumindo  o trabalho de Paulo Freire: Educação e Mudança.
 
Qualquer que seja o momento histórico em que esteja a sociedade, seja o do viável ou do inviável histórico, o papel do trabalhador social que optou pela mudança não pode ser outro senão o de atuar e refletir com os indivíduos com quem trabalha para conscientizar-se junto com eles das reais dificuldades da sua sociedade. Isso implica a necessidade constante do trabalhador social de ampliar seus conhecimentos e finalmente, o ímpeto de mudar para ser mais[5].
 
            Percebe-se na atualidade que este profissional vem obtendo um espaço significativo obtido pela militância dentro da sociedade esclarecendo a importância de suas atribuições Uma profissão que ganha mercado por reunir profissionais, éticos, engajados com o espaço museal, com formação acadêmica abrangente que o valorizam e adiciona valor ao local de seu trabalho.




 
Citações em destaque
 
p.   238 “Museologia e Museu se dessacralizam e vão se constituindo, respectivamente, em arcabouços científicos e cenário de fato museológico. Na medida em que crescem em seu caráter científico, despem-se de sua sacralidade e, por isso, não exigem sacerdotes, mas profissionais competentes e conscientes.”
p.  239 “Muitos avanços se fizeram e talvez a maior conquista venha sendo o reconhecimento crescente da Museologia como ramo do conhecimento científico e do museólogo como cientista e profissional.”
p. 240 “O museólogo é, pois, alguém adequadamente formado, vocacionado e constantemente reciclado, o que pressupõe a clara consciência do museu como centro interdisciplinar e “obra aberta”, em meio à dinâmica social e humana.” 
p.  241 “O museólogo é pois um técnico, na medida em que exerce seu trabalho cotidiano, aplicando conhecimentos científicos extremamente diversificados e complexos.”
p . 241 “Assim, exige-se do Museólogogo que conheça o objeto testemunho [...], o homem, [...] a natureza [...] o cenário, [...] o objetual, o humano e o social e as suas múltiplas redes de interações.



 
REFERÊNCIA
 
GUARNIERI, Waldisa Rússio Camargo. Quem são e o que são os museólogos? In: BRUNO, Maria Cristina Oiveira (org.). Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: textos e contextos de uma trajetória profissional. Vol.1, 1.ed., São Paulo: Pinacoteca do Estado; Secretaria de Estado de Cultura; Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, 2010. p. 237-241


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com. Consta no blog pessoal.
[2] Lei 7.287 de 18.12.1984, dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Museólogo.
[3] Brasil, Lei 7.287/87, disponível em; http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L7287.htm.  Acesso em 08 mai. 2015
[4] Corem3. Disponível em; http://corem3.com.br/ Acesso em: 08 mai. 2015.
[5] Bezerra, Geisa Lopes. O papel do trabalhador social  no processo de mudança, 2012. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/o-papel-do-trabalhador-social-no-processo-de-mudanca/82783/#ixzz3Zberknj5 Acesso em; 08 mai. 2015.

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