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quinta-feira, 2 de abril de 2015

MUSEU, MUSEALIDADE ME MUSEALIZAÇÃO: termos em construção e expansão - resenha

RESENHA
MUSEU, MUSEALIDADE E MUSEALIZAÇÃO: termos em construção e expansão

Rogerio Carlos Petrini de Almeida[1]

Vania Maria Siqueira Alves possui graduação em História pela Fundação Norte Mineira de Ensino Superior (1989), mestrado em História Social pela Universidade Severino Sombra (2001) e doutoranda em Museologia e Patrimônio do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio - PPG-MUS (UNIRIO/MAST). Tem experiência na área de História, com ênfase em Metodologia e Prática do ensino de História; Patrimônio Cultural, História da Educação.
Teresa Cristina Moletta Schneiner, Bacharel em Museologia pelo Museu Histórico Nacional (1970), com Habilitação para Museus de Ciências; Licenciada e Bacharel em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1977/78); MESTRE (1998) e DOUTORA (2004) em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Palavras chaves: Museologia, Musealidade, Musealização.

Os autores iniciam o tema com o item “teoria da museologia: campo em construção e expansão”, dialogando a busca do estabelecimento da Museologia como ciência, observando as várias tendências que vem ocorrendo no decorrer dos anos e sob a influência de vários autores e pesquisadores que se dedicam a este segmento. Diz que nos anos de 40 e 50 a museologia era conduzida como ciência aplicada, derivando de um conjunto de metodologias de ação, já nos anos de 1960 e 70 tem um olhar como ciência auxiliar, integrante da Ciência da Informação, um campo com teoria e metodologias específicas. Passa por conceituações emblemáticas e por conceituações com ênfase a ação comunitária e participação social. Nasce em 1976/77 a Teoria Museológica, por um grupo de pensadores e pelo surgimento do ICOFOM, objetivando o estudo do museu, e sua inclusão como disciplina acadêmica, porém volta-se ao estudo da relação específica do homem com a realidade. Os autores referem-se ao ano de 1980 como um divisor de água, pelo início de publicações sobre a Teoria da Museologia. A museologia ingressa no meio acadêmico, aborda e debate a sua função social, surge o movimento da concepção da “Nova Museologia”, com uma proposta de uma museologia de ação, passa a ser conhecida como uma ciência transdisciplinar dedicada ao estudo do humano e o real e o fenômeno museu, quando é posta a imaterialidade do objeto, ampliando o conceito em relação a museu e museologia e patrimônio. Os debates permanecem, no âmbito do ICOFOM, levando a uma expansão como uma museologia-patrimônio, mas já fortalecia nos anos de 1990, tem influente  contribuição pelo grupo de trabalho latino-americano no desenvolvimento da Teoria Museológica, apontando o início do século XXI como um “campo do conhecimento destinado à análise e estudo do Museu e do Real em sua integralidade”.
As definições vistas pelas autoras de museu e museologia segue uma linha temporal, e dizem que deve ser levado em conta: as influências políticas, econômicas, social e cultural quando foram pesadas.  Inicia com a conceituação Museu do ICOM de 1948: “O museu inclui todas as coleções abertas ao público de objetos artísticos, técnicos, científicos, à exclusão de bibliotecas, salvo se mantidas permanentemente em sala de exposição.” Sofrendo redefinições durante todo o século XX, ora incluindo o interesse público, ou colocando-se a serviço do homem e de seu desenvolvimento, o próprio ICOM evolui e coloca como instituição permanente que conserva e expõe para fins de estudos educação etc. A evolução do conceito não para, os museu passam a representa novas possibilidades para uso de vários segmentos sociais, aparecem novos conceitos como o do ecomuseu, que influenciam novas abordagens além do âmbito dos museus tradicionais. A ideia de pluralização do patrimônio e de resignificações dos museus poderá mudar os conceitos. Salienta-se o conceito ampliado em 2005 no encontro do ICOFOM e 2005, desdobrando-se em três partes a primeira definindo a instituição que preserva, difunde e transmite o patrimônio material e imaterial; uma segunda parte colocando que deve haver toda a acessibilidade ao interesse do público, participação social, sem fins lucrativos e bens inalienáveis, na terceira parte coloca os testemunhos naturais e culturais, ecomuseus, e coleções que podem assumir formas de substitutos tangíveis ou imagens digitais.
Os autores, também fazem uma trajetória do termo musealidade que surgiu entre os anos de 1970 e 1980, com “Stranky para designar o valor específico do objeto, sua qualidade a partir do momento em que se transforma em museália”, transforma-se em um objeto de museu. Nos anos 1990 a “musealidade é o valor não material ou o significado de um objeto que nos da o motivo de sua musealização”, definição de Maroevic (1993). As autoras comentam que a “musealidade é entendida como o processo que permite os objetos viver dentro de um contexto museológico” apresentando dois tipos de informações, a científica, seletiva, que pode ser lida de forma precisa e imediata e a informação cultural, estrutural, variável, que aparece e desaparece de acordo com os valores ao qual está vinculada. Relaciona o conceito de identidade a museologia, observando as categorias de tempo, espaço e sociedade, e a identidade como um conceito que indica a conformidade entre o material e o espiritual de uma determinada realidade em vários níveis sociais. Com isto dizem que o museu pode expressar ou confirmar a identidade cultural, natural, ou qualquer outra e que o conceito de musealidade poderá mudar, no tempo e no espaço.
Colocam os conceitos de musealização como fundamental para a Museologia e citam algumas definições que trazem em Desvallés, que a “designa de maneira geral a transformação de um lugar em uma espécie de museu ou centro de atividades humanas ou sítio natural” ou “um processo que permite aos objetos viver dentro de um contexto museológico”. As definições de Cury  que evoca a musealidade “com valorização ocorrida com a transferência do objeto de seu contexto para o contexto dos museus” ou que é processo de uma série de ações  sobre o objeto, aquisição, pesquisa, conservação, preservação, documentação, comunicação e começa quando são selecionados  para integrarem uma coleção.atribuindo o significado de musealizar como a ação consciente de preservação. Segundo Stransky os objetos tornam-se museália após a sua musealização. Para as autoras a “musealização está ligada às questões técnicas da museologia e dos Museus através de ações  essenciais para a preservação, investigação e comunicação”
As autoras colocam que embora há não se consegui alterar as praticas de muitas instituições e governo, estes não ficaram fora da discussão do assunto museologia  e que o surgimento de novos modelos promoveram novos conceitos  e lembra que Teoria Museológica e Museologia são diferentes de Museu e que a museologia como teoria em movimento, chega aos nossos dias como um campo em construção.
Corroboramos com a autora no sentido da Teoria Museológica ser um campo em expansão, que requer a participação de muitos acadêmicos e pensadores, pois se desenvolve a partir dos anos 80 com uma conceituação evolutiva, mesmo as definições dos termos empregados nesta área, estão em evolução, surgindo novas denominações recentemente tais como “museália”, e outras que poderão ser originados devido a contemporaneidade do tema. É certo que muitos questionamentos estão sendo feitos, mas as respostas virão pela pesquisa e pelos estudos voltados a este campo.



REFERÊNCIA

ALVES, Vânia Maria Siqueira; SCHEINER, Tereza. Museu, Musealidade e
Musealização: termos em construção e expansão.  Documentos de trabalho do
21º Encontro Regional do ICOFOM LAM 2012. Petrópolis, Nov/ 2012. p. 99-111.


[1] Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com. Consta no blog pessoal.

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