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domingo, 26 de abril de 2015

NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULclip_image002
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO
CURSO DE MUSEOLOGIA





Rogerio Carlos Petrini de Almeida









NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM









Porto Alegre
2015




 Rogerio Carlos Petrini de Almeida








NOÇÕES DE ARQUITETURA ECLÉTICA EM PORTO ALEGRE: prédio do Museu da comunicação Hipólito José da Costa - MUSECOM


Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial para aprovação na Disciplina BIB03242, Arquitetura e espaços em museus, ministrada pela Prof. Jeniffer Cuty, da Faculdade de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consta no blog do autor.










Porto Alegre
2015
FIGURAS
Figura 1
 Prédio e mapa localização do MUSECOM
6
Figura 2
Lateral do Museu
6









SUMÁRIO


1
INTRODUÇÃO..............................................................................
5
2
LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA....................
6
3
O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO........
7
4
A ARQUITETURA ECLÉTICA .............................................
8
5
A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO ..................................................
10
6
O ARQUITETO..........................................................................
12
7
O MUSEU....................................................................................
13
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................
14

REFERÊNCIA
15










1 INTRODUÇÃO

O presente texto focaliza a tipologia arquitetônica eclética, focada no prédio construído em 1922, onde está abrigado o Museu da Comunicação Hipólito da Costa. Prédio de propriedade do Estado do Rio Grande do Sul e tombado em 1982.
A análise recai sobre as características arquitetônicas do prédio sua monumentalidade, fachada, e seu entorno, considerando seu uso e funcionalidade pela ocupação do Museu.
Não se trata de um trabalho exaustivo, mas que promove e instiga a novos conhecimentos, e pesquisa relacionada a esta tipologia arquitetônica, que teve seu apogeu nas décadas iniciais dos anos de 1900.




2 LOCALIZAÇÃO DO PRÉDIO DO MUSEU DA COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSE DA COSTA.


 O prédio está localizado a Rua dos Andradas, 959, Centro Histórico de Porto Alegre, faz esquina com a rua Caldas Junior, e enfrente a sua porta está o prédio do jornal Correio do Povo, também definido como arquitetura eclética. É propriedade do Governo Estadual do Rio Grande do Sul.

Figura 1 Prédio e mapa localização do MUSECOM
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Imagem: Recorte do Site do Google.[1]

            Nas suas proximidades está localizada a praça mais conhecida como Praça da Alfândega, e com proximidade ao Lago Guaíba, que fica a três quarteirões. As ruas que o circundam são de grande movimentação de veículos leves e passados, com cargas e descargas em sua proximidade, portanto o prédio sofre a uma grande influência de agentes externos. Conforme podemos perceber pela imagem a baixo.
Figura 2 Lateral do Museu
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Foto de Rogério Almeida

3 O HISTÓRICO DO PRÉDIO E SEU TOMBAMENTO

O prédio foi construído em 1922, tendo como responsável Teófilo Borges de Barros, gaúcho, engenheiro civil formado pela Escola de Engenharia de Porto Alegre inaugurada em sessão solene, no dia 6 de setembro deste ano, durante os festejos do Centenário da Independência, no Governo de Borges de Medeiros. Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, tendo sido reconstruído e ampliado pelos fundos na Rua Caldas Junior[2].
O objetivo principal de sua construção era abrigar o funcionamento do jornal A Federação, constituído em 1884, extinto em 1937.
Em 1938, o jornal do Estado - misto de Diário Oficial e órgão noticioso – ficou sediado nesse prédio.
Em 1942, o jornal do Estado transforma-se no atual Diário Oficial, sendo mais tarde incorporada a Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas (CORAG), que ocupou o local até sua transferência definitiva para a sede atual, localizada na Rua Coronel Aparício Borges, em Porto Alegre.
Em 1947 o prédio foi destruído parcialmente por um incêndio, sendo reconstruído e ampliado nos fundos, junto à Rua Caldas Júnior.
Desde 1974, abriga o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.
Em 2010 o prédio passou por uma recuperação em diversos pontos, ocorreu a pintura externa e dos ornatos, transformaram o porão num espaço que pode ser utilizado para exposições, e resolveram os problemas existentes na sala em que está o acervo de cinema. Do hall retiraram uma escada em caracol, que descaracterizava o Museu. A recuperação ocorreu por conta do programa Monumenta[3].
O prédio é patrimônio histórico do Estado, fazendo parte da trajetória política e cultural, da cidade, está inscrito no livro tombo 08 – Livro Tombo Histórico, com data de inscrição de 28/07/1982 e publicação no diário oficial em 12/02/1987[4].



4 A ARQUITETURA ECLÉTICA

A arquitetura eclética surge em porto alegre, no final do Império, mas com significativas mudanças no contexto arquitetônico a partir da proclamação da República em 1889, quando as províncias ganharam alguma autonomia na escolha estilística, e aparecem projetos ecléticos a partir de 1898, com característica da arquitetura clássica, no início do século XX surge o eclético neobarroco em edificações públicas, bancos, promovido por Theodor Wiederspahm, quando Porto alegre começa a exibir obras ecléticas com referência ao classicismo, barroco e gótico, incorporando o ferro e o concreto nas construções. A art nouveau é incluída no contexto ecletista por ocorrem estilo historicista e seguem matrizes europeias de elementos decorativos (SCHAFFER, 2011).
Ecletismo classista é revelado na maior profusão dos elementos decorativos do estilo clássico, como ornamentos aplicados, estátuas, frisos, texturas, preferências de planos e volumes em contrate com o rigor geométrico do neoclassicismo. O ecletismo classicista é reconhecível pelo predomínio de elementos clássicos em sua configuração e ornamentação estatuária, com conteúdo político-ideológico e com objetivos de salientar o caráter nas edificações (SCHAEFFER, 2011).
O ecletismo neobarroco em Porto Alegre tem influencia no barro alemão, destacando-se as construções de Theodor Wiedersphan, nas primeiras décadas dos anos de 1900. O ecletismo adota o estilo neobarroco adicionando linhas curvas ao desenho das aberturas, frontões, cúpulas, com a percepção de que a arquitetura barroca tem um uso de formas curvilíneas, de profundidade dos elementos da construção e de decoração (SCHAFFER, 2011).
Ecletismo neogótico, segundo Schaffer (2011), a arquitetura gótica tem uma identidade religiosa cristão, com verticalização da edificação. E comenta que no neogótico estão em destaque nas edificações os arcos e abóbodas ogivais e nervuradas as agulhas, as torres campanárias, os lambrequins e rendilhados, as janelas geminadas por madeiras, as rosáceas e óculos, os trifólios e os vitrais. Diz que os pilares apresentam núcleo central adoçado com colunetas cilíndricas e colunas esbeltas oriundas da abóboda e que no Brasil, a arquitetura neogótica, se concentrou em capelas e igrejas.
Uma das técnicas que é empregada nas fachadas de prédios ecléticos é o “estuque”, utilizado em composição de ornamentos das fachadas. o estuque é o nome dado a argamassa de revestimento, de vedação, de preenchimento de armação, que depois de seca adquire grande dureza e resistência no tempo, podendo ser feita de uma mistura de cal, areia, água e pó de mármore. É utilizado largamente em confecção de ornamentos, frisos, relevos, adereços que ornam os prédios. O estuque garante a durabilidade do ornamento sob a influência do tempo (NOBRE, VALENTIM, 2009).


5 A DESCRIÇÃO DO PRÉDIO

A edificação apresenta o estilo eclético, próprio da arquitetura positivista, no qual se misturam várias tendências artísticas.
Como era comum nas edificações da época, possui fachadas ecléticas com elementos do neoclassicismo. No alto do frontão da fachada principal destaca-se uma figura feminina empunhando archote na mão direita, alegoria que simboliza a imprensa, executada pelo escultor italiano Luiz Sanguin. Para Arheim (1988), a imagem do edifício deve orientar e espera que os edifícios mostrem como podem ser usadas, em um aspecto funcional de saber sua entrada e circulação. Que se configurem numa espécie de linguagem visual, que num olhar se identifique a espécie de prédio que temos em nossa frente. As colocações de Arheim estariam em consonância quando da concepção do prédio, mas encontramos resalvas na sua atualidade quando está ocupado por um Museu.
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A escultura alegórica no alto da construção se destaca, representando a imprensa foi restaurada, em 1995, pelo escultor João Carlos Ferreira, da equipe da Brigada Militar, acompanhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), pois estava danificada há mais de 40 anos, perdendo a mão e a respectiva tocha[5].
O imóvel compõe-se de duas edificações interligadas, formando um conjunto heterogêneo. Em razão da diferença de níveis, existem ligações internas por passagens e escadas. A Edificação 01 situa-se na Rua dos Andradas, esquina com Rua Caldas Júnior. É uma construção eclética com quatro pavimentos, que abriga áreas de exposição, auditório, reservas técnicas divididas por temas e salas administrativas do Museu. A Edificação 02 fica na Rua Caldas Júnior. Prédio modernista com quatro pavimentos, o prédio abriga salas e espaços para exposição de máquinas antigas e o setor de arquivo de periódicos do Museu, tem um acesso pela Rua Caldas Júnior, hoje fechado, sendo o acesso principal feito pela Rua dos Andradas[6].
A fachada para a Rua da Praia é seu acesso principal, tem três entradas em portas retangulares, de madeira, com mais de 3 metros com vidraças em quadrado na parte superior, para acolher maior iluminação. Antecedem as portas três degraus recuados entre os pilares das colunas, estas colunas, em pares, se alinham pelos três andares, atribuindo uma simetria e uma imponência ao prédio. As colunas são elementos clássicos aplicados a construção. As janelas com platibandas emolduramento geométrico remetem a art-deco, e os balaustres bem resalta o clássico. Os círculos frontais a escultura alegórica no alto da construção somam-se ao conjunto contribuindo com o excesso de ornamentos que caracterizam a arquitetura eclética.  Schaffer (2011) comenta que as esculturas, no ecletismo, adquirem um papel individual ao constituírem uma mensagem adicional ao edifício.
O frontão no alto onde se posiciona a estatuária e a profundidade existente nas aberturas com linhas curvas na parte superior caracterizam um estilo neobarroco.
As paredes têm técnica de construção de tijolos com argamassa, com grande largura para a sustentação de sua estrutura. O pé direito é alto acima de 3 metros, que proporciona um conforto térmico. As janelas são feitas de esquadrias de madeiras com vidraças na forma quadrada. As portas principais são igualmente em madeira, com altura acima do padrão de 2,10 metros, com entalhes de acabamentos em madeira. O piso entre andares tem um vão largo, confeccionado em concreto e ferro, estes também são elementos que caracterizam uma arquitetura eclética.

6 O ARQUITETO

O projeto do prédio onde está instalado o MUSECOM foi executado pelo engenheiro da Secretaria de Obras Públicas Theóphilo Borges de Barros, responsável também pelas obras de ampliação da Biblioteca Pública do Estado e pelo projeto da Secretaria da Fazenda este último é uma edificação, imponente pelo perfeito equilíbrio das massas, em estilo neoclássico, possui três pavimentos e altura total de 20 metros, sendo que a agulha da cúpula mede cerca de 45 metros, o projeto, atribuído ao Engenheiro Theophilo Borges de Barros, tem área coberta de, aproximadamente, 2.400m² e compreende dois edifícios, ligados por dois suntuosos pórticos.
Theóphilo Borges de Barros (1882/1953) gaúcho formou-se em 1914 pelo curso de arquitetura da escola de engenharia de Porto Alegre, chegando a ser nomeado Diretor de obras do Estado do Rio Grande do Sul, além das obras citadas têm outras de sua autoria em Porto Alegre e Pelotas.



7 O MUSEU

Instituição da Secretaria de Estado da Cultura, O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa foi criado através de decreto em 10 de setembro de 1974 com a finalidade de guardar, preservar e difundir a memória dos meios de comunicação no Rio Grande do Sul. Tem como sua mantenedora a Secretária de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul. Ocupa os espaços do prédio construído em 1922, com objetivo de abrigar as atividades de u7m jornal, e sua impressão, e não como um ambiente específico de museu e como Gonçalves, Souza e Froner (2008), as maiorias das instituições Museus situam-se em edifícios que originalmente cumpriam outras funções e que se tornaram instrumentos ideológicos de afirmação cultural, abrigando além de sua memória arquitetônica os acervos pertinentes ao museu, porém nem sempre contendo espaços adequados a preservação e exposição dos objetos.
Em relação ao Museu da Comunicação Hipólito Jose da Costa, tem a missão de preservar a memória da comunicação social do Estado do Rio Grande do Sul, salvaguardando mais de 5.000 títulos de jornais que circularam no Estado. Um acervo tridimensional, de objetos relacionados a comunicação e a arte gráfica da imprensa, discos e fitas cinematográficas em mais de 600.000 registros fotográficos[7].


5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

               
A arquitetura eclética na Capital gaúcha teve uma pratica fortalecida nas primeiras décadas dos anos de 1900, especialmente, aplicada na construção de prédios públicos, o prédio do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, soma-se ao vários construídos nesta época, reunindo em sua concepção diversos estilos arquitetônicos, atribuindo uma imagem imponente. Seu destino primário o abrigo do funcionamento de um jornal, com todos os seus pesados equipamentos, e um grande volume de papel, para a impressão deste periódico. Com o encerramento das atividades do jornal o prédio foi tombado por sua significância histórica e do contexto da cidade, vindo a abrigar em 1974 as instalações de um museu.
O prédio não foi propriamente construído para fins de abrigar um museu, mas assume esta posição e a instituição museu que ali se encontra procura se adequar aos seus espaços, ocupando-o para salvaguardar documentos jornalísticos de imagens e tridimensionais, com fins de preservar a memória deste nicho cultural da cidade e do Estado.
Entendemos que é importante a preservação da memória arquitônica da cidade, deste estilo de construção que se notabilizou em sua época, e que embora não sendo construída para abrigar museu, a instituição museu que se apropria do espaço é um elemento forte em na conservação e preservação desta construção e desta memória.




REFERÊNCIA




ARHEIM, Rudolf. Os símbolos através da dinâmica, in: A dinâmica da forma arquitectônica. Lisboa: Presença, i Ed. PA. 169-201, 1988.

NOBRE, André Winter, VALENTIM, Jaison dos Santos. Elementos funcionais  das fachadas ecléticas pelotense 1870-1931. Estuque um olhar sobre o Banco Nacional do Comércio, UFPEL, 2009.

SCHAFFER, Barbara. Porto Alegre, Arquitetura o estilo 1880 a 1930. Dissertação de mestrado UFRGS, Faculdade de Arquitetura, programa de pesquisa e pós-graduação em arquitetura, BR-RS, 2011.

SOUZA, Luiz Antônio Cruz; ROSARO, Alessandra e FRONER, Yacy-Ara (org). Roteiro de avaliação e diagnóstico de conservação preventiva. Tópicos em conservação preventiva 1. Projeto Conservação preventiva: avaliação e diagnóstico de coleções. Programa de cooperação técnica: IPHAN e UFMG. Belo Horizonte: LACICOR − EBA−UFMG, 2008.43p.




[1] Fonte: https://www.google.com.br/#q=museu+da+comunica%C3%A7%C3%A3o
[2] Site Musecom: Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ acesso: em: 14 abr.2015.
[3] Sul21. Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/patrimonio-historico-porto-alegre-ganhara-novo-centro-cultural-em-2012/ Acesso em: 14 abr. 2015
16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[5] Site do Museu. Disponível em: http://www.museudacomunicacao.rs.gov.br/site/museu/historico-do-predio/ Acesso em: 14 abr. 2015.
[6] Site do Iphae. Disponível em: ttp://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item
=16104.  Acesso em: 14 abr. 2015.
[7] Fonte: Museu da Comunicação Jose Hipólito da Costa.

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