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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Informação democratizada

RESENHA
Informação democratizada

Marília Câmara de Oliveira[1]
Rogerio Carlos Petrini de Almeida[2]
O artigo elaborado por Lara e Conti analisa a disseminação do conhecimento segundo as perspectivas da transferência e divulgação da informação para a sociedade. Os autores colocam que a disseminação da informação supõe tornar público a produção de conhecimento. Divulgar informações úteis, nem sempre lhes parece uma tarefa fácil, pois envolve muitos fatores incluindo o usuário e suas delimitações. Debate o assunto na esfera da difusão de informação de um modo geral e a ação governamental, sobre este contexto.
 No que se refere à informação e disseminação os autores colocam que não existe um conceito único para informação que pode ser referido como um processo um conhecimento e “coisa” esta, como documento informativo, como processo: fluxo que conduz a produção ou alteração de conhecimento e como conhecimento, uma referência subjetiva de transformação. Quanto a disseminação há de se atentar para o esquema tradicional de comunicação – emissor, canal, mensagem e receptor, que nem sempre estão conexos. “As ações de disseminação para a transferência devem observar os requisitos que permitam adaptar as informações e suas formas de acesso aos veículos, públicos e contextos”. Os serviços de disseminação de informação são necessários e seu aprimoramento requer investimentos.
Os autores discorrem sobre o usuário cidadão, na constituição de novo modo de ser cidadão embasado no consumo. Deixam um conceito de cidadão restrito a certas classes ou grupo que detinham alguns conhecimentos, e passam para um grupo mais abrangente detentores de necessidades globalizadas, que se interagem junto aos meios massivos de comunicação, que se abastecem de maior oferta de informação. O cidadão passa de “um representante de uma opinião pública a um cidadão interessado em desfrutar uma certa qualidade de vida”. Nestes aspectos, os autores analisam a atividade de disseminação e democratização da informação.
 O cidadão, consumidor e público da disseminação de informação, estão envolvido no processo de globalização e possui  identidade difusa e múltipla com interesses pulverizados, não existindo um usuário de informação pública governamental, mas o de diferentes motivações, origens, nível de instrução e idade. A procura por informações se ramifica na satisfação de necessidade básica, de sobrevivência, da vontade de auto-realização. Diferentes formas são utilizadas: visuais, textuais, gráficas, pesquisas em sistemas computacionais, mas deve-se ter em mente que muitos ficam fora deste espaço por razões socioeconômicas e culturais. 
Os autores se posicionam quanto à disseminação da informação a qual visa à transferência de conhecimento, como a criação de condições de familiaridade com a informação por parte dos usuários. “Criar familiaridade com as informações para que eles sejam um pouco mais eles mesmos os motores de sua formação [...]”. Ações pedagógicas e políticas de disseminação de informações e de inclusão voltadas á educação dos usuários é apontada como um caminho, mas não única forma de trabalho.
 O bibliotecário deve ter claro o seu papel social e possuir uma postura de reflexão e crítica. Postura intelectual, racional e profissional pode lhe garantir ser mediador, em qualquer esfera e instituição de trabalho, da leitura crítica e reflexiva; procurar formar leitores e cidadãos é uma das metas que deve almejar para, como dito antes, cumprir com o seu papel social. Os autores citam Canclini o qual observa que “O direito de ser cidadão, ou seja, de decidir como são produzidos, distribuídos e utilizados esses bens, se restringe novamente às elites” (Canclini, 1999:54); Segundo os autores, as políticas de informação existentes nos países sul-americanos não são fortalecidas e, as existentes estão calcadas em patamares do passado e não há promoção da cidadania. Ainda há o excluído, não só devido suas condições físicas como sociais...
A evolução das novas tecnologias entra em descompasso com a política de informação e sugere a inclusão digital e inclusão social, porém, sem nenhuma disseminação de um quadro estatístico com consistência, ou seja, há uma dissonância, incongruência neste aspecto no cenário brasileiro. Nem todas as pessoas estão preparadas para receber informação ou nem sempre as informações são as devidamente requeridas pelas pessoas. E essas são questões a serem investigadas e complementadas pela estatística. Podemos citar um exemplo recente: o Censo das Bibliotecas Públicas Municipais que fez um levantamento dos mais diversos      aspectos e condições destas bibliotecas brasileiras. O grande problema a ser solucionado, segundo os autores, é a criação de condições para facilitar o fluxo de informações para propiciar conhecimento. Os mecanismos de interação da internet possuem linguagens específicas em construções de sites que, às vezes, são incompreendidos ou impõem dificuldades ao usuário: mas o uso de segmentações tradicionais que ignoram a complexidade de formação de vínculos compromete as ações de disseminação que visam à transferência e à aplicação”, ou seja, não se deve ignorar, ao contrário, ter em mente, que os usuários são múltiplos e com uma vasta gama de interesses e condições sócio-culturais, dentre outras.
 Os autores mostram que o emprego de mídias possuidoras de grandes capacidades de armazenamento de informações é aliado da disseminação da informação; assim como palestras cursos, seminários são meios a serem explorados como uma política de informação que utilize as tecnologias a seu favor. O bibliotecário deve estar atento a esses recursos e deles se apropriar e se utilizar, como ferramentas para divulgar e disseminar a informação de modo a atingir os mais diversos perfis de usuários.
 Por fim os autores fazem um relato da disseminação de informação adotada pela Fundação Seade, que se assemelha aos modelos de agências públicas de estatística, nacionais e internacionais que divulgam seus resultados de pesquisa e estatísticas através da internet e imprensa. Eis um modelo bastante interessante e que tem se mostrado eficiente, útil e exemplar.

O texto nos proporciona uma visão sobre o quanto é importante a disseminação da informação e o caminho árduo que se deve percorrer para que se tenha eficiência na conquista de um modelo eficaz. A divulgação da informação deve ser assistida por informações estatísticas, as quais devem acompanhar as tecnologias existentes e nela se inserir para de fato atender seus usuários. Portanto o bibliotecário deve se apropriar, desenvolver habilidades e constantemente refletir sobre o meio tecnológico, de modo que este seja mais acessível; sem nos esquecer dos dizeres dos autores que “uma política de informação deve utilizar vários meios” e acrescentamos: atingir os mais diversos usuários.


REFERÊNCIA

LARA, Marilda Lopez Ginez de; CONTI , Vivaldo Luiz. Disseminação da informação e usuários. São Paulo Perspectiva, São Paulo, v. 17, n.3-4, dez. 2003, p. 26-34. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392003000300004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 nov. 2010.


[1]              Aluno do Curso de Biblioteconomia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina de Serviço Referência e Informação (BIB03088), ministrada pela Professora Maria Lúcia. Porto Alegre, nov. de 2010. E-mail:marilia2219@hotmail.com

[2]              Aluno do Curso de Biblioteconomia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação da disciplina de Serviço Referência e Informação (BIB03088), ministrada pela Professora Maria Lúcia. Porto Alegre, nov. de 2010. E-mail: rogério_petrini@hotmail.com. Resenha publicada no  Blogue - http://rogeriopetrinialmeida.blogspot.com/.

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